Quinze jogadores dos sub-23 do Desportivo das Aves pediram ajuda ao fundo de garantia salarial do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), indicou hoje à agência Lusa o presidente Joaquim Evangelista.
“Ajudámos jogadores ligados ao plantel sub-23, alguns dos quais com presenças esporádicas na equipa principal, e as transferências estão todas feitas. Quando nos procuraram deparámo-nos com muitas situações dramáticas, incluindo jovens com salários baixos que não recebiam há três meses”, elucidou o líder sindical.
O SJPF recorreu ao fundo criado com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2017 para as competições não profissionais, como a Liga Revelação, que os avenses conquistaram na época passada e na qual seguiam no quinto e penúltimo lugar da fase final, com 32 pontos, a seis do líder Rio Ave, antes da paragem imposta pela pandemia de COVID-19.
“Disponibilizámo-nos ainda para acionar o fundo das competições profissionais para o plantel principal. Os jogadores têm mantido essa possibilidade em aberto, mas continuam a exigir que a SAD do Desportivo das Aves respeite os compromissos e promessas que tem reiteradamente assumido”, observou.
Consciente dos “atrasos pontuais” que motivaram “abordagens individuais” de alguns jogadores do clube nortenho nos primeiros meses da temporada, Joaquim Evangelista explicou que as dívidas só se agudizaram a partir de janeiro.
“Nesta segunda metade os jogadores perderam a confiança nas promessas da administração e relataram-nos condições de trabalho duras no balneário, no campo de treinos e na assistência que é dada normalmente a jogadores profissionais. São situações nada compatíveis com o principal escalão do nosso futebol”, descreveu.
A crise salarial começou a ser noticiada em meados de fevereiro, quando o acionista maioritário e dono da sociedade avense, o chinês Wei Zhao, ainda não tinha conseguido efetuar transferências bancárias a partir daquele país asiático desde o início do ano.
O último classificado da I Liga justificou os atrasos com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela propagação do novo coronavírus, que foi detetado em dezembro em Wuhan, tendo liquidado o mês de dezembro em 14 de fevereiro.
A situação arrastou-se aos meses posteriores e levou o plantel do Desportivo das Aves a suspender os treinos em 12 de março, horas antes de a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ter decretado a interrupção das competições por tempo indefinido.
“Os jogadores decidiram que era tempo de denunciar, também porque muita informação veiculada na imprensa sobre os motivos do incumprimento era falsa ou desvirtuada, o que os deixava ainda mais indignados. É impossível ler mentiras ou desculpas esfarrapadas na imprensa, ter salários em atraso e continuar em silêncio”, apontou.
No dia seguinte, o SJPF reuniu por videoconferência com os atletas seniores e sub-23 e decidiu ativar o fundo de garantia salarial, numa reivindicação coletiva que não registava avanços por parte da SAD de Wei Zhao até à véspera do prazo imposto pela LPFP.
“Na generalidade dos casos foi pago o salário vencido em 05 ou 20 de janeiro, dependendo do que estabelecem os contratos, pelo que continua em dívida a maioria dos ordenados de fevereiro e março. Contudo, nem todos os casos são idênticos e, além dos salários, existem outros créditos laborais por liquidar, como prémios”, frisou.
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