Os treinadores portugueses estão na moda. Desde Mourinho a André Villas-Boas passando por Carlos Queirós, que os técnicos de futebol portugueses têm conseguido conquistar, nos últimos anos, um espaço mediático internacional.
Com o título de «Coach to Coach», o sexto livro de Rui Lança procura explicar como o treinador se deve treinar a si próprio com o autor a sublinhar a
importância da melhoria do desempenho em áreas tão importantes nos dias
de hoje como a comunicação, a liderança, a motivação e a tomada de
decisões.
O formador nas áreas do Coaching Individual e de Grupos e Liderança e colaborador do SAPO Desporto, traça ainda os três vectores fundamentais para o sucesso de um treinador no comando de uma equipa: motivação, liderança e gestão de equipas.
Com a participação de treinadores de várias modalidades como Carlos Resende (Andebol), Fernando Piçarra (Futsal), José Jardim (Voleibol), Jorge Braz (Futsal), Mário Gomes (Basquetebol), Luís Sénica (Hóquei em Patins), Rolando Freitas (Andebol), Rui Vitória (Futebol) ou Tomaz Morais (Rugby), Rui Lança procura sustentar as suas convicções na área do Couching e transpô-las para a área desportiva e de gestão.
«Isto é uma área onde eu sempre gostei de trabalhar, a questão do apoio ao treinador, não no aspecto técnico, mas mais nas áreas comportamentais. O livro é um apanhado de experiências enquanto atleta, como treinador, dirigente e nas atuais funções que é de acompanhar treinadores. Depois, reunindo uma série de treinadores de diferentes modalidades, que têm dado muito a essas modalidades e ao desporto em Portugal, de forma a sustentar ou não as minhas convicções», começou por explicar Rui Lança ao SAPO Desporto.
Na apresentação do seu sexto livro, Rui Lança falou ainda ao SAPO Desporto da evolução do panorama desportivo e da necessidade de adaptação dos treinadores para as novos desafios na área desportiva cada vez mais mediática.
«Um bom líder é aquele que se faz seguir»
«Se substituirmos a palavra treinador e a palavra atleta por líder e colaborador, podemos encontrar características comuns que acontecem no mundo das empresas ao nível da motivação e da comunicação, o que varia é o contexto. Mas aí a pessoa que está a ler e facilmente adapta à sua realidade», adiantou o autor.
«Um bom líder é aquele que se faz seguir. Mas na verdade, o que nós nos lembramos são daqueles que ganham. O que eu tento procurar é encontrar qual é o denominador comum dos treinadores que mais vezes ganham e aí são pessoas que claramente apostam mais no processo do que no resultado, acrescentou Rui Lança.
«Carlos Queirós é uma pessoa muito incompreendida em Portugal»
Questionado sobre o recente sucesso dos treinadores portugueses no panorama internacional, Rui Lança dá os exemplos de sucesso de Mourinho, Villas-Boas ou Carlos Queirós, este último mal compreendido pelo autor.
«Acho que nós, portugueses, sempre tivemos uma competência que é importantíssima e que é sermos bons a relacionarmo-nos com outras pessoas. Não somos muito assertivos, não somos muito diretos, não somos muito bons a definir objetivos, não somos muito bons a responsabilizar no sentido de quando a coisa tem de ser dita, mas somos muito bons quer no plano tático, quer técnico, e éramos muito bons nas relações interpessoais», começou por dizer em relação aos treinadores portugueses.
«O que eu acho que estes treinadores da nova moda conseguem oferecer é serem mais focados, têm mais predisposição para motivar, são melhores a comunicar, como o André Villas-Boas ou o José Mourinho que têm sido bons exemplos na área do impacto comunicacional fora de Portugal e por isso não estamos a falar daqueles que falam apenas para portugueses de acordo com a cultura, já para não falar da língua. Curiosamente, o Carlos Queirós é uma pessoa muito incompreendida em Portugal e tem conseguido lá fora aliar melhores competências comportamentais que cá dentro, por diversas razões, não conseguiu», sentenciou Rui Lança.
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