Após a derrota na última jornada, contra o Sporting, o mais importante para o FC Porto era dar uma resposta positiva e voltar às vitórias. Os três pontos ficaram no Dragão mas, apesar da avalanche ofensiva portista, houve muitos jogadores que estiveram abaixo do habitual e a equipa, a espaços, desiludiu em termos coletivos.

É verdade que do outro lado, e não se pode tirar o mérito, o Farense foi muito competente defensivamente e teve na baliza um super Ricardo Velho que parou (quase) tudo o que pôde. Ainda assim, talvez por ter deixado os adeptos mal habituados com um fabuloso arranque de temporada, pedia-se mais aos azuis e brancos.

O jogo explicado: Avalanche ofensiva não desculpa a falta de eficácia

Em teoria este era um jogo ideal para o FC Porto voltar a vencer: em casa, perante um adversário com menos recursos e após uma pausa para seleções que deu tempo para entrosar os reforços. Vítor Bruno lançou Nehuén Pérez e Francisco Moura de início, mas não parece que tenha surtido o efeito desejado.

O central não comprometeu, mas também não se pode dizer que tenha feito melhor do Zé Pedro vinha demonstrando, enquanto Francisco Moura pareceu nervoso (natural na estreia no Dragão) e sem grande acerto para ajudar a equipa no último terço como Galeno vinha fazendo.

Ainda assim, a equipa azul e branca até entrou bem e podia ter festejado por três vez nos primeiros 15 minutos, não fosse o muro algarvio que estava na baliza com a camisola de guarda-redes.

O FC Porto ia dominando as operações e por vezes o centrais estavam quase no último terço tal era a pressão sufocante feita pela equipa. No entanto, algumas boas saídas em contra-ataque do Farense deixaram os dragões em sentido e perceberam que não dava para pressionar assim o jogo todo.

Contra todas as expectativas, o jogo foi empatado para o intervalo e, embora não fosse o resultado mais justo, a boa resposta dada pelos homens de Faro ajudava a perceber o marcador.

Segunda parte elétrica

O segundo tempo começou com uma velocidade tal que foi difícil para acompanhar. Logo aos 48 minutos, Galeno beneficiou de uma grande penalidade após ter sido puxado dentro da área e na conversão não tremeu, agradecendo com golo à ovação que recebeu dos adeptos ao minuto 13 após não se te transferido para a Arábia Saudita.

A malapata estava quebrado e o FC Porto parecia pronto a embalar para uma goleada, correto? Errado. Ainda a euforia estava no ar quando o empate surgiu. Otávio teve um erro de excesso de confiança a abordar um passe longo e Tomané encarou a defesa sem medo, driblando Diogo Costa antes de rematar para o empate, três minutos depois.

A partir daqui começou o período de menor fulgor portista, em que a confiança parece ter diminuído e as pernas já não ajudavam a impor o ritmo pretendido. Atento a isto, Vítor Bruno lançou Samu e André Franco pouco depois da hora de jogo, o que ajudou a equipa a voltar a crescer.

De todos os reforços presentes, Samu foi o que mais se destacou. Ganhou duelos, não parou um segundo e, aos 75 minutos, mostrou faro (passe o trocadilho), para estar no sítio certo, à hora certa, e rematar para o tão desejado  - e justo diga-se - golo da vitória. 

Daí para a frente foi só gerir a partida, pois o Farense também já não tinha muita energia para poder correr atrás do resultado e, apesar da já referida avalanche ofensiva, os dragões conquistaram uns preciosos três pontos que deixaram a descoberto algumas fragilidades que ainda não tinham sido detetadas.

Momento do jogo: Ovação merecida a Galeno

Embora o golo de Samu tenha sido o momento decisivo, não podíamos deixar em claro um momento bonito de comunhão entre adeptos e jogador. Galeno esteve com um pé na Arábia Saudita onde ia encher os bolsos principescamente e viu a transferência falhar por pormenores.

Em vez de "amuar" por ter perdido uma oportunidade de uma vida, baixou a cabeça, continuou a trabalhar e tem sido dos mais determinantes jogadores do FC Porto esta temporada. Curiosamente tem brilhado a defesa esquerdo, uma posição que não é a sua.

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Embora uma chamada á Seleção Nacional possa ser exagerada, pelo menos para já, Ricardo Velho mostrou no Dragão o que já tinha demonstrado na temporada passada. Uns reflexos sobre-humanos, uma capacidade inata para estar no melhor sítio possível e uma coragem de louvar a sair a qualquer bola.

Foi certamente a única razão pela qual os números não foram mais expressivos e, aos 26 anos, Ricardo não é Velho para sonhar com voos maiores.

O pior: Desaparecido em combate

O facto de ter chegado tarde á pré-temporada pode ser uma atenuante para o pobre rendimento de Pepê nestes últimos jogos, ele que já há alguns anos que é dos melhores do FC Porto. Mas ontem decidiu quase sempre mal, seja em termos de passes ou de remates, e foi mesmo o pior dos dragões, pelo menos em comparação ao que já mostrou.

Ainda não encontrou o seu espaço neste dragão mais associativo, mas certamente voltará ao seu melhor nível, que inclusive valeu uma chamada à seleção do Brasil.

O que disseram os treinadores

Vítor Bruno, treinador do FC Porto: "O Otávio estava numa realidade diferente, com todo o respeito, o Famalicão não tem a exigência do FC Porto. É uma questão de maturar comportamentos e de perceber que depois de um erro não podemos resolver a fazer coisas brilhantes".

José Mota, treinador do Farense: "Mas veio logo o golo do FC Porto... até me custa falar, mais uma vez. Veio o golo do FC Porto, uma grande penalidade, hoje não estava a chover mas caída do céu. Vamos continuar a assobiar para o lado".

Veja o resumo do FC Porto-Farense: