Milhares de adeptos benfiquistas – e até portistas e apoiantes da selecção nacional – comeram, beberam e cantaram ao ar livre no parque de estacionamento do Gillette Stadium, em Foxborough, antes do início da partida, marcado para as 20:00 locais, 01:00 de Lisboa.
O vermelho das camisas de Saviola ou Cardozo misturava-se com o da selecção nacional e o da bandeira portuguesa, em que alguns se embrulhavam para se proteger do frio.
Para a chuva miudinha foram improvisados abrigos de campismo, debaixo dos quais se grelhavam carnes, chouriços ou espetadas, ao som de música popular portuguesa – Quim Barreiros no topo das preferências –, brasileira e até do hino nacional.
“Os benfiquistas não olham para a chuva nem para o mau tempo”, gritava Miguel Braga, admitindo, contudo, que alguns dos seus conterrâneos dos arredores de Cape Cod, a uma hora do local do jogo, preferiram ficar em casa.
O adepto lamentava também o facto de o jogo se realizar a meio da semana, o que inviabiliza a vinda dos que estão mais longe do Massachussetts: “Se fosse num sábado o campo ficava completamente cheio.”
Alguns queixavam-se do desemprego, outros afirmavam-se irredutíveis. “Eu vou ao fim do mundo pelo Benfica, é o meu sangue. Posso mudar de mulher, de vida, de sexo… o Benfica nunca”, exclamava Miguel Braga.
Outro adepto, vindo de Rhode Island, dizia que ninguém do seu grupo de 12 pessoas tinha desistido da vinda, porque o Benfica “é o clube mais rico do mundo”.
Ao lado, dois brasileiros proclamavam a sua paixão pelo clube lisboeta, com jogadores canarinhos como Luisão ou Ramires, que, contudo, não disputam o jogo de hoje, por estarem ao serviço da sua selecção.
Muitos aproveitavam a presença da câmara da Lusa para pedir que o Benfica venha mais vezes aos EUA. Outros dirigiam mensagens específicas ao treinador do Benfica para se lembrar deles se precisar de “mais um para compor o onze”, prometendo pagar com golos.
Os mais novos aproveitavam entretanto o espaço do parque de estacionamento para mostrarem habilidades com a bola.
Até à véspera tinham sido vendidos 12 mil bilhetes para jogo e a 45 minutos a organização não se arriscava com uma previsão para a assistência. Uma hora antes do início da partida, os adeptos começaram a dirigir-se para o gigantesco Gillette Stadium, de 60 mil lugares.
Alguns vieram em autocarros, até escolares, improvisando tendas por baixo das quais se assavam sardinhas e se repartiam os muitos garrafões de vinho tinto disponíveis.
Também a bandeira de Cabo Verde marcava presença, num grupo vindo dos subúrbios de Boston.
Ver Saviola jogar é o grande desejo de Álvaro, de 13 anos, a residir há cinco anos nos EUA. Na sua t-shirt branca, pintada à mão a vermelho, podia ler-se “o Benfica é o melor” – sem o “h”. “Acho que vai ficar dez ou quinze, não sei. Só sei que o Benfica vai ganhar”, resumia.
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