A Liga de clubes acusou esta sexta-feira o Sindicato dos Jogadores Profissionais (SJPF) de má gestão do Fundo de Garantia Salarial e «discriminação positiva» dos futebolistas do União de Leiria em relação aos restantes com salários em atraso.
Em comunicado enviado à Lusa, a Liga denuncia que o presidente do sindicato, Joaquim Evangelista, está «empenhado em pagar integralmente os salários aos jogadores que anunciam greve e a falta de comparência», quando poderia contemplar «muitos mais jogadores que se encontram numa situação difícil em virtude do não pagamento de salários» com uma «verba equivalente».
A posição da Liga surge no mesmo dia em que os 16 jogadores que restam no plantal da União de Leiria avançaram com uma rescisão coletivas dos contratos, por não lhes ter sido pagos três dos quatro meses salários em atraso, depois de já terem feito um pré-aviso de greve às últimas três jornadas do campeonato.
«O que o presidente do Sindicato exige é que a Liga efetue o pagamento avultado de salários a cerca de 20 jogadores do UD Leiria, discriminando positivamente estes em relação aos demais», refere a nota, questionando: «Onde é que está a justiça e a equidade da situação».
Defende por isso ser necessário «encontrar um critério que trate por igual todos os jogadores que se encontram na mesma situação» e vai convocar uma reunião para tomar decisões e introduzir «novas regras fair-play financeiro aplicáveis aos clubes» para evitar a repetição de salários em atraso no futuro.
Além de lamentar a existência de salários em atraso no futebol português e na União de Leiria, a Liga garante que «distribuiu 25 mil euros a cada um dos 16 clubes da II Liga para fazer face ao pagamento de salários em atraso».
As críticas da LPFP são particularmente duras em relação à forma como o Sindicato terá gerido o Fundo de Garantia Salarial de 200.000 euros criado em 2008 pela Liga e Federação Portuguesa de Futebol – em partes iguais -, que «infelizmente ficou sob a gestão isolada do SJPF».
Informações colhidas «informalmente» pela Liga apontam para que o Sindicato tenha «afetado em exclusivo, ou pelo menos, numa parte muito substancial, as verbas do fundo ao pagamento dos salários que o Estrela da Amadora tinha em dívida» com os seus jogadores.
A Liga diz que SJPF «não terá acionado os direitos de crédito sub-rogados com vista à reconstituição da massa patrimonial, permitindo que os jogadores pudessem reclamar o que já haviam recebido e assim se fazerem pagar duas vezes pelo seu crédito salarial, na totalidade ou em parte».
Joaquim Evangelista é aliás particularmente visado por não ter prestado contas sobre o dito fundo, apesar de ter sido «pedido várias vezes, em vão».
A Liga esclarece ainda que todos os anos entrega ao Sindicato de Jogadores 15 por cento das multas e coimas desportivas para o Fundo de Solidariedade Social, tendo entregado, em três épocas e meia (2008/09 a 2010/11) uma quantia global de 200 mil euros.
A resposta da Liga surge na mesma semana em que Sindicato de jogadores surgiu em apoio da decisão dos jogadores do União de Leiria em não alinhar nos últimos jogos da temporada da Liga, criticando a postura da Liga e do Governo.
Comentários