O treinador Rúben Amorim é o “responsável-mor” pelo 19.º título de campeão nacional de futebol conquistado hoje pelo Sporting, vincou Augusto Inácio, que orientou os ‘leões’ rumo ao antepenúltimo cetro, celebrado em 1999/00.
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“Acho que é a grande figura do futebol do Sporting. Conseguiu fazer este ‘milagre’ de o clube ter sido campeão ao fim de 19 anos, quando, no início, não se esperava tanto da equipa em termos classificativos. Depois, os jogadores, que souberam interpretar bem as suas ideias”, apontou à agência Lusa o ex-jogador, treinador e dirigente dos lisboetas.
A vitória na receção ao Boavista, por 1-0, em jogo da 32.ª e antepenúltima jornada, confirmou hoje a reconquista ‘verde e branca’ da I Liga 19 anos depois, deixando Augusto Inácio sem o duradouro estatuto de último técnico português campeão nacional pelo Sporting.
“Compreendo aquilo que o Rúben como treinador teve de dizer, porque também passei por isso e sei a forma como, de fora para dentro, querem que as coisas sejam diferentes. Agora, quem está lá dentro sabe perfeitamente bem, e bastou o Sporting ter três empates para as pessoas começarem logo a pensar se íamos mesmo ser campeões”, enquadrou.
Líderes isolados desde a sexta ronda, os ‘leões’ reconquistaram o maior troféu do futebol nacional ao fim de 25 vitórias, sete empates e zero derrotas, com 82 pontos, oito sobre o FC Porto, segundo colocado e anterior detentor do cetro, e 12 ao Benfica, terceiro.
“Desde que o Sporting empatou no Dragão [0-0, à 21.ª jornada] e continuou com 10 pontos de avanço, para mim era campeão, embora isso fosse o Augusto Inácio adepto a falar. A equipa é jovem, mas tem muita gente batida e com experiência. O tipo de comportamento e a união que tiveram neste trajeto foi uma coisa fantástica”, enalteceu.
O ex-defesa, que representou o clube ‘verde e branco’ entre 1972 e 1984, conquistando dois campeonatos (1979/80 e 1981/82) e duas Taças de Portugal (1977/78 e 1981/82), considera que o título “deu razão” ao discurso contido quanto à candidatura ao cetro de campeão.
“O Rúben Amorim continuou sempre, e bem, a retirar a pressão dos jogadores e a ir de jogo em jogo. É evidente que, ganhando em Braga [1-0, à 29.ª jornada], automaticamente pensou-se que, mais do que nunca, o Sporting seria campeão. Mesmo assim, preferiu jogar com os pontos e a matemática. O que é certo é que o discurso correu bem”, notou.
Augusto Inácio, de 66 anos, lembra que a “única expectativa” depositada no início de 2020/21 passava pela qualificação direta para a fase de grupos da Liga dos Campeões, além de uma campanha mais longínqua na Liga Europa, terminada na fase preliminar.
“Tudo tem sempre a ver sobre como as coisas começam. Às vezes, não começam bem, vão-se endireitando e acabam por correr bem, como foi o meu caso em 1999/00. Neste caso, o Sporting começou praticamente desde os caboucos”, frisou o técnico, que culminou a segunda maior ‘seca’ de campeonatos dos lisboetas, de 1982/83 a 1998/99.
A “saída precoce” europeia imposta pelos austríacos do LASK Linz (4-1) deu “espaço e tempo” à estrutura para “promover os treinos como bem entendeu”, acompanhado pelo “necessário de descanso”, ao contrário do “desgaste enormíssimo” sentido pelos rivais.
“Apesar disso, não se pode tirar mérito à forma como o Sporting arrecadou os pontos. À medida que o tempo foi passando, as coisas foram andando. O Benfica foi perdendo pontos, o FC Porto também e o Sporting foi sempre ultrapassando as dúvidas de que iria haver um momento em que iria perder. Faltam dois jogos e ainda não perdeu”, analisou.
A época decorreu com bancadas vazias nos estádios, devido à pandemia de covid-19, mas Inácio admite que os adeptos “fazem sempre falta”, pois “são a alma de um clube e têm direito ao elogio e à crítica face àquilo que veem e que se vai passando”.
“Eu já estou a imaginar o filme que querem promover na próxima época: os adeptos vão voltar aos estádios e, se alguma coisa não corre bem, vão dizer que a culpa é dos adeptos, quando, antes da pandemia, os clubes diziam que era precisa a ajuda do 12.º jogador. Não faz sentido dizer que os adeptos do Sporting não fizeram falta”, observou.
Confesso adepto sportinguista, o ex-treinador dos ‘leões’ até metade da temporada 2000/01 gostaria de comemorar o título com os adeptos no Estádio José Alvalade, ainda que “o momento obrigue a algum recato” e peça festejos particulares junto da família.
“A pandemia ainda está aí para durar e não podemos agora abrir mão de uma coisa que está controlada, mas que, de um momento para o outro, se pode descontrolar. Acredito que haja muito sportinguista espalhado por esse mundo fora a sair à rua. Ficarei a vê-los pela televisão. Espero que corra tudo bem e não haja problemas para ninguém”, apelou.
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