O presidente do Benfica admitiu hoje que o episódio do áudio de Bruno Lage não beneficiou o clube e criou “embaraço”, mas defendeu que não existe atrito entre os futebolistas e o treinador ‘encarnado’.
“Foi uma semana difícil”, começou por dizer Rui Costa na zona mista do Estádio Allianz, em Turim, após a vitória por 2-0 do Benfica frente à Juventus, aludindo ao áudio “que causou todo este embaraço no meio da semana”.
Após a derrota do Benfica na visita ao Casa Pia (3-1), no sábado, em jogo da 19.ª jornada da I Liga, começou a circular um áudio, nas redes sociais, nos quais Bruno Lage critica os jogadores.
Nessa conversa com adeptos, posteriormente tornada pública, ouve-se o treinador ‘encarnado’ dizer que a equipa não é capaz de dar três toques seguidos na bola e que os futebolistas não saltam nas bolas paradas, mencionando ainda jogadores que custaram ao clube 20 milhões de euros ou mais.
No domingo, Lage deu uma conferência de imprensa na qual defendeu que o áudio foi tirado do contexto: “Há [a circular] uma frase solta de um minuto e meio [retirada] de uma conversa de 30 [minutos com adeptos]”.
“Criou alarido, criou. Melhor evitar estes alaridos”, reconheceu o presidente benfiquista, notando ter confiado sempre que o episódio “não teria implicações naquilo que é o relacionamento do treinador com a equipa”.
Lembrando que as conversas com adeptos são habituais, e no caso decorreram no estacionamento do Estádio da Luz, que é aberto ao público, Rui Costa disse ter abordado o assunto com Lage, com os jogadores e com “toda a gente” com quem tinha de falar.
“Se há coisa que garanto é que não há atrito entre treinador e jogadores. […] A união que a equipa teve em campo é uma prova cabal [disso]”, argumentou, após o Benfica ter assegurado a qualificação, como cabeça de série, para o play-off de acesso aos ‘oitavos’ da Liga dos Campeões.
Perante a insistência dos jornalistas, o presidente ‘encarnado’ reiterou que o episódio foi negativo para o clube.
“Acham que se houvesse esse atrito a equipa dava esta resposta em campo? Não, não dava. Se beneficiou o Benfica, o ambiente? Não, já disse que não. Temos de saber ultrapassar também um episódio menos bom”, sustentou.
Costa considerou que o áudio “saiu cá para fora […] muito truncado” e lembrou que a sua direção sabe o que está a fazer.
“Eu sei o grau de exigência que é trabalhar neste clube, parece-me muito estranho que quando o Benfica tem um episódio menos positivo que tenha se demitir o treinador”, pontuou.
O dirigente lembrou que as ‘águias’ entraram nesta temporada para disputar cinco competições, sendo que uma delas, o Mundial de Clubes, ainda não começou.
“[O Benfica] ganhou a que podia ganhar [Taça da Liga], está nos quartos de final da Taça de Portugal e a seis pontos da liderança. É um campeonato irregular. Ainda não perdeu nada do que pode disputar e ganhou o que podia ganhar”, vincou.
Embora reconheça que o clube “devia estar numa posição diferente” na I Liga, na qual é segundo, a seis pontos do Sporting, Rui Costa afirmou não se lembrar de um campeonato tão “irregular”.
“Não serve de desculpa, e sou o primeiro a dizer que não está tudo bem, porque o grau de exigência é muito”, acrescentou.
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