José Couceiro, que orientou o FC Porto em 2004/05, não arrisca palpites, naquele que considera ser «claramente um jogo de tripla». Ao SAPO Desporto, o treinador salientou que as duas últimas vitórias dos portistas na Luz não vão criar «um bloqueio psicológico» nos encarnados.
Como é que antevê este jogo entre Benfica e FC Porto?
Acho que é, de facto, um jogo muito importante para qualquer um dos dois. Os campeonatos não se decidem nos clássicos, mas este pode ter uma componente diferente e pode vir a ser decisivo. Não fica decidido o campeonato, mas pode dar um ‘élan’ especial a quem conseguir vencer.
Nos últimos três anos, o vencedor do duelo na Luz é campeão. Acha que pode acontecer o mesmo este ano?
Estes meses de janeiro e fevereiro vão ser cruciais para qualquer uma das equipas. O ano passado também aconteceu isso. Tem a ver com o momento em que se joga [o clássico]. As equipas estão muito equilibradas na tabela classificativa e a vitória pode marcar um reforço psicológico numa delas, principalmente o FC Porto que vem jogar fora. Depois tem um jogo a menos. Vai ser um jogo muito equilibrado a todos os níveis. O FC Porto vencendo ganha vantagem psicológica. O Benfica não espera outra coisa que a vitória.
Como vê a ausência de James Rodriguez?
As ausências de jogadores de grande qualidade têm sempre importância. Por muito que se tente arranjar soluções, e com certeza que o FC Porto tem soluções, não deixa de ser uma ausência muito importante. O FC Porto não vem a pensar nisso e acredito que o Benfica também não pense. É um dado adquirido. Os jogadores deste nível fazem sempre falta, nunca se tem opção idêntica a eles. O jogo vai ser decidido porque o James não está? Não, não vai ser decidido por isso. Da mesma forma caso fosse, por exemplo, o Matic, jogador que é difícil de substituir, aí o Benfica iria ter outro tipo de problemas.
O FC Porto venceu as duas últimas vezes na Luz. É um fator favorável ao FC Porto e pode causar fragilidade psicológica no Benfica?
Não me parece que haja vantagem. Se se for ver o historial, não é vantajoso ao FC Porto. Não resolve o jogo atual. As equipas estão diferentes e não creio que haja bloqueio psicológico.
Que diferenças há entre as equipas deste ano e do ano passado?
Mesmo que haja muitos pontos em comum com o ano passado, treinadores por exemplo, há jogadores diferentes. Quando me diz que o FC Porto não tem James ou Hulk, há diferenças. Hoje o Benfica tem muito mais soluções nos corredores e isso é fundamental a uma equipa que quer ganhar, dar largura ao jogo. Não acho que se possa fazer paralelismos.
Entre Cardozo e Jackson quem pode ser decisivo?
Poderão ser os dois. São muito importantes para qualquer uma das equipas, mas têm características diferentes. Vai depender muito de como a sua equipa conseguir explorar as suas capacidades. Se Benfica conseguir a permanência na área do FC Porto, Cardozo vai ter importância decisiva. No caso do Jackson, tem maior mobilidade. Vai depender de como o FC Porto se apresentar no 4x3x3. Quem é que vai jogar no lugar do James? Que movimentos vai fazer o Jackson? No geral, os dois são jogadores decisivos. Eles são jogadores únicos na equipa.
Arrisca um resultado?
É claramente um jogo de tripla e digo sempre o mesmo. Num jogo destes, se pudesse haver uma vantagem, uma pequeníssima vantagem, seria no fator casa. Isso significa 51 por cento contra 49 por cento.
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