Pepe anunciou hoje, aos 41 anos de idade, o fim da carreira de futebolista, depois de mais de duas décadas ao mais alto nível, num vídeo publicado nas redes sociais do agora antigo defesa central. Nascido no Brasil, mas internacional português, pendura as ‘chuteiras’ com mais de 30 títulos conquistados em toda a carreira, incluindo um Campeonato da Europa com a seleção nacional, em 2016, e três Liga dos Campeões, todas com o Real Madrid. Além do histórico emblema espanhol, o central defendeu as cores do FC Porto, seu último clube, do Marítimo e também do Besiktas.
Num vídeo publicado nas redes sociais, o central explica, através do narrador do mesmo, a decisão de pendurar as chuteiras, após terminar o contrato com o FC Porto no final de junho.
FOTOS: A carreira de Pepe em imagens
Decisão de terminar a carreira: "Os processos de despedida são sempre dolorosos. Sai com a sensação de que as suas faculdades não estavam esgotadas, ainda não era o momento, mas representar outro emblema que não aquele que lhe encheu a alma não era sequer opção. E Pepe ficará para sempre como uma das referências maiores do FC Porto."
Despedir-se do FC Porto com um troféu: "A minha sensação nesse último jogo, uma competição tão bonita como é a Taça de Portugal, uma competição da essência do que é o futebol português, queria muito ganhá-la. Conversas em privado com o treinador, dizia-lhe que era muito importante ganharmos essa Taça de Portugal. Eu sentia, sabia que ia ser o meu último jogo e título pelo clube e eu acho que foi merecido, porque acabar com um título e ser a Taça de Portugal, prova que representa a essência do povo português, o que é a cultura do futebol português... quando as pessoas se juntam no Jamor, a passar o dia com os familiares, os amigos, um dia de festa, de comemoração… Queria muito poder dar essa alegria aos adeptos portistas, porque queria acabar a minha trajectória no FC Porto com esse título e fiquei muito feliz."
O que retém do FC Porto? "A minha primeira passagem, quando fui ao escritório do FC Porto, nas Antas, e o presidente abre a cortina, levanta os estores e diz assim: ‘Aquela ali vai ser a tua casa, Pepe. Bem-vindo, espero que tu sejas muito feliz no FC Porto. A tua felicidade vai ser a nossa felicidade’. Retenho essas palavras do presidente, os jogos que fiz no Estádio do Dragão. Essa primeira passagem foi muito especial, porque foi um clube que me colocou no olho do que é o futebol da Europa. E tive oportunidade de ir para o Real Madrid. Já na minha segunda passagem pelo FC Porto fui recebido novamente com enorme carinho dos adeptos, das pessoas do clube, por quem tenho imenso carinho, os títulos que ganhei. Tive no meu último percurso no FC Porto um staff técnico que ajudou-me muito a continuar a ter esse gostinho pelo futebol, por acordar e me sentir privilegiado por poder fazer aquilo que eu mais amo. E os títulos que voltei a ganhar pelo clube. Quando decidi voltar, decidi voltar para o meu clube, que é o FC Porto, para poder continuar a dar alegrias aos adeptos."
Decisão de representar Portugal: "Vou recordar o momento em que anunciei que estava disponível para a Seleção portuguesa. No jogo Vitória Setúbal-FC Porto, eu já vinha a falar com a minha família. Se calhar apanhei muita gente de surpresa, mas era o meu sentimento. O meu sentimento era esse, era o de poder chegar a esse momento e vestir a camisola de Portugal, no estádio onde tive os meus primeiros minutos… Quando me estreei pela Seleção portuguesa foi um turbilhão de emoção. Foi o assumir de um compromisso que tenho até ao dia de hoje com a minha Selecção, sempre colocando o interesse da Seleção em primeiro lugar e lutando por aquilo que ia representar aos portugueses, que era ser humilde dentro de campo, respeitar os adversários, trabalhar ao máximo e dar o meu melhor em todos os jogos para poder honrar as cores de Portugal."
Despedida da Seleção no último Euro, em lágrimas ao ombro de Cristiano Ronaldo: "[As lágrimas] foram de impotência, porque eu acreditava muito que íamos ganhar esse Europeu. Sonhava que ia ganhar pelo grupo que tínhamos, pelos jogadores que tínhamos. Eu como mais velho, sentia a paixão que os meus companheiros tinham. O trabalho deles foi incrível. Foram lágrimas de impotência, de não corresponder aos portugueses. A expectativa que criaram em nós… de também saber que era o meu último jogo, que não ia pode ter outra oportunidade de lhes dar alegria. Portanto, pelo que foi o meu objetivo quando me naturalizei, sabia que aquele momento ia terminar, não ia ter outra oportunidade de dar alegrias a eles… ao nosso povo, foi essa a impotência que senti. Tentar descrever em palavras é difícil, mas agradeço a todos os portugueses que acreditaram na nossa equipa. Nós, jogadores, falávamos que tínhamos grande seleção, ambiente, espírito, todas as condições para ganhar esse europeu. Também tive oportunidade de falar depois desse jogo e disse: ‘o futebol é isso’. Quatro dias atrás tínhamos dado uma alegria enorme nos penáltis, quatro dias depois levou-nos esse sonho, a mim principalmente, de poder dar uma alegria ao povo que me deu tanto na minha última competição. As lágrimas foram por essa impotência."
Como define o que é ser português: "Humildade. Gratidão. Genuíno. Ser português é para mim um orgulho imenso. Sei que não nasci em Portugal, mas considero-me português, porque sou muito grato ao que Portugal me deu. De coração. O que tentei retribuir aos portugueses foi fazendo aquilo que melhor sei, jogar futebol, consegui dois títulos pela Seleção portuguesa, que me enchem de orgulho, que me fazem ver que a minha luta é lutar por Portugal, foi uma luta que me deu recompensa."
Pepe, nascido no Brasil, mas internacional português, pendura as ‘chuteiras’ com mais de 30 títulos conquistados em toda a carreira, incluindo um Campeonato da Europa com a seleção nacional, em 2016, e três Liga dos Campeões, todas com o Real Madrid.
Além do Real Madrid o central defendeu as cores do FC Porto, seu último clube, do Marítimo e também do Besiktas. O último jogo da carreira de Pepe foi em 05 de julho, em Hamburgo, na Alemanha, na derrota de Portugal com a França (0-0 no final do prolongamento, 5-3 no desempate por grandes penalidades), nos quartos de final do Euro2024.
O defesa despede-se da seleção portuguesa com 141 jogos e oito golos e como o terceiro jogador mais internacional de sempre pela equipas das ‘quinas’, apenas atrás de Cristiano Ronaldo (212) e João Moutinho (146).
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