A 26.ª jornada da I Liga arranca esta terça-feira, com o Gil Vicente a receber o Famalicão no Estádio Cidade de Barcelos. Esta será a segunda ronda desde o reinício da prova, interrompida em inícios de março devido a pandemia de COVID-19.
Para esta ronda está reservada duas grandes novidades: as equipas já poderão fazer cinco substituições, norma excecional aberta pela FIFA e que só esta segunda-feira foi aprovada pela maioria dos clubes em Assembleia-geral da Liga, onde foi possível a aprovação da alteração temporária do Regulamento de Competições da LPFP.
A medida pretende salvaguardar a condição física dos jogadores, tendo em conta o calendário apertado da competição, depois da paragem forçada pela pandemia da COVID-19.
Foi também aprovado o aumento de sete para nove do número de jogadores no banco de suplentes.
Polémica na aprovação da medida... por e-mail
A medida devia ter entrado em vigor na ronda anterior, no retomar da prova mas o Marítimo levantou dúvidas sobre a sua aplicação, já que a mesma teria sempre de ser aprovada em Assembleia-geral. Numa altura em que o Governo não permitia reuniões presenciais com mais de 10 pessoas, a Liga pediu a opinião dos clubes, via email, sobre a adopção das cinco substituições e entendeu as 18 respostas positivas como sendo suficientes para avançar com a medida possibilidade pelo IFAB (Internacional Football Association Board) para este final de época, pelo que a mesma seria ratificada, à posteriori, na Assembleia -geral de 9 de junho, escreveu o jornal 'O Jogo'. Só que o 'sim' dado por email não tinha validade jurídica, já que seria sempre obrigatório uma Assembleia-geral para que a votação fosse legal .
Diz o jornal 'O Jogo', que a solução poderia passar por um declaração clarificadora, ou seja, a assinatura das administrações das 18 sociedades desportivas, antes da AG desta segunda-feira, dia 9 de junho.
A questão podia ser resolvida com a presença virtual dos representantes dos clubes numa reunião mas alguns emblemas estavam reticentes em votar por videoconferência, uma vez que assim o seu voto deixaria de ser secreto, contou o jornal 'O Jogo'. Foi na base dessa ilegalidade que o Marítimo levantou a questão da legalidade, alertando que a prova corria sérios riscos de ser impugnada.
Uma decisão que não agradou a Liga de Clubes. Em comunicado, o organismo referiu que "a infeliz oposição de uma sociedade desportiva, no decurso das reuniões [de 30 de maio]", impediu que "esta medida entrasse em vigor já na primeira jornada da retoma".
Para a LPFP, a posição do Marítimo, "além de desautorizar os departamentos de futebol, abria a porta a impugnações e procedimentos disciplinares que, a todo o custo, o futebol profissional deve evitar".
O organismo que tutela o futebol profissional recordou que o plano de retoma decorreu "num clima de cooperação construtiva, com os contributos dos consultores de saúde pública da Liga Portugal e em articulação com o Grupo de Trabalho da USP [Unidade de Saúde e Performance] da FPF [Federação Portuguesa de Futebol] e com a DGS [Direção-Geral da Saúde]", e foi feito "na exclusiva defesa dos interesses das sociedades desportivas".
Marítimo: "Não sei se foi pensado bem naquilo que é o rico e o pobre"
Carlos Pereira, presidente do Marítimo, justificou a sua posição, e sublinhou a I Liga portuguesa de futebol só deveria reiniciar quando os regulamentos fossem aprovados em Assembleia Geral.
"Se é para discutir a regulamentação ou alteração da regulamentação ou retificação de decisões, talvez mal tomadas, para retificar uma posição já tomada pela direção, penso que, com tanto tempo de atraso, vem fora de tempo. Já estamos com a nossa vida quase normalizada. Fazer a 02 [de junho], fazer a 04 ou fazer a 08, é praticamente a mesma coisa, só que tinha um grande benefício para o futebol português: não se iniciava a prova sem ter os regulamentos aprovados", defendeu, em declarações à RTP-Madeira.
A alteração de três para cinco substituições não é do agrado do líder dos madeirenses.
"Provavelmente, quando aquilo foi pensado pelo IFAB (International Board), foi pensado na Liga dos Campeões, na Liga Europa, na final da Taça de Portugal, mas eu não sei se foi pensado bem naquilo que é o rico e o pobre. No que tem quantidade e qualidade no banco, em contraponto com aquele que tem menor quantidade e menor qualidade", salientou.
Portugal será assim dos países a utilizar as cinco substituições autorizadas pela FIFA, para ajudar os clubes no regresso do futebol depois da paragem devido a COVID-19.
As cinco substituições podem ser feitas em três momentos do jogo, incluindo o intervalo, e define que se as duas equipas fizerem substituições em simultâneo esta vai contar para ambas, ficando só com mais uma possibilidade de alteração. Este número de oportunidades de substituição mantém-se nos jogos com prolongamento, exceto nas competições em que já era permitida mais uma alteração no ‘onze’ durante este desempate.
Nas competições seniores, os jogadores substituídos não podem voltar a entrar em campo, lê-se na síntese desta norma transitória.
No mesmo comunicado, a FIFA ressalva que a aplicação das cinco substituições fica ao critério da organização das competições, federações ou ligas, tal como o recurso ao videoárbitro.
As cinco substituições foram estreadas na Liga Alemã, a primeira das grandes ligas a regressar depois da paragem devido a pandemia da COVID-19.
Esta terça-feira o Famalicão pode igualar provisoriamente o Sporting no quarto lugar da I Liga de futebol, caso vença em Barcelos o ‘tranquilo’ Gil Vicente, no arranque da 26.ª jornada da prova. Na última ronda, no regresso do campeonato após uma paragem de quase três meses devido à pandemia da covid-19, o Famalicão surpreendeu ao vencer por 2-1 o FC Porto, que na altura liderava isolado a competição.
Famalicão pode igualar Sporting
Se vencer em Barcelos, a equipa treinada por João Pedro Sousa, que na última época ainda andava pela II Liga, passa a somar 43 pontos e junta-se no quarto lugar ao Sporting, que só entra em campo na sexta-feira, frente ao Paços de Ferreira, em Alvalade.
Além de pressionar os ‘leões’, um triunfo deixa, provisoriamente, o Famalicão com cinco pontos de vantagem sobre Rio Ave e Vitória de Guimarães, principais rivais na luta pelo acesso às competições europeias.
Apesar de ter regressado com um desaire no Algarve, frente ao Portimonense, o Gil Vicente continua num tranquilo 10.º lugar, com 30 pontos, aparentemente livre do ‘fantasma’ da despromoção (está 11 pontos acima da zona da descida).
O encontro de hoje está agendado para as 21:00 e, como todos os jogos, será disputado sem a presença de público nas bancadas.
Nesta jornada, na luta pelo título, o Benfica, empatado na liderança da prova com o FC Porto, desloca-se ao terreno do Portimonense, na quarta-feira, horas antes de os ‘dragões’ receberem o Marítimo.
Programa da 26.ª jornada:
- Terça-feira, 09 jun:
Gil Vicente - Famalicão, 21:00
- Quarta-feira, 10 jun:
Vitória de Setúbal - Santa Clara, 17:00
Portimonense - Benfica, 19:15
FC Porto - Marítimo, 21:30
- Quinta-feira, 11 jun:
Belenenses SAD - Vitória de Guimarães, 19:00 (Cidade do Futebol)
Tondela - Desportivo das Aves, 21:15
- Sexta-feira, 12 jun:
Moreirense - Rio Ave, 19:00 (Estádio D. Afonso Henriques)
Sporting - Paços de Ferreira, 21:15
- Sábado, 13 jun:
Sporting de Braga - Boavista, 21:00
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