O tempo útil de jogo na I Liga de futebol continua a ser “um problema”, lamentou hoje o treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, retomando as críticas sobre um dos temas mais discutidos desde que chegou ao clube.

“Quando o árbitro começa a permitir desde o início [do duelo] nas reposições de bola do adversário… Eu mando o Diamantino Figueiredo [treinador de guarda-redes do FC Porto] contar e cada pontapé de baliza demora entre 20 e 30 segundos. O opositor tem muitos pontapés porque nós atacamos muito, mas o árbitro não faz nada. Dá um minuto ou dois [de tempo de compensação] ao intervalo. Depois, há a entrada do médico e vemos mais faltas do que o normal, mas não estou a criticar nenhum tipo de estratégia”, considerou.

Sérgio Conceição falava durante a conferência de imprensa de antevisão ao embate em casa com o Casa Pia, no domingo, da 32.ª e antepenúltima jornada da I Liga, tendo sido confrontado sobre a ausência dos ‘dragões’ dos 10 jogos da prova com mais tempo útil.

“Eu já representei clubes de dimensão menor e aquilo que fazia era baixar um bocadinho o bloco e continuar a ser uma equipa agressiva. Dentro disso, nunca disse uma vez na carreira ao meu guarda-redes ou a outros atletas para queimarem tempo”, exemplificou.

A vitória do Sporting em Paços de Ferreira (4-0), na ronda anterior, passou a ser o duelo com maior tempo útil do campeonato (69,92%), seguindo-se outros quatro dos ‘leões’ e mais quatro do líder Benfica na lista da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

“Sempre falei nisso desde que cheguei aqui. Sabemos as características do FC Porto ao longo destes seis anos: uma equipa intensa, agressiva e que mete um ritmo alto no jogo, Muitas vezes, deparamo-nos com equipas que são mais agressivas connosco. Isso eleva o número de faltas”, juntou Conceição, antes de recuperar declarações de David Simão.

O médio do Arouca tinha dito no final do jogo da última jornada que o FC Porto “acabou ironicamente por queimar algum tempo” para segurar a vitória (1-0), além de mencionar como “ponto forte” do opositor uma “constante procura de profundidade e cruzamentos”.

“É mentira. A nossa média de cruzamentos é de 12 por jogo, a do Braga é de 15 e a do Sporting e do Benfica é de 18. Eu queria era ter essa procura da profundidade, tal como tivemos em outros anos. Acho que nos tem faltado agora um pouco esse movimento de rutura e esse arriscar e ousar no último terço”, frisou o técnico, falando numa “equipa de posse”, que “rouba rapidamente” o esférico e tem permitido muito pouco ao adversário”.

Sérgio Conceição tornou-se em Arouca o treinador com mais partidas no comando do FC Porto, ao suplantar as 322 do já falecido José Maria Pedroto, mas “trocava esse recorde pelo campeonato”, numa altura em que os ‘azuis e brancos’ estão na segunda posição e têm de reverter os quatro pontos de atraso para o Benfica nas derradeiras três jornadas.

“[A marca] Diz o que diz. Estou cá há seis anos e os jogos vão-se somando. Fico muito honrado, porque atrás de mim estão treinadores com um prestígio enorme, mas não me traz felicidade nenhuma. Aquilo que me interessa é ganhar amanhã [domingo] e ganhar títulos. Sou muito obcecado por isso, mas não nada de especial nesse recorde”, admitiu.

O FC Porto, segundo colocado, com 76 pontos, quatro abaixo do líder Benfica, recebe o Casa Pia, nono, com 40, no domingo, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, em jogo da 32.ª ronda da I Liga, que terá arbitragem de Manuel Oliveira, da associação do Porto.

Os ‘encarnados’ poderão mesmo garantir matematicamente neste fim de semana o 38.º título de campeão nacional do seu palmarés, que lhe escapa há três épocas, desde que triunfem hoje na visita ao Portimonense e os ‘azuis e brancos’ percam com os ‘gansos’.