Estádio da Luz, 23 de junho de 2020. O Benfica cai com estrondo em casa frente ao Santa Clara. Nunca a formação açoriana tinha logrado, sequer, empatar em nenhuma das suas anteriores deslocações ao Estádio da Luz. Desta feita, porém, com as bancadas desertas, consegue um extraordinário triunfo por 4-3.
No final da partida, o treinador do conjunto insular, José Henriques, admitia a importância que o facto de o Benfica não ter contado com adeptos na bancada teve para o êxito da sua equipa e para o que outros conjuntos de menor dimensão vinham conseguindo face a equipas de maior dimensão desde o retomar da prova, sem adeptos, em virtude das restrições ditadas pela pandemia da COVID-19. "A ausência do público não dá vantagem a quem tem as massas. Esta tarde, com 60 mil pessoas na bancada, o público teria empurrado o Benfica para a frente. Não estar público nas bancadas é uma desvantagem para o Benfica e uma vantagem para nós. Estamos mais soltos, com menos pressão, e isso ajudou-nos", disse então o treinador dos açorianos.
Palavras que vão de encontro às de outros jogadores, comentadores, ou até treinadores de outros campeonatos. Nuno Espírito Santo, técnico português do Wolveramphton, quando questionado sobre os bons resultados que a sua equipa vinha alcançando fora de portas, desvalorizou a importância do chamado 'fator casa' perante o cenário que atualmente se vive nos estádios. "O futebol mudou. O fator mais importante para a equipa da casa são os adeptos, por isso, agora, desde que consigamos manter a abordagem, é como jogar em campo neutro", disse recentemente.
Mas será mesmo assim? O SAPO Desporto fez as contas e constatou que, em Portugal, o rácio de vitórias em casa e fora não se alterou de forma significativa nas primeiras seis jornadas disputadas 'à porta fechada'. Efetivamente, e ao contrário do que o senso comum poderia fazer crer, a percentagem de vitórias caseiras sofreu até um ligeiro aumento na I Liga portuguesa desde então.
Alargando um pouco mais a pesquisa e verificando o que se está a passar nas quatro principais Ligas europeias - Alemanha (já terminada), Espanha, Itália, e Inglaterra - percebemos que também aí as oscilações não são significativas, com as duas últimas a seguirem mesmo a tendência de ligeiro aumento de percentagem de vitórias caseiras da I Liga portuguesa. Só na Bundesliga houve uma queda percentual notória (na ordem dos 4%) no que toca ao sucesso das equipas da casa.
Vamos, então, a números
Em Portugal, até à paragem da I Liga, à 24ª jornada, tinham sido disputados, ao todo, 216 jogos, dos quais 86 (ou 39,8%) tinham terminado com vitórias da equipa da casa, enquanto 74 (34,2%) tinham resultado em vitórias forasteiras.
Desde o retomar da competição, com a 25ª jornada, a 3 de junho, até à 30ª jornada, altura em que realizámos este estudo, foram disputados mais 54 jogos, que resultaram em 23 vitórias caseiras. Uma média de 42,3 por cento a favor dos anfitriões, tendo o sucesso das equipas visitantes sido de 33,3% (18 vitórias forasteiras nessas 54 partidas).
Em termos globais, juntando todos os jogos disputados até ao momento (270), os números mostram agora uma percentagem total de 40,3% no que toca a vitórias das equipas da casa, o que significa que, desde o retomar da competição, se verificou mesmo um pequeno aumento (na ordem dos 0,5%) na taxa de sucesso dos conjuntos da casa.
Uma tendência visível também na Premier League inglesa, onde até à paragem da competição se tinham verificado 129 triunfos das formações da casa em 288 jogos (44,7%) e 87 vitórias dos visitantes (30,2%). A competição foi retomada a 17 de junho e, desde então, registaram- 22 triunfos caseiros em 42 jogos. Ou seja, mais de metade dos jogos foram ganhos pelas equipas da casa desde que a prova recomeçou. A percentagem global de vitórias caseiras na prova é, agora, de 45,4%.
Em Itália a tendência é idêntica. Os números antes da paragem mostravam 40,2% de vitórias para as equipas da casa na Serie A ao fim de 256 jogos. Agora, com mais 44 jogos disputados desde que o futebol regressou, essa percentagem subiu para os 41,1%, com os anfitriões a levarem a melhor em precisamente metade dos encontros disputados desde o retomar da prova.
Já em Espanha, onde curiosamente a percentagem de vitórias das equipas da casa era – e continua a ser – a mais acentuada entre as Ligas que analisámos, verifica-se, em contraciclo, um decréscimo nos triunfos caseiros, ainda que ligeiro. Até à jornada 27, altura em que a ‘La Liga’ foi interrompida, havia registo de 129 vitórias dos conjuntos da casa em 270 jogos (47,7%). Nas 70 partidas disputadas desde então (até à conclusão deste estudo), apenas 28 (40%) foram vencidas pelos anfitriões, fazendo a média global de vitórias de equipas da casa na prova descer para os 46,1%.
Quanto à Alemanha, onde a Bundesliga já chegou ao fim, aí sim houve registo de uma descida relativamente acentuada no que toca ao sucesso das equipas da cassa. Até à paragem, a taxa de êxito dos anfitriões era de 43,1%. Depois, nas nove jornadas disputadas deste o retomar da prova até ao final da competição, os êxitos das equipas da casa ficaram-se pelos 32,1%, levando a que, no total da competição, a percentagem descesse dos tais 43,1% (antes da paragem) para os 40,02%. Já os triunfos fora de portas subiram de 35,1% para 37,5%. De facto, na Alemanha houve mesmo registo de mais vitórias fora do que em casa depois do regresso da Bundesliga, sem adeptos no estádio.
Um aspeto curioso que salta à vista com esta análise é que, antes da interrupção das competições – ou seja, com adeptos nos estádios - a Liga portuguesa era, entre as cinco em análise, aquela que menor percentagem de êxitos caseiros apresentava, tendo entretanto, depois do retomar do futebol – sem adeptos - ultrapassado ligeiramente a Bundesliga nesse dado estatístico.
Mas, então, que importância tem afinal o fator casa e a presença ou ausência de adeptos no estádio para as equipas anfitriãs? Será que é algo que está sobrevalorizado, perante estes números?
Não, de todo. É pelo menos essa a opinião de um especialista em psicologia do desporto e de dois ex-futebolistas que no passado já tinham tido a experiência de disputar jogos à porta fechada (ainda que em circunstâncias distintas das atuais), com quem estivemos à conversa.
“Perceção de inferioridade transforma-se em perspetiva de oportunidade”, salienta Luís Parente, especialista em Psicologia do Desporto
Luís Parente, técnico superior em psicologia do desporto, que conta no currículo com passagem pelas equipas técnicas de formações de hóquei em patins como a Oliveirense ou de basquetebol como o Galitos, lembra que o contexto desportivo nunca viveu - a não ser pontualmente, por castigos ou questões mais burocráticas – um período onde tivesse de se deparar com a ‘porta fechada’.
“Somos um pouco ‘marinheiros de primeira viagem’ neste contexto”, afirma, sublinhando que não ainda, por ser uma situação nova, estudos científicos sobre como uma equipa ou os jogadores abordam os jogos nesta conjuntura. “O que há são perspetivas científicas e opiniões sobre um tema que tem de ser estudado mais profundamente”, aponta.
Ainda assim, diz ser inquestionável que o nível de energia e de pré-disposição do atleta para o jogo, quer se queira quer não, é influenciado por fatores que se consideram externos, mas são parte integrante do jogo. “E o público é claramente um deles”, sublinha.
"Temos de perceber que os adeptos são, ao mesmo tempo, um estímulo e um fator condicionante que faz parte do jogo, entre outros fatores, como o resultado, a obrigação de ganhar, o momento, o tempo de jogo, o cronómetro…todos eles influenciam os níveis de ativação do atleta", explica Luís Parente.
Para a equipa da casa, os adeptos constituem um estímulo e suporte que acaba por ser um momento de avaliação, com feedback positivo, mas também de cobrança, acrescenta o psicólogo. “Isso faz com que os níveis de ativação se mantenham no pico. Baixando os níveis de ativação, o que certamente acontece sem esse fator exterior que é o público, obviamente os níveis de relaxamento são maiores e os níveis de atenção para com o jogo serão necessariamente menores”, esclarece.
Assim, diz Luís Parente, as equipas de menor expressão sentirão agora outra segurança quando jogam no recinto de um ‘grande’. “Para uma equipa de menor dimensão que vá a um Estádio da Luz, ou a um Dragão, aquele contexto que poderia ser ameaçador e gerar ansiedade e perceção de inferioridade em relação ao ambiente, pode agora transformar-se, sem adeptos, numa perspetiva de oportunidade, levando a equipa sentir-se mais confortável para aplicar o seu plano de jogo e a sua identidade de forma menos condicionada”, afirma.
O psicólogo questiona mesmo, reforçando a importância que a presença de adeptos poderá ter, se o desfecho do Benfica-Tondela (que terminou com um 0-0 no marcador) não teria sido outro se o jogo tivesse sido jogado com adeptos.
“O Benfica teve várias oportunidades e estamos a falar do primeiro jogo ‘pós-covid’, digamos assim. Foi impressionante a diferença nos níveis de intensidade e de ativação. A minha questão – longe de estar validada – é se, com o estádio com 60 ou 65 mil adeptos, o Benfica não teria conseguido acabar por colocar a bola dentro da baliza…”, indaga Luís Parente.
Que ferramentas poderão, então, utilizar os treinadores para contrariar a falta de adeptos e os lapsos de concentração que daí advêm? “Será importante a preparação e a simulação, em treino, do contexto de jogo que vão encontrar, tentando equipará-lo o mais possível. Estamos a falar de treino com a presença de árbitros, com a segunda equipa do treino a apresentar já as cores do adversário, com palestra, entrada no relvado pelo túnel para o estádio vazio, sem ruído... É, pois, importante trabalhar no treino a ausência desse estímulo”, frisa.
Outro mecanismo passará por um trabalho do foro psicológico. “É importante também uma regulação dos tais níveis de ativação, e isso pode ser feito através da visualização mental, com o acompanhamento de um profissional de psicologia do desporto. Passa por, através da criação de imagens mentais, antecipar aquilo que vai decorrer no jogo. O atleta tem o seu plano de jogo e, durante 10/15 minutos, visualiza-o mentalmente mediante o contexto que vai ter na competição. O facto de, digamos, pré-visualizar e antecipar o que o espera, aumenta o nível de controlo e de autoconfiança”, explica Luís Parente.
"Condicionantes como a pressão do resultado, o evoluir do tempo de jogo ou a obrigação de ganhar continuam presentes. A única que desapareceu foi o ruído dos adeptos"
O psicólogo indica, contudo, que à medida que as jornadas vão passando, já se nota alguma habituação a esta nova realidade, embora o nível de rendimento não esteja, ainda, otimizado. “Nas duas primeiras jornadas após o regresso vimos vários erros não forçados, derivados claramente a lapsos de atenção. À medida que as semanas forem avançando, haverá maior adaptabilidade, por haver maior confrontação a nova realidade, logo os jogadores sentir-se-ão mais confortáveis”, aponta.
Um olhar para os resultados das jornadas da I Liga portuguesa disputadas após o regresso da competição corroboram esta análise de Luís Parente. Nas jornadas 25 e 26, as duas primeiras após o retomar da prova, houve apenas três vitórias caseiras em cada. Na jornada 27 e 28 esse número subiu para quatro e, na 29º registaram-se cinco êxitos caseiros. Na 30ª voltaram a ser quatro as vitórias das equipas da casa.
Luís Parente salienta, porém, que há vários outros aspetos que também estão ligados ao ‘fator casa’ que continuam presentes e que poderão explicar que os resultados não tenham, afinal, variado tanto na globalidade entre o antes e o depois da paragem. "Não podemos descurar as outras condicionantes, como a pressão do resultado, o evoluir do tempo de jogo ou a obrigação de ganhar, porque elas continuam presentes. A única que desapareceu foi o ruído dos adeptos", termina.
Nelson Pereira, antigo guarda-redes, recorda um Partizan-Sporting à porta fechada: "É desolador"
Antigo guarda-redes do Sporting e atual coordenador de formação de guarda-redes no clube de Alvalade, Nélson Pereira viveu a experiência de um jogo sem adeptos há quase 20 anos, por motivos completamente diferentes, ao serviço dos ‘leões. Foi em 2002, na segunda mão de uma eliminatória da Taça UEFA frente ao Partizan, em que o clube de Belgrado teve de jogar sem adeptos em virtude de um castigo do organismo máximo do futebol europeu, depois de distúrbios num jogo anterior.
"Joguei esse jogo em Belgrado, contra o Partizan, sem adeptos, e é desolador. É desolador porque falta qualquer coisa. E o que falta é muito importante", começa por dizer o ex-guarda-redes.
O Sporting tinha perdido a partida da primeira mão, ainda no velhinho Estádio de Alvalade, por 3-1, mas o facto de, na segunda mão, não estarem os sempre fervorosos adeptos sérvios no estádio dava algumas esperanças à turma leonina. E, de facto, com Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo, então ainda muito jovens, na equipa, o Sporting até conseguiu igualar a eliminatória, levando depois a decisão para prolongamento, mas acabou eliminado, ao sofrer dois golos nesse tempo extra.
Nélson recordou, ao SAPO Desporto, essa partida e reconhece que, sem os adeptos adversários no recinto de jogo, o Sporting até podia ter feito mais.
“Não houve qualquer preparação especifica, mas durante a semana fomos falando de que o jogo não teria publico, pelo que seria um jogo atípico. O estádio era um estádio muito aberto, que fazia muito eco e tudo o que se dizia ouvia-se, embora sendo entre equipas de países distintos, por isso nem nós percebíamos o que eles diziam, nem eles percebiam o que nós dizíamos”, começou por explicar.
“Não houve qualquer preparação especifica, mas durante a semana fomos falando de que o jogo não teria publico, pelo que seria um jogo atípico. O estádio era um estádio muito aberto, que fazia muito eco e tudo o que se dizia ouvia-se, embora sendo entre equipas de países distintos, por isso nem nós percebíamos o que eles diziam, nem eles percebiam o que nós dizíamos”, começou por explicar.
“Sabíamos que os adeptos do Partizan tinham uma grande influência positiva sobre a equipa, criando um ambiente adverso para quem lá vai jogar, e não ter esse ambiente contra nós, sabíamos que nos podia ser favorável. Tínhamos um grande coletivo de jogadores e sentíamos que, ainda para mais sem os adeptos, poderíamos virar a eliminatória. Foi um jogo curioso, porque na última jogada do tempo regulamentar o Niculae atira ao poste e se tivesse entrado ter-nos-ia dado o apuramento. Depois, eles acabaram por marcar no prolongamento. Reconheço que sem a força dos adeptos da parte deles poderíamos ter tirado ainda mais partido disso”, lamentou.
Nélson é, pois, da opinião que faz muita diferença jogar sem adeptos. “Os adeptos são a essência do futebol e o clima que eles criam nos jogos passam para os jogadores e motivam-nos. Muitos clubes tiram partido dessa situação quando jogam em casa, galvanizam-se e conseguem ter performances superiores. O futebol é paixão, e nesta altura sente-se muito a falta dessa paixão transmitida para dentro do campo”, aponta.
O ex-guarda-redes, que representou o Sporting por nove temporadas e que também passou por equipas de menor dimensão, como o Estrela da Amadora e o Belenenses, salienta igualmente os problemas de concentração que a ausência de público pode causar nos jogadores.
"É muito mais difícil manter o foco e a concentração. Como não há quase ninguém à volta, qualquer movimento é suscetível de fazer desviar o olhar"
“Quanto menos gente há a assistir ao jogo ao vivo, maior é o foco de distração. É necessário um poder de concentração extremo, para não se achar que está num simples treino-conjunto. Neste contexto que os jogadores agora vivem será fundamental ‘desligar a ficha do treino’ e colocar o chip de que é um jogo. E isso é um trabalho que tenho a certeza que as equipas técnicas estarão a ter muito em consideração, porque é uma transição difícil. É muito mais difícil manter o foco e a concentração. Como não há quase ninguém à volta, qualquer movimento é suscetível de fazer desviar o olhar”, explica.
E há outra questão importante que Nélson também realça. “Em termos de estratégia, as indicações que os treinadores dão para o relvado são facilmente audíveis pelos adversários. Tudo isto dá que pensar e obriga a repensar estratégias de intervenção. O eco e a acústica dos estádios vazios potenciam isso mesmo”, lembra.
Nélson só vê um aspeto positivo perante os jogos à porta fechada. O facto de muitos clubes estarem a aproveitar para lançar mais jovens que, desta forma, não se sentirão tão pressionados.
“Os clubes estão a lançar jovens jogadores e este timing acaba por ajudar, pois eles entram com um pouco menos de pressão. Mas isso não invalida que cometam erros na mesma, dado que isso é fruto da sua inexperiência e processo de evolução. Provavelmente, será o único aspeto em que poderá ter algo de positivo, embora a não existência de público seja sempre negativa”, sublinha.
Exprimindo o desejo de que “tudo se resolva rapidamente”, porque “a paixão e o viver do jogo fazem muita falta ao futebol”, Nélson faz questão de lembrar, ainda assim, que a adaptação às adversidades sempre fez parte do futebol.
“O futebol é isto mesmo: é adaptarmo-nos às circunstâncias e agora foi necessária uma adaptação muito grande”, conclui.
Hugo Almeida marcou AQUELE ‘golaço’ contra o Inter num Giuseppe Meazza deserto: "Até deu para ouvir"
Outro antigo jogador que também viveu a experiência de disputar um jogo à porta fechada, muito antes do cenário que agora vivemos, foi Hugo Almeida. E o antigo avançado internacional português ficaria para sempre ligado a uma dessas partidas, com um inesquecível golo num Estádio Giuseppe Meazza vazio, frente ao Inter, em partida da Liga dos Campeões, em 2005.
"Era dos primeiros jogos que estava a fazer pelo Porto, ainda por cima por o Inter, que na altura era uma das melhores equipas do mundo, e não era preciso qualquer outro tipo de motivação, porque os níveis de foco estavam ao mais alto nível. Queria era jogar bem, para me poder mostrar numa montra como a Liga dos Campeões", recordou Hugo Almeida", admitindo que, por isso, "não fez muita diferença ter ou deixar de ter adeptos".
Sobre o golo, que certamente permanecerá para sempre na memória de quem o viu, Hugo Almeida conta que se sentia confiante. "Era das primeiras oportunidades que tinha de jogar pelo FC Porto num jogo daqueles, e logo naquele estádio…estava motivado e senti-me confiante. Percebi que tinha pegado bem na bola...com o estádio vazio, até deu para ouvir a a entrar. Foi um sentimento de alegria muito grande", recorda.
Ao longo da carreira, na Turquia e na Grécia, Hugo Almeida voltou depois a viver a experiência de jogos sem adeptos nos estádios. “É lógico que, tirando esses outros aspetos motivacionais, é complicado jogar sem adeptos nos estádios. Aos jogadores cabe terem os níveis de concentração extremamente elevados, para evitar os deslizes que temos visto. Porque sem adeptos não é fácil manter esses níveis de concentração no máximo e isso faz a diferença”, frisa.
"Um estádio da Luz ou um estádio do FC Porto sem ninguém tiram muito peso"
Os tempos que passou no FC Porto permitem-lhe afirmar que não é fácil para as equipas grandes encararem estes jogos. “É complicado para uma equipa grande não ter ninguém. Entrar num estádio completamente cheio, a gritar e a puxar a equipa para a vitória, ou mesmo em fases criticas do jogo puxar e levar a equipa adversária sentir um bocado de receio…. O Benfica, por exemplo, é exatamente o mesmo, tem os mesmos jogadores, mas em comparação com o que vinha fazendo antes, com adeptos nos estádios, perdeu muitos pontos.”, sublinha.
“Um estádio da Luz vazio, ou um estádio do FC Porto sem ninguém tiram muito peso a quem vai jogar contra”, reconhece Hugo Almeida.
Tratar-se-á, então, de uma vantagem para as equipas de menor dimensão, diz Hugo Almeida. “As equipas mais pequenas começam a crescer e a ficar mais libertas por jogar sem pressão nenhuma dos adeptos adversários e as surpresas acontecerão com maior naturalidade”, conclui o antigo avançado.
*Nota, todos os dados analisados dizem respeito aos resultados verificados até segunda-feira, 6 de julho (data em que ficaram concluídas a 30ª de 34 jornada da I Liga portuguesa, a 34ª de 38 jornadas da Liga espanhola, a 33ª de 38 jornadas da Liga inglesa e a 30ª de 38 jornadas da Liga Italiana; as 34 jornadas da Bundesliga ficaram concluídas a 27 de junho e estão contabilizadas na íntegra).
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