João Vilela vai entrar na 9.ª época no Gil Vicente. O médio formado no Benfica é um dos históricos do plantel às ordens de João de Deus, a par de César Peixoto e Adriano Facchini.
Em entrevista telefónica ao SAPO Desporto, o jogador de 28 anos falou dos objetivos dos gilistas para esta temporada, dos sobressaltos da temporada passada, do sonho da seleção e da política dos "três grandes" no que toca a formação.
SAPO Desporto: Quais são as perspetivas do Gil Vicente para esta época?
João Vilela: As perspetivas são as de sempre: fazer um campeonato tranquilo, garantir a manutenção o mais rapidamente possível, fazer uma época sem sobressaltos. Vamos fazer tudo para ganhar todos os jogos, sabendo que não vamos ganhar todos mas vamos fazer para isso.
S.D.: O Gil Vicente começou bem a I Liga a época passada mas depois caiu na tabela classificativa e só garantiu a permanência na penúltima jornada. O que se passou?
J.V.: Foi um momento complicado em que aconteceram várias coisas, entre derrotas que não estávamos à espera, perdemos um bocado a confiança. Também tivemos jogos complicados mas isso faz parte e muitos jogadores acabaram por aprender com os erros. Se acontecer no futuro, vamos estar mais preparados para este tipo de situações. Mas conseguimos os nossos objetivos, com 31 pontos. Foi pena a fase menos boa em que não conseguimos ganhar mas acredito que este ano não teremos esse sobressalto.
S.D.: O Gil Vicente mantém muitos jogadores da época passada, o treinador é o mesmo. Acaba por ser uma vantagem as manutenções da espinha dorsal e da equipa técnica?
J.V.: Quero acreditar que sim. Os conceitos já estão assimilados, o treinador conhece melhor os jogadores e acredito que possa ser um trunfo para, durante a época, as coisas correrem da melhor forma.
S.D.: Esta será uma época longa, com uma liga que tem mais quatro jornadas. Isso acaba por ser benéfico para equipas como o Gil Vicente que assim ficam com mais jogos para lutarem pelos seus objetivos ou nem por isso?
J.V.: Não passa por ai. Passa sim por haver mais jogos e mais competição e isso é o que os jogadores e treinadores gostam: quantos mais jogos, melhor. Acabamos por fazer imensos treinos e, às vezes, ficamos duas a três semanas sem competição. São oportunidades para mostrar o nosso valor e obter melhores rendimentos. Também permite rodar mais jogadores.
S.D.: O João Vilela está com 28 anos, numa altura em que se fala muito na renovação da Seleção de Portugal, com jogadores que deverão deixar a Seleção das quinas. Acha que tem algo a acrescentar à Seleção? Ainda pode chamar a atenção de Paulo Bento e ser internacional A?
J.V.: Não gosto de futurologia. Gosto de andar com os pés na terra. Como é óbvio, quero fazer uma época excecional como desejo sempre para mim e que corra tudo da melhor maneira. Coisas boas atraem coisas boas. O sonho comanda a vida e a esperança é a última a morrer. Porque não [ser chamado para a Seleção]?
S.D.: Foste campeão júnior no Benfica com jogadores como Manuel Fernandes, entre outros. Como vês a não aposta dos "três grandes" nos jovens valores portugueses, apesar do sucesso das seleções jovens em Mundiais de Sub-20 e Europeus de Sub-19?
J.V.: Infelizmente vejo isso com muita mágoa, tristeza e com alguma revolta pelo meio. Quem anda nisto sabe que não é só pelo talento e pela qualidade, envolve muitas coisas e infelizmente sobra sempre para os miúdos portugueses que não têm chances. Temos vindo a ter resultados positivos [nas seleções jovens], com as equipas bês os jogadores melhoraram o seu nível competitivo mas infelizmente a aposta continua a ser feita em jogadores estrangeiros. É com muita pena que vejo jovens com valor a emigrarem muito cedo porque têm poucas hipóteses nos clubes onde são formados. Infelizmente continua, na minha altura já era assim, antes de mim também. Isso não muda e quem sofre é a Seleção. Temos vindo a notar que o recrutamento [na Seleção] está cada vez mais difícil porque os jogadores, infelizmente, não são aposta nos seus clubes de formação. Essa pergunta tem de ser feita aos presidentes e treinadores dos "três grandes". O que vemos é que não há uma aposta clara nos jovens como existe noutros países.
S.D.: Vem aí mais uma edição da I Liga, com os três crónicos candidatos ao título. O Benfica perdeu muitos titulares, o Sporting mudou de treinador mas manteve a equipa da época passada, o FC Porto investiu forte no plantel, além de ter um treinador novo. Que perspetivas tem para esta Liga 2014/2015 no que ao título diz respeito?
J.V.: Nesta fase é prematura fazer uma análise. Penso que é claro que quem se reforçou melhor até agora é o FC Porto, com jogadores de referência e de créditos firmados. Mas isso não quer dizer nada. O Sporting, penso que irá fazer um campeonato como fez na época passada. Já o Benfica teve muitas mudanças mas ainda não se sabe qual será a espinha dorsal da equipa, se vai sair mais jogadores ou não. Mas vão estar na luta pelo título. Vai ser um campeonato competitivo, em que teremos estas equipas a lutarem pelo título que não estará decidido a meio da prova como já aconteceu no passado.
S.D.: E o Gil Vicente? Consegue ver a sua equipa a lançar uma candidatura a um lutar da UEFA?
J.V.: Gostaria que me perguntasse isso daqui a uns meses. Mas é passo a passo, primeiro garantir a manutenção e depois falar noutros objetivos. Por agora não quero falar em [Liga] Europa e outros objetivos.
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