O Diário de Notícias avançou na noite desta segunda-feira na edição online que a investigação ao ataque à Academia do Sporting em Alcochete, ocorrido a 15 de maio, pode continuar por mais seis meses.
Segundo a mesma fonte, o Ministério Público requereu junto do Tribunal do Barreiro o estatuto de especial complexidade do processo que já conta com 40 arguidos. Na prática, isto significa que os 23 primeiros detidos neste caso, todos elementos da claque Juventude Leonina, vão continuar detidos.
O prazo para deduzir a acusação aos primeiros 23 detidos termina esta quarta-feira. O requerimento do MP para prolongar por mais seis meses este prazo só terá dado entrada na quinta-feira passada, tendo os advogados dez dias para se pronunciar. Período que já ultrapassa a data limite para a acusação. O Ministério Público pretendia assim ganhar tempo para a investigação que está agora a cargo da GNR, sob a supervisão do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
A mesma fonte explica que os primeiros 23 detidos - que estão no Estabelecimento Prisional do Montijo - receberam no final da semana passada as notificações de que o Ministério Público tinha pedido a extensão do prazo e que isso lhe tinha sido concedido pelo juiz do Tribunal do Barreiro.
O Diário de Notícias adianta que a justificação para o requerimento do Ministério Público está relacionada com a especial complexidade do processo que envolve, para já, 40 pessoas detidas. Para além disso, as autoridades vão ter de analisar muitas escutas telefónicas, mensagens que estavam em telemóveis e outros dados recolhidos pela investigação, aos quais se juntam as apreensões feitas este domingo na casa de Bruno de Carvalho (telemóvel, computador pessoal e o tablet da filha) e de 'Mustafá' e na sede da Juventude Leonina (20 gramas de cocaína, haxixe e até os bilhetes para assistir ao jogo com o Desportivo de Chaves).
Bruno de Carvalho indiciado de 56 crimes
Bruno de Carvalho está indiciado de 56 crimes. O ex-presidente do clube leonino, cuja casa foi revistada por elementos das autoridades da tarde de domingo, responde por dois crimes de dano com violência, 20 crimes de sequestro, um crime de terrorismo, 12 crimes de ofensa à integridade física qualificada, um crime de detenção de arma proibida e 20 crimes de ameaça agravada.
Bruno de Carvalho e Mustafá foram detidos no domingo, no âmbito da investigação da invasão à Academia do clube, em Alcochete, com base em mandados de detenção emitidos pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
O ex-presidente do clube lisboeta, que está detido nas instalações da GNR de Alcochete, e Mustafá deverão ser ouvidos esta terça-feira no Tribunal do Barreiro, onde decorre o processo, podendo ficar sujeitos a medidas de coação, tal como aconteceu com 38 arguidos, que estão em prisão preventiva.
Em 15 de maio deste ano, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, treinadores e ‘staff’.
No dia dos acontecimentos, a GNR deteve 23 pessoas, tendo posteriormente efetuado mais detenções, estando atualmente em prisão preventiva 38 pessoas, entre as quais o antigo líder da Juventude Leonina Fernando Mendes.
No seguimento do ataque, nove jogadores do Sporting rescindiram unilateralmente os contratos, e quatro deles, Daniel Podence, Gelson Martins, Ruben Ribeiro e Rafael Leão, mantêm-se em litígio com o clube.
Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente, de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o clube, foi, entretanto, destituído em Assembleia-Geral e impedido de concorrer à presidência do clube, atualmente ocupada por Frederico Varandas.
Notícia atualizada às 00h35 de 13 de novembro
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