Rui Gomes da Silva, candidato à presidência do Benfica, considera que existe falta de ambição dos encarnados para o projeto europeu. Em entrevista à Sport TV, o candidato e ex-vice-presidente dos encarnados, considera que permanece a ideia de que é impossível.
"Da experiência que tenho, dos sete anos e três meses que tive como vice-presidente do Benfica, ninguém o quer lá dentro. Acham que isso é um objetivo impossível, então privilegiam outros objetivos como a venda de jogadores, a exportação de talentos do Seixal...", disse.
O candidato refere ainda que é impossível ser-se campeão europeu só com a formação, como defendeu Luís Filipe Vieira em determinada altura e explica parte da sua ideia, que passa por segurar os melhores jogadores com maiores vencimentos e reduzindo o plantel.
"Consegue-se reduzindo todo o plantel que neste momento o Benfica tem. O Benfica não pode ter 109 jogadores, não há ninguém com um projeto desportivo sério com 109 jogadores para três equipas embora eu ache que o Benfica só deverá ter duas equipas. A equipa B e a Sub-23 são coincidentes", afirmou, explicando ainda que o fim da equipa de Sub-23 seria levado à consideração dos sócios do Benfica.
Sobre Jorge Jesus, Rui Gomes da Silva voltou a frisar que o técnico não seria a sua escolha, mas que 'JJ' já tem uma projeção que tem peso no banco do Benfica.
"O meu treinador seria alguém que tivesse visibilidade nas ligas europeias e na Liga dos Campeões. A partir do momento em que esta direção escolheu Jorge Jesus eu, sendo Presidente do Benfica, tenho de aceitar quem lá está. O Benfica neste momento não tem condições financeiras neste momento para despedimentos, para entrar em loucuras. Aquilo que eu vou construir é um projeto europeu na base daquilo que tenho. Jorge Jesus hoje que já ganhou uma Libertadores, que já foi a uma final do Mundial de clubes, tem uma projeção que o faz estar no banco do Benfica já como alguém que tem peso específico. O que eu não quero é alguém que esteja só por causa do nome do Benfica", explica.
Gomes da Silva atirou ainda críticas à gestão do último mercado por parte do Benfica e deixa o alerta de que não se avizinham tempos fáceis.
"A vida não vai ser fácil nos próximos tempos, o Benfica vai ter graves dificuldades, em função de interesses do presidente. O Benfica no ano em que precisava de conquistar o título nacional para ser penta gastou 9,5 [milhões], o Benfica num ano em que o Presidente do Benfica precisava de não perder as eleições para continuar a vida que tem, o Benfica gastou 90 milhões", afirmou.
Questionado sobre o momento que o fez abandonar a direção de Luís Filipe Vieira, Rui Gomes da Silva afirma que existiram dois momentos fulcrais para a sua saída.
"A minha divergência com LFV não teve a ver com o ultimo momento. Quando todos os anos via nos objetivos da SAD, que o objetivo desportivo era chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões discordava totalmente, poderia ser bom para quem tem prémios a receber, mas não é digno que uma equipa como o Benfica tenha como objetivo chegar aos quartos de final da liga dos campeões e que isso seja o máximo. E por isso é que o Benfica nunca passou daí. Todos os anos disse que considerava isso insultuoso. (...) Em 2016, fui surpreendido com um anuncio que não tinha sido discutido e com o qual discordei completamente que é o Benfica deixava de ter em Jorge Mendes um empresário e passava a ter um parceiro estratégico. Achei que isso foi a gota de água, que fez transbordar o copo", explicou.
"Comigo não haverá um parceiro estratégico que ganha comissões com negócios que o Benfica não quer fazer. O Benfica não queria vender João Félix e o parceiro vendeu e recebeu uma comissão. O Benfica não queria vender Oblak, vendeu pela cláusula e pagou a comissão. Trabalharei com todos", acrescentou.
O ato eleitoral do Benfica está marcado para o próximo dia 28 de outubro. Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, Bruno Costa Carvalho e Rui Gomes da Silva são candidatos à eleição.
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