O primeiro dérbi de Borges, seria a bonança após a tempestade? Um leão amorfo em campo, durante um mês e meio, uma sombra do alinhamento sob o comando de Ruben Amorim. Era tempo de virar a página e esquecer o namoro antigo. A dois dias do dobrar do ano, desta feita, os verdes e brancos estavam atrás do grande rival, numa semana em que tinham mudado de treinador. O Benfica, que no início da época já tinha navegado por mares conturbados rendeu Schmidt e recuperou Lage, e partir daí tem exibido confiança e maior consistência. Os números estavam à vista: 10 vitórias e apenas um empate nos últimos jogos da Liga.
O FC Porto, sentado no sofá, cumprida a missão contra o que tem sido um ‘Boavistinho’, assistia aos acontecimentos de cadeirinha, sabendo de antemão que um empate no dérbi permitia ao emblema da Invicta comer as passas e beber o espumante no primeiro lugar.
A principal curiosidade desde dérbi seria perceber se Rui Borges iria desfazer a linha de três, tão habitual desde a mudança tática trazida pelo atual treinador do Manchester United. Na equipa leonina, Morita recuperou e saltou diretamente para o onze do técnico transmontano. Já Bruno Lage, lançou Amdouni no onze, no lugar de Pavlidis.
Irreconhecível em relação ao que tinha sido no último mês e meio - Foi assim que o Sporting entrou em jogo, descomplexado, a carburar e a criar perigoso logo desde o início. O primeiro lance de perigo foi finalizado curiosamente por um defesa: Diomande recebeu sem marcação e rematou à malha lateral. Seguiram-se Geny, e Trincão a criar perigo.
O Sporting apresentou-se com uma linha de quatro, à imagem do que o técnico tinha implementado em Guimarães. Quaresma à direita, Reis a lateral esquerdo, e St. Juste e Diomande no centro da defesa. Trincão próximo de Gyokeres, no ataque. Um médio, no caso Morita, baixava para construir, ou na primeira fase de construção o campeão nacional opetava pelo passe longo à procura da profundidade de Gyokeres. Quaresma juntava-se também muitas vezes à dupla, na primeira saída de bola.
Os posicionamentos da equipa do Sporting trocavam às voltas ao Benfica, que se viu apanhado de surpresa, e que nunca se encontrou na primeira parte. Trubin foi chamado a intervir, e evitou o golo, depois de uma excelente intervenção, após Quenda ter falhado o que parecia certo.
O único lance de perigo do Benfica durante a primeira parte surgiu na sequência de uma bola parada. Livre de Kokçu e Israel teve que se aplicar para conseguir evitar o golo.
O caudal ofensivo leonino justificava ao golo, que acabou mesmo por surgir por intermédio de Geny Catamo: Gyokeres escapou à marcação de Tomás Araújo, e cruzou rasteiro, a bola passa por Otamendi e Carreras, e ao segundo poste, o moçambicano finalizou para o fundo da baliza.
Ainda antes do final da primeira parte, Gyokeres ainda assustou com um grande pontapé que passou ao lado da baliza. O primeiro tempo explanou a plena superioridade leonina, cabia ao Benfica tentar reagir no segundo tempo.
Não sabemos o que Bruno Lage disse aos jogadores ao intervalo, mas a equipa apareceu transfigurada. O técnico optou por trocar um médio, lançando Barreiro para o lugar de Florentino. A equipa encarnada entrou 'mandona' em jogo, mais pressionante, a roubar a bola ao Sporting e forte na construção, com os donos da casa num bloco médio-baixo, e optar por rápida transições rápidas, tentando assim ferir o adversário e procurando os seus homens da frente.
O que é certo é que o Sporting passou por períodos de sufoco: Bah, criou frisson, num cruzamento remate, ao minuto 57, obrigando Franco Israel a ter que se aplicar. Três minutos depois foi Barreiro a assustar, com um cabeceamento por cima da baliza.
O Benfica tinha mais bola, estava mais acutilante na frente, e o Sporting sofria, no entanto, as águias mostravam-se incapazes de construir lances de verdadeiro perigo. Andouni, com um enorme disparo, colocou Israel em sentido.
Os leões estavam a perder o duelo na zona intermédia, e Rui Borges optou por mexer lançando João Simões e Maxi Araújo, para os lugares de Geovany Quenda e Morita. Nos encarnados, o apagado Akturkoglu saia, assim como Amdouni e Bruno Lage lançava Pavlidis e Beste.
O Benfica estava balanceado, e o Sporting procurava ferir nas transições, mas baixava linhas, tentando conter o pressing encarnado. Nos minutos finais, Harder e Arthur Cabral foram lançados, nas últimas apostas dos dois técnicos.
Numa rápida transição, o Sporting poderia ter 'matado' o jogo, mas Catamo não conseguir deixar de ser egoísta e optou por disparar à baliza quando tinha outras soluções. Minutos depois foi Gyokeres a ser lançado em profundidade e a disparar forte, para uma enorme defesa de Trubin. No último suspiro do conjunto da Luz, Arthur Cabral cabeceou ao lado da baliza. Nada a fazer, é o Sporting que dobra o ano no primeiro lugar em igualdade pontual com o FC Porto.
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