Clássico que é clássico tem sempre emoção e intensidade, e o mais recente empate entre FC Porto e Sporting (o quarto consecutivo) não foi exceção. No entanto, o que começou por ser um duelo bem disputado rapidamente deu lugar a quezílias, que por sua vez culminaram em cenas lamentáveis no fim, que mancham um bom jogo de futebol entre as duas melhores equipas da I Liga. O conjunto leonino esteve a vencer por 2-0, mas acabou por permitir que os dragões restabelecessem a igualdade - a jogar contra 10 desde os 49' por expulsão de Coates - e no final o caldo entornou: cabeças perdidas, ofensas, empurrões e chuva de cartões vermelhos. Salvou-se o abraço entre Sérgio Conceição e Rúben Amorim.

Na frente, nada de novo. O resultado, ainda assim, serve mais o FC Porto, que consegue manter os seis pontos de avanço sobre o Sporting.

Veja o resumo

Um clássico como deve ser (no início...)

No lado do FC Porto, a grande dúvida passava pela recuperação de Diogo Costa a tempo do jogo, algo que se confirmou, tal como a titularidade de Pepe. Sérgio Conceição mudou o esquema para 4-4-2, com dois avançados, permitindo o regresso de Taremi para fazer parceria com Evanilson (Pepê foi o sacrificado). Nos leões, Manuel Ugarte foi aposta de Rúben Amorim para o meio-campo, relegando Palhinha para o banco. Nuno Santos rendeu o lesionado Pedro Gonçalves na frente.

O FC Porto entrou fortíssimo e logo nos primeiros segundos já Adán estava a deter dois remates, primeiro de Vitinha, depois de Taremi. Logo a seguir, num livre ensaiado, Pepe (3') apareceu sozinho na área, mas o remate saiu ao lado.

O Sporting não se deixou intimidar pela pressão do adversário e até fez uso disso para chegar à vantagem. Com a equipa portista subida, Esgaio fez um passe longo para Matheus Reis, o brasileiro cruzou no lado contrário para o coração da área, onde estava Paulinho, entre Pepe e Mbemba, com o avançado a cabecear sem grande oposição para o 12.º golo da temporada.

Não havia muito a dizer: o FC Porto atacava mais, o Sporting atacava melhor. Os 'dragões' continuaram a pressionar a saída de bola adversária, enquanto os visitantes colocaram todas as fichas nos contragolpes rápidos. E já depois da meia-hora de jogo, uma belíssima jogada dos leões fez a bola passar por todos os jogadores até acabar na baliza de Diogo Costa: Matheus Reis cruzou ao segundo poste, Pepe não chegou e Sarabia tocou atrasado para Nuno Santos na pequena área, com este a gelar novamente o Dragão.

A resposta do FC Porto, contudo, foi imediata. Aos 38' Fábio Vieira abriu na esquerda em Taremi e voltou a receber do iraniano para atirar de primeira, à entrada da grande área, sem hipóteses de defesa para Adán. O clássico fervilhava por esta altura, com muitos nervos, quezílias e interrupções a marcarem o final da primeira parte. Pouco ou nada se jogou.

No reatamento, o Sporting sofreu um duro revés com o segundo amarelo e consequente expulsão de Coates, logo aos 49 minutos, após derrubar Evanilson. Rúben Amorim lançou Palhinha e os leões fecharam-se, enquanto Sérgio Conceição arriscou tudo no ataque, primeiro com Galeno e mais tarde com Francisco Conceição e Pepê. Aos 59', Zaidu acertou no poste, mas o recuo estratégico do Sporting parecia estar a resultar.

Até ao momento em que o talento de Fábio Vieira voltou a fazer estragos, desta feita a servir Taremi (78'), que ganhou sobre Feddal para cabecear para o 2-2. No Dragão acreditava-se na reviravolta, mas o Sporting segurou o empate e o jogo, uma vez mais, trouxe ao de cima o que de pior há no futebol. Logo após o apito final, os jogadores de ambas as equipas, e alguns elementos que estavam nos respetivos bancos, envolveram-se numa série de escaramuças, só sanadas passados alguns minutos, e que valeram expulsões para os dois lados.

Com este resultado, o FC Porto, mesmo interrompendo uma série de 16 vitórias consecutivas, continua invicto na I Liga e soma agora, no primeiro lugar, 60 pontos, mais seis do que o Sporting, que segue no segundo posto, e mais 13 do que o Benfica, que fecha o pódio, com menos um jogo.

O momento

Expulsão de Coates e confusão no final: O segundo golo do Sporting é um bálsamo, mas não há como negar o peso que a expulsão de Coates teve no desenrolar do clássico. Reduzidos a dez, os leões foram competentíssimos a defender, mas acabaram por sofrer o empate aos 78 minutos. Depois, veio o apito final e o caos instalou-se.

O melhor

Fábio Vieira: Num jogo de nervos, o médio portista teve cabeça fria para responder ao 2-0 do Sporting com um remate certeiro com o pé direito, indefensável para Adán. Na segunda parte, ofereceu o empate a Taremi.

O pior

Confusão no fim: O clássico começou quentinho e acabou a ferver, com cenas vergonhosas entre as duas equipas. Na confusão, o árbitro João Pinheiro mostrou quatro vermelhos, dois para cada lado: Pepe e Marchesín (estava no banco), no lado do FC Porto, Bruno Tabata e Palhinha, no Sporting.

Reações

Conceição sai em defesa de Pinto da Costa mas reconhece: "As cenas no final são lamentáveis, vergonhosas"

Sérgio Conceição comenta confusão e arbitragem do clássico, Fábio Vieira diz que "só uma equipa quis verdadeiramente ganhar"

Amorim e a confusão no final do clássico: "É um mau exemplo, mas a culpa é de toda a gente"

Frederico Varandas: "Este jogo reflete bem 40 anos de Pinto da Costa. Isto é o pior que Portugal tem a nível de desporto"