A consistência vai premiar Portimonense ou AVS no play-off de acesso à edição 2024/25 da I Liga de futebol, prevê o treinador Fernando Valente, vendo mais argumentos nos algarvios pelo nível competitivo, associado à forma recente.
“O Portimonense aumentou a sua autoestima no último jogo, pois fez tudo o que tinha de fazer, mas, depois, algo que caiu do céu acabou por mandá-lo para o play-off e salvar o Boavista. Em contrapartida, o desempenho do AVS não foi suficiente para tentar a vitória no seu jogo, acabando por usufruir do resultado do Marítimo. Nesta fase, até por ter uma equipa com mais responsabilidades e de outro patamar, penso que o Portimonense terá vantagem a priori”, reconheceu à agência Lusa o atual técnico dos indonésios do Arema.
O Portimonense, 16.º e antepenúltimo colocado da I Liga, vai receber o AVS, terceiro do escalão ‘secundário’, no sábado, às 19:45, em Portimão, para a primeira mão do play-off, estando o segundo encontro previsto para 02 de junho, à mesma hora, na Vila das Aves.
“Temos duas situações com contextos diferentes. A equipa de I Liga é teoricamente mais forte, mas está um pouco desiludida a nível emocional e mental, pois as expectativas de superar o play-off acabaram por não ser concretizadas. Depois, há uma outra equipa que esteve durante muito tempo em posições de subida e tem ascendente mental. O primeiro jogo vai dar indicações e a sua gestão será muito importante”, avaliou Fernando Valente.
Na 34.ª e última jornada da I Liga, os ‘alvinegros’ venceram na visita ao ‘vizinho’ Farense (3-1) e alcançaram os 32 pontos do Boavista, 15.º colocado, que capitalizou uma grande penalidade convertida por Miguel Reisinho, aos 90+11 minutos, para empatar na receção ao já despromovido Vizela (2-2) e garantir a permanência, face ao melhor saldo de golos.
Já o AVS terminou a II Liga com uma derrota caseira frente ao Tondela (1-0) e somou 64 pontos, fasquia igualada pelo Marítimo, quarto, que empatou em Viseu com o Académico (2-2) e falhou o play-off, já que tinha desvantagem no confronto direto com os nortenhos.
“Há duas vertentes emocionais que é preciso recuperar: uns têm de continuar a apelar à ambição para serem coroados com a promoção e os outros vão tentar, de certa maneira, remediar a época. Há uma alta carga emocional, porque se joga tudo na reta final. Penso que [a definição do vencedor] passará pelo trabalho mental, aliado à equipa que mostrar maior consistência. Os treinadores terão de ter um papel importante nesses fatores para saberem lidar com o equilíbrio emocional, que, muitas vezes, é fundamental”, enquadrou.
A tradição de inferioridade dos primodivisionários nestas disputas com os emblemas da II Liga tem vindo a crescer desde a instituição definitiva do play-off, em 2020/21, e encontra como último exemplo contrastante a derrota do Desportivo das Aves, então orientado por Fernando Valente, perante o Paços de Ferreira (3-1 fora, após um empate 0-0 em casa).
“Começa-se hoje a perceber que muitas das equipas da II Liga têm jogadores de I Liga e parece-me que o AVS é reúne uma equipa com maturidade e experiência. O facto de as equipas da II Liga terem superado o play-off não quer dizer que seja mais fácil para elas, mas não haja dúvida de que, muitas vezes, há equilíbrio entre as duas estruturas”, disse.
O técnico, de 64 anos, recorda a “maior experiência neste contexto” de Jorge Costa, que atualmente orienta o AVS e ajudou o Paços de Ferreira a prosseguir na elite em 2023/14, época iniciada com a inédita participação nas fases preliminares da Liga dos Campeões.
“A mensagem que é relevante e que normalmente transmito aos jogadores é que não faz muito sentido olhar para trás e para o que é bom ou mau, mas acreditar e ver como nos temos de preparar para esta nova oportunidade. Isolamo-nos de tudo o que se passou e vamos buscar energias e um discurso que eleve um pouco a nossa autoestima”, contou.
Comentários