E está de regresso. A Liga arranca já na sexta-feira, com o campeão Sporting a medir forças com o Rio Ave. Como é habitual há três candidatos ao ceptro maior do futebol português, três clubes que encaram 24/25 com diferentes abordagens e contextos. Por um lado um campeão Sporting que perdeu algumas peças chave, contratou novas caras e que pretende um upgrade no estilo de jogo.
Ainda assim, não começou da melhor forma a temporada, com a derrota na Supertaça frente ao FC Porto. Uma equipa azul e branca quase em ano zero, face à mudança na direção e equipa técnica, sabendo-se também das limitações na tesouraria, ainda assim, deu bons indicativos, depois da reviravolta época frente aos leões.
Já o Benfica continua a ter Roger Schmidt no comando técnico, mantém-se ativo no mercado, face ao regresso de Renato Sanches, e às contratações de Beste, Leandro Barreiro e do avançado Pavlidis. As águias perderam duas peças importantes no plantel, casos de João Neves e Rafa. Tolerância zero, depois das águias não terem conseguido renovar no ano passado o título de campeão nacional.
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Para analisar este arranque da Liga, falamos com Tonel, antigo central do Sporting e comentador desportivo.
O Sporting perdeu Coates, Paulinho e Neto, referências no balneário e tem um plantel muito jovem. Até que ponto isso poderá pesar em momentos decisivos, como a que se viu na Supertaça onde esteve a ganhar 3-0 e ainda perdeu o jogo?
"Essas saídas podem ser importantes, mas no futebol isso vale o que vale. Conta é quem está e isso é o mais importante. Saíram alguns líderes, como o Coates, Paulinho e Neto, líderes de balneário, jogadores maduros e experientes. Mas vão ter aparecer outros, porque uma equipa precisa de outros líderes, dessa maturidade que faltou ao Sporting no jogo da Supertaça. É um processo normal no futebol, e as coisas vão mudando."
Ainda sobre a questão da liderança e a análise do antigo central à exibição do Debast, que apareceu algo titubeante no primeiro 'teste à séria', e com dificuldades no jogo aéreo.
"No meu entender, não deve haver um líder, mas sim vários jogadores importantes no balneário, porque fazer com que a responsabilidade caia apenas num jogador não funciona. Um jogador sozinho não consegue influenciar todos os outros, têm que haver mais jogadores com maturidade e com responsabilidade. Eu acho que o Sporting com o tempo vai colmatar essa lacuna que no jogo da Supertaça se viu também. Mas há outras questões, questões técnicas, questões táticas. É verdade que a exibição do Debast foi negativa, não foi boa. Teve alguns erros técnicos, o primeiro golo que o Sporting sofre é uma abordagem defeituosa, em que ele está no sítio certo para cortar a bola, mas não corta. Teve uma ou outra saída precipitada, mas eu acredito que vá melhorar. É internacional belga, tem qualidade e potencial, agora neste jogo não fez uma boa exibição."
Face às mudanças, dificuldades financeiras, a que se juntou uma mudança de treinador e direção, o FC Porto será uma equipa a ter em conta neste campeonato face às limitações, mesmo numa época que se considerar que é um espécie de ano zero?
"Nunca vamos podemos retirar o FC Porto inicialmente da luta pelo título, apesar de tudo o que se passa no clube e das dificuldades financeiras, e até acredito que possam perder uma ou outra referência importante até final do mercado, é uma equipa que vai lutar. Continuo a achar que temos três candidatos ao títulos e mais o SC Braga. Mas temos três que eu não consigo escolher um mais favorito."
Reação dos azuis e brancos na Supertaça, depois de estar a perder por 3-0 e virar para 4-3, mérito do FC Porto ou demérito do Sporting?
"Foi um pouco dos dois, mas uma equipa joga, o que a outra deixa jogar. Houve mérito de um lado, demérito do outro. Foi importante para o Vítor Bruno porque pegar numa equipa, depois de uma mudança na direção, e alguma instabilidade e conseguir ganhar a Supertaça foi muito importante. Ainda assim, no campeonato isso quer dizer pouco. Dá uma semana de trabalho alegre, com os jogadores com confiança, mas se não se ganha na estreia já se dilui o efeito Supertaça.
E depois do que se passou na Supertaça e e da aposta do Rúben Amorim numa linha de quatro, prevê-se o regresso ao esquema habitual já na partida frente ao Chaves?
O Sporting vai jogar à partida frente a um 3-4-3 do Rio Ave ou um 5-4-1, e a melhor de encaixar num 3-4-3 é com um 3-4-3. Acho que o Rúben Amorim poderá jogar o 4-4-2 a nível defensivo frente a equipas que jogam em 4-3-3, com um falso lateral direito como é o caso do Quaresma. E para poder pressionar mais alto e não ter que baixar tanto o Quenda poderá regressar a esse esquema porque vai jogar frente a uma equipa que joga com três centrais.
O Rúben Amorim tentou surpreender o FC Porto quando a equipa não tinha bola, e com os azuis e brancos a jogarem em 4-2-3-1, o Rúben tentou ajustar a linha com os quatro atrás e com uma pressão mais à frente com uma linha de quatro. Não acho que tenha sido arriscado, houve outros fatores que tiveram peso. Mas dado que o Sporting está a jogar há muito tempo numa linha de três, depois quando altera alguns posicionamentos a equipa não tem a mesma rotina, e isso também demora o seu tempo, para os jogadores entrosarem, saberem os timings da pressão, e normal que não tenha tanta capacidade."
O Benfica está a apostar forte no mercado, manteve Roger Schmidt que foi bastante contestado no ano passado e a direção até deu ao alemão um voto de confiança. Ainda assim, parece manter os desiquilíbrios evidenciados no ano passado.
"É sempre um candidato forte ao título, é uma equipa que perdeu um jogador importante como é o caso do Rafa, mas está a aparecer o Rollheiser na pré-época, é sempre um equipa fortíssima que vai lutar pelo título. Mas até ao final do mercado, que fecha a dois de setembro, as equipas podem ou não melhorar. Acho que ainda é cedo para analisar os planteis quando o mercado ainda está em aberto."
A nível do miolo o Benfica foi buscar para o plantel o Leandro Barreiro e o Renato Sanches, a que junta também o Florentino. Não será um meio campo com muito músculo e pouca criatividade?
"Vejo uma luta entre o Florentino e o Barreiro pela posição, se o Renato estiver em condições físicas para jogar, poucas vez me parece que vão jogar os três, a não ser contra equipas mais complicadas, que podem obrigar o Benfica a defender mais. Vai depender muito se o Renato tiver um bom rendimento. Nos últimos anos tem tido várias lesões que não lhe têm permitido atingir o nível que já evidenciou. O Benfica tem soluções dentro do plantel, tem jogadores de desiquilíbrio, quando falamos no David Neres por exemplo. O Roger Schmidt até tem utilizado o Aursnes num lado e o João Mário do outro. Mas talvez seja necessário um extremo mais 'de rasgo', com capacidade de jogar mais no um para um. Mas tem plantel para lutar pelo título, mas se vai buscar mais jogadores, ou buscar outros, ainda não sabemos. "
Benfica de Schmidt continua a ter muitas soluções
"O Aursnes já sabemos que pode jogar em qualquer, mas parece-me que o Benfica se tiver mesmo um lateral de raiz, como é o caso do Beste [que contratou neste defeso], será mais eficaz. Parece-me que vai ser ele o lateral esquerdo. Mas quando olhamos para as alas vemos muitas soluções, o João Mário, Aursnes, Di María, Neres. Temos muitas opções e com qualidade. Perdeu o Rafa, mas continua a ser um candidato fortíssimo ao título, juntamente com o Sporting e FC Porto. .
Sobre a saída de João Neves. "É um jogador incrível para a idade que tem, tem uma qualidade tremenda. E era já muito importante e a ficar poderia tornar-se numa referência do Benfica. Mas no futebol o dinheiro fala quase sempre mais alto e o Benfica não conseguiu resistir à proposta do PSG. Acho que foi um negócio positivo e que saíram todos a ganhar.
E o que é que o SC Braga poderá fazer frente a estas equipas sempre mais candidatas, mudou de técnico, que ambições poderá ter? "O SC Braga é um outsider, uma equipa em que não coloco responsabilidade nenhuma para lutar pelo título. Tudo o que seja da quarta posição para cima é um grande campeonato, por isso irá tentar fazer o melhor possível. Se vender o Banza vai bater recordes, está a criar condições fortíssimas na formação para poder mais tarde recolher frutos disso. É um clube que se está a estruturar, para poder mais tarde lutar ombro a ombro com os 'Grandes' à altura. Eu acho que ainda não está a essa nível, mas está lá perto e está a fazer o seu percurso."
E em relação a outras equipa da I Liga, quem é que poderá surpreender? "Os planteis ainda estão em aberto, mas é difícil estar a projetar uma equipa que possa surpreender, teremos que analisar as primeiras três, quatro jornadas. Acho que o Vitória está bem, e que vai estar ali também encostado ao quarto lugar ou perto disso. Abaixo do quinto e do sexto é mais difícil. Tenho dificuldades em acreditar que o Moreirense e o Arouca irão fazer campeonatos como fizeram no ano passado. Mas temos que perceber com o decorrer do campeonato e com o fecho do mercado.
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