Rui Vitória vai iniciar a sua quarta época ao serviço do Vitória de Guimarães. O treinador de 44 anos começou a sua carreira na sua terra natal, no Vila-franquense, onde esteve duas temporadas. Mudou-se depois para o futebol de formação do Benfica para assumir a direção dos juniores A do clube da Luz, onde trabalhou durante duas épocas.
A chegada a primeira Liga deu-se na Mata Real, onde na temporada 2010/2011 foi o escolhido para dirigir os destinos do Paços de Ferreira, após quatro épocas muito boas no Fátima. Chegaria a cidade-berço no início da temporada 2011/2012 para ocupar o lugar deixado vago por Manuel Machado.
Desde que chegou a Guimarães que o treinador não tem feito outra coisa que não construir equipas, ano após ano. A realidade do clube minhoto a isso obriga e a falta de verbas para investir no plantel tem obrigado a direção e Rui Vitória a apostarem em jovens valores da casa e outros jogadores desconhecidos que depois são valorizados no D. Afonso Henriques.
Na primeira época conseguiu colocar o Guimarães na Liga Europa graças a final da Taça de Portugal, perdida para o FC Porto. Os minhotos saíram vergados do play-off com um agregado de 6-0 frente ao Atlético Madrid que viria a ganhar a competição.
O ano de glória de Rui Vitória chegaria na época 2012/2013, com a conquista do primeiro título. Na final da Taça de Portugal no Jamor, os vimaranenses deram a estocada final numa época negra para o Benfica, que perdeu a Liga para o FC Porto no Dragão e a final da Liga Europa para o Chelsea, com golos nos descontos em ambos os jogos. Soudani e Ricardo Pereira fizeram os golos que ajudaram a fazer a festa numa cidade que vive o futebol como poucos em Portugal.
A vitória na Taça de Portugal colocou o clube na fase de grupos da Liga Europa da época 2013/2014 onde o Vitória de Guimarães deu luta a colossos como o Bétis e o Lyon. Mas a falta de experiência acabou por ser fatal e o clube ficou-se pelo terceiro lugar do seu grupo.
Rui Vitória mostrava mais uma vez o seu talento para fazer muito com pouco, mas as constantes saídas de elementos importantes do plantel não permitiram que o treinador pudesse levar os minhotos aos lugares europeus, quedando-se por um 10.º lugar na 1.ª Liga.
Mas nem por isso o trabalho deixou de ser reconhecido e a prova foi dada pela direção dos minhotos que renovaram-lhe o contrato de trabalho até 2016/2017. A confiança de Júlio Mendes em Rui Vitória permitiu-lhe dar mais poderes ao treinador na área do futebol, passando a "pensar" as equipas A e B juntamente como diretor desportivo, Flávio Meireles. É uma aposta para o futuro, num contrato pioneiro em Portugal. Rui Vitória é, a par de Jorge Jesus no Benfica, o treinador que está há mais tempo numa equipa da I Liga, uma espécie de Ferguson do Minho.
O técnico nascido em Vila Franca de Xira passou a ser mais que um treinador de futebol na estrutura do clube. Sem pressas para dar o salto para um grande, o treinador vai preferindo o desafio de, a cada época, ter de reconstruir um plantel com poucos recursos e tentar chegar às competições europeias.
Esta temporada não foge a regra e Rui Vitória, juntamente com a direção, terá de arranjar praticamente uma defesa nova, jogadores para a frente de ataque e um médio para ocupar o lugar de André Santos. O treinador e a direção têm de encontrar soluções até 31 de agosto, data de fecho do mercado. Ou então voltar a recorrer a equipa B, onde estão vários jovens valores.
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