A Polícia de Segurança Pública (PSP) usou armas de fogo durante o Vitória de Guimarães - FC Porto, no domingo, da quarta jornada da Liga, para pôr termo a agressões a alguns dos seus elementos.
Em comunicado hoje divulgado, a PSP explica que, conforme decorre da lei, vai abrir um processo de averiguações para avaliar as circunstâncias e as consequências do recurso a "shotgun" com balas de borracha.
"Cerca de 30 minutos após o início do jogo, dois grupos organizados de adeptos não legalizados e afetos ao Vitória de Guimarães, envolveram-se em confrontos na bancada sul do estádio. Porquanto a rixa entre os adeptos persistia, causando perigo para os envolvidos e terceiros e colocando em causa a segurança do evento desportivo, foram acionados meios policiais para aquele setor para pôr cobro ao tumulto", pode ler-se no comunicado.
Segundo a mesma nota, quando o efetivo policial se aproximou do local dos incidentes, foram "de imediato arremessadas na sua direção grades de ferro, cadeiras, paus de bandeira, moedas, isqueiros e cinzeiros, situação que colocou seriamente em risco a integridade física dos elementos policiais".
"Por forma a fazer cessar as agressões foram efetivados disparos com arma calibre 12 ‘shotgun'. Os disparos foram efetuados com munição policial menos letal - bagos de borracha", detalha.
De acordo com a PSP, com essa intervenção "foi possível garantir a segurança nas bancadas até ao final do jogo de futebol".
Revelou ainda que foram detidos dois cidadãos, um pelo crime de injúrias e ameaças contra elemento policial e outro por agressões entre adeptos, que foram apreendidos 50 bilhetes falsos e identificados os autores da venda ilícita e ainda identificados dois adeptos por incitamento à violência.
Dos incidentes resultaram "ferimentos ligeiros em mais de uma dezena de polícias e um ferido que teve necessidade de intervenção no local pelos bombeiros de serviço ao jogo".
"Conforme decorre da legislação em vigor e de acordo com os procedimentos vigentes na PSP, sempre que é usada arma de fogo, é aberto um processo de averiguações para avaliar as circunstâncias e as consequências do seu uso. Por esse motivo, a situação acima mencionada do uso da "shotgun" está neste momento a ser analisada internamente", informa ainda.
O jogo, que terminou empatado (1-1), foi interrompido por volta dos 33 minutos, paragem que durou quase sete minutos, quando a equipa de arbitragem entendeu não estarem reunidas as condições de segurança para a partida prosseguir depois de alguns adeptos terem invadido o recinto de jogo, em fuga aos incidentes na bancada.
No final do encontro, o presidente vitoriano, Júlio Mendes, criticou a atuação da PSP e exigiu explicações. "O Ministro da Defesa [José Pedro Aguiar-Branco] estava ao meu lado e não entendia o que se estava a passar, o presidente do FC Porto também não. Alguém tem que explicar. Não podem usar o chavão e dizer que são os desordeiros, é Guimarães, não é nada disso. Isto é um exemplo do que as forças de segurança não podem fazer num recinto desportivo. Alguém tem de ser responsabilizado e vamos levar isto até às últimas consequências", frisou então Júlio Mendes.
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