A advogada Eduarda Proença de Carvalho, ex-vice-presidente da Mesa Assembleia Geral (MAG) do Sporting, disse hoje que a detenção de Bruno de Carvalho causa danos irreparáveis de ordem financeira e na reputação do clube.
“A partir do momento em que um ex-presidente é detido desta forma (…), o Sporting será sempre prejudicado, a nível dos contratos que foram rescindidos, a nível da sua reputação. É uma sociedade cotada em bolsa, e, portanto, tudo isto que envolve as suas claques (…) faz um dano à imagem do Sporting, que é uma marca, mais do que tudo”, disse à agência Lusa.
Bruno de Carvalho foi detido no domingo pela Guarda Nacional Republicana (GNR), tal como Nuno Mendes, um dos líderes da claque Juventude Leonina, conhecido por Mustafá, no âmbito da investigação às agressões a jogadores na Academia Sporting, em Alcochete. Ambos deverão ser ouvidos na terça-feira no Tribunal do Barreiro.
Sobre a detenção, Eduarda Proença de Carvalho diz que terá de haver “uma razão jurídica e uma razão de processo que a salvaguarde, porque senão não tem qualquer justificação”, mas considera que, mesmo não havendo uma condenação, o clube já sofreu os prejuízos.
“Sabemos que os danos já aconteceram. O Sporting é a prova disso. Independentemente de haver uma condenação ou não, todos sabemos o que foi a Assembleia Geral de destituição, os custos que imputou ao Sporting. O dano será apurado daqui a vários anos, mas o principal, que é o reputacional, e o dano financeiro destes últimos meses já ninguém os pode tirar”, afirmou a jurista.
Ressalvando que Bruno de Carvalho ainda não foi condenado, foi apenas detido, Eduarda Proença de Carvalho sublinha que o desfecho desde processo poderá ter muita influência dos casos que opõem o Sporting a vários jogadores, que rescindiram contrato alegando justa causa e cujos casos serão analisados no Tribunal Arbitral do Desporto.
“Uma coisa é um pedido de indemnização, outra é uma condenação, vamos ver o que o Tribunal Arbitral do Desporto determinará e se existe motivo para a condenação [do Sporting]”, afirmou.
Dos nove jogadores que rescindiram contrato, Daniel Podence, Gelson Martins, Ruben Ribeiro e Rafael Leão não chegaram a acordo com Sporting, que pede indemnizações num valor global de 273 milhões de euros. Se a justa causa for reconhecida, os ‘leões’ terão de pagar 6,8 milhões de euros.
Em 15 de maio deste ano, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, treinadores e ‘staff’.
A GNR deteve 23 pessoas no dia dos acontecimentos e, posteriormente, efetuou mais detenções, estando atualmente em prisão preventiva 38 pessoas, entre as quais o antigo líder da Juventude Leonina Fernando Mendes e o oficial de ligação aos adeptos à data dos acontecimentos, Bruno Jacinto.
Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente, de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
Bruno de Carvalho, que então liderava o clube, foi destituído em Assembleia Geral em junho e impedido de concorrer à presidência do clube, atualmente ocupada por Frederico Varandas, que ganhou as eleições realizada em 08 de setembro.
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