O Benfica despediu-se da edição 2021/22 da I Liga de futebol com um triunfo diante do Paços de Ferreira na Mata Real, numa época em que o clube da Luz voltou a não conquistar qualquer título, tal como aconteceu na anterior. Apesar de mais um terceiro lugar na I Liga, nem tudo foi mau: Nélson Veríssimo lançou sete jovens da formação na equipa principal e mostrou aos dirigentes Encarnados o caminho a seguir.
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O Jogo: há futuro no Benfica
"Não saio com noção de missão cumprida, pela falta de títulos, mas demos tudo, nós e jogadores." Foi dessa forma que Nélson Veríssimo resumiu a sua passagem pelo banco da equipa principal do Benfica, clube que vai terminar sem qualquer título no futebol sénior pela segunda temporada consecutiva.
Na despedida na Mata Real, Nélson Veríssimo aproveitou para mandar um 'recado' para dentro, ele que é um profundo conhecedor do que se faz no Seixal, a mostrar aos dirigentes da SAD para onde devem olhar na hora de construir o plantel para a próxima época.
Desde que assumiu a equipa principal, Veríssimo lançou sete jogadores que atuavam na equipa B na formação principal dos Encarnados: Paulo Bernardo, Henrique Araújo, Tomás Araújo, Sandro Cruz, Tiago Gouveia, Diego Moreira e Martim Neto.
Claro que tudo irá depender daquilo que Roger Schmidt pedir, mas não restam dúvidas que há muitos valores na formação do Benfica que podem ser potenciados.
Mas olhar para o futuro é também olhar para o atual plantel do Benfica e ver como pode o Seixal ajudar. Nélson Veríssimo mostrou que Sandro Cruz pode ser alternativa a Grimaldo na esquerda, ao dar-lhe a titularidade pelo segundo jogo seguido fora de casa (tinha jogado na 32.ª ronda contra o Marítimo), montou uma dupla de centrais que já atuou na equipa B, formada pelos jovens (ambos 20 anos) Morato (25 jogos na equipa principal) e Tiago Araújo (três jogos na I Liga). Dois jovens que podem ocupar as vagas dos trintões Jan Vertonghen (35 anos) e Nico Otamendi (34 anos).
No meio-campo, há muito que aposta em Paulo Bernardo. (20 anos) Na frente, Henrique Araújo (20 anos) e Tiago Gouveia (20 anos), duas das estrelas da equipa B esta época, podem ser potenciados na próxima época, numa altura em que se fala insistentemente da saída de Darwin Núñez.
No segundo tempo ainda lançou o médio Martim Neto, de 19 anos, e o extremo Diego Moreira, de 17 anos, ambos vencedores da Youth League esta época (tal como Tiago Araújo e Henrique Araújo). Do onze titular, cinco tinham menos de 100 minutos disputados na I Liga (Helton Leite, Henrique Araújo, Tiago Gouveia, Sandro Cruz e Tomás Araújo).
Parece evidente que ninguém espera que Roger Schmidt, próximo treinador do Benfica, aposte nestes jovens todos, e ainda em Gedson Fernandes e Florentino, que irão voltar após empréstimos. Aquilo que Nélson Veríssimo fez foi deixar um alerta à SAD liderada por Rui Costa, que olhe novamente para aquilo que é produzido dentro de casa.
Em campo, os jovens não desiludiram. Henrique Araújo tem caraterísticas semelhantes a Gonçalo Ramos e mostrou isso com dois golos pleno de oportunidade, a abrir (4 minutos) e a fechar (44 minutos) a primeira parte. Tiago Gouveia é um extremo invertido forte no confronto físico, que gosta de jogar da esquerda para a direita, onde pode fazer diagonais para rematar ou assistir (é dele o passe para o primeiro golo de Henrique Araújo).
Morato já tinha dado mostras da sua valia na equipa principal esta época, inclusive com jogos na Champions e Tiago Araújo também deixou bons indicadores.
O Paços, tranquilo na tabela após garantir a manutenção há muito tempo (38 pontos em 34 rondas), pode lamentar-se da falta de eficácia diante de Helton Leite e da pontaria afinada de Henrique Araújo. Gaitán, que confirmou que irá ficar no Paços, mostrou que aquele pé esquerdo ainda faz magia, agora a jogar mais como organizador de jogo.
No final fica o resultado e um balanço de uma época difícil para o Benfica na I Liga: 3.º posto pela segunda época seguida, 23 vitórias, cinco empates, seis derrotas, 78 golos marcados (melhor ataque e maior diferença de golos das últimas três épocas), 30 sofridos (pior defesa das últimas três temporadas).
Comparativamente com a época passada, com Jorge Jesus, o Benfica teve as mesmas vitórias (23) na I Liga mas somou menos dois pontos. Perdeu mais (seis derrotas, contra quatro) e empatou menos (cinco empates, contra sete em 20/21).
De referir ainda que os 74 pontos são a pontuação mais baixa dos últimos 16 anos. A mais baixa foi com Ronald Koeman, na época 2005/06 (67 pontos), de acordo com dados do Playmakerstats.
Momento-chave: Henrique abre e fecha
Eficácia tremenda do Benfica no primeiro tempo. O Paços procurava o empate, tinha acabado de desperdiçar uma grande oportunidade aos 44 minutos e, na sequência do lance, o Benfica faz o 2-0: contra-ataque, bola a mudar da esquerda para a direita e Henrique Araújo oportuno a corresponder da melhor forma a um centro de Gil Dias. 'Machadada' forte nas aspirações dos Castores.
Os Melhores: Henrique, o Goleador. Helton, o Salvador
Dois remates enquadrados, dois golos. Henrique Araújo mostrou eficácia e, acima de tudo, mostrou que o Benfica tem futuro. O jovem madeirense de 20 anos respondeu da melhor forma a aposta de Nélson Veríssimo e é candidato a ficar no plante principal na próxima época.
Helton Leite também brilhou na baliza, em substituição de Vlachodimos. O guardião brasileiro esteve em grande destaque, com quatro defesas importantes a negar golos aos pacenses.
Em 'noite não': Meité é aposta falhada
Parece repetitivo ou embirração mas Meité nunca justificou a aposta. No último jogo voltou a ser titular mas acumulou alguns passes errados e perdas de bola em zona proibitiva, que quase comprometiam a equipa.
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