Benfica e Sporting asseguraram hoje a colaboração ao nível da segurança no combate à violência no futebol, independentemente do reconhecimento das más relações institucionais entre as duas direções e do clima de tensão que se vive esta temporada.
Presentes na conferência "Contra a Violência no Desporto", organizada pelo Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, na Universidade Lusíada, em Lisboa, Rui Pereira, diretor de Prevenção e Segurança do Benfica, e Vasco Santos, diretor de segurança da Sporting SAD, deixaram ainda um alerta para o impacto que os grupos organizados de adeptos têm no futebol.
"As relações entre Benfica e Sporting estão péssimas, não vale a pena ignorar, mas, em termos do meu homólogo, sempre nos demos bem. Temos esta colaboração, independentemente de as relações poderem vir a deteriorar-se entre clubes. Temos de trabalhar em conjunto. Acima de tudo estão os valores da segurança de qualquer cidadão", afirmou Rui Pereira.
Por sua vez, Vasco Santos garantiu que as preocupações dos responsáveis dos dois rivais - aos quais juntou ainda o FC Porto - são similares e que esse cenário resultou já em propostas conjuntas para outras autoridades.
"No capítulo da segurança, os três grandes clubes têm manifestado posições conjuntas e temos vindo a apresentar junto do Ministério da Administração Interna (MAI), da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto (SEJD) propostas que os três subscrevem no sentido de melhorar a segurança nos estádios. A preocupação é exatamente a mesma", salientou.
Em relação à atuação sobre as claques, o responsável ‘leonino' defendeu a adoção em Portugal das mesmas medidas da UEFA - no que toca à valoração da quantidade de pirotecnia deflagrada em recintos desportivos - e destacou a imputação das multas pelo comportamento dos adeptos aos próprios grupos organizados como uma medida dissuasora da violência.
"As claques têm um papel fundamental no espetáculo, que não é uma missa ou uma ópera. É cada vez mais importante tentarmos todos prevenir e combater alguns fenómenos de violência que ocorrem no público. É necessário trabalhar com as claques para prevenir essas situações", explicou.
Já Rui Pereira fez questão de relembrar o peso que as declarações dos dirigentes desportivos dos clubes podem ter no agravamento do clima de tensão entre adeptos. Uma ideia que já havia sido defendida também pelo ex-futebolista César Peixoto e pelo comissário da PSP, Sérgio Soares, igualmente presentes na palestra.
"A sociedade tem poucos valores éticos e morais e isto depois reflete-se no desporto, muitas vezes sendo potenciado pelos mais altos responsáveis e dirigentes. Temos de ter capacidade de discernimento para perceber o limite das situações. Não é por eu fazer muito barulho que o meu amigo está a fazer algo errado que a polícia vai fazer mais", finalizou.
Até ao final da época haverá ainda a realização de mais um dérbi entre Sporting e Benfica, que está agendado para a 33ª jornada da I Liga de futebol.
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