Frederico Varandas criticou duramente a atual direção do Benfica, mais concretamente Luís Filipe Vieira, no editorial do 'Jornal Sporting' que estará esta quinta-feira nas bancas, e a que o jornal Record teve acesso.
O presidente leonino sublinha que os dirigentes dos 'encarnados' praticam um "tipo de dirigismo que há muito devia ter sido erradicado do futebol português" e considera "lamentáveis" as declarações de Luís Filipe Vieira após a meia-final da Taça da Liga que o Benfica perdeu, por 3-1, para o FC Porto.
"Aliás, ainda na última semana, o seu presidente veio publicamente transmitir o que pretende de imediato para o "seu" futebol: condicionar, limitar, impedir e penalizar a liberdade de actuação de árbitros e de órgãos independentes como o Conselho de Arbitragem deve ser. Este foi só mais um episódio lamentável a juntar a outros", escreveu Varandas.
O presidente do clube de Alvalade aponta ainda para os vários processos judiciais em que o rival se viu envolvido, sublinhando que "há suspeita de violação da verdade desportiva."
"Ninguém em Portugal ignora ou pode ignorar factos graves que ocorreram. E também ninguém desmentiu ou pôde desmentir tantas vergonhas que vieram a público, tantos comportamentos estranhos, tantas condutas promiscuas, tantos exemplos grotescos, que revelam um modus operandi que jamais pode ser aceite num País civilizado", atira.
A fechar, o líder leonino garante que no dérbi do próximo domingo "receberá institucionalmente o Benfica em Alvalade, cumprindo as regras, atribuindo os habituais lugares em zona específica da Tribuna", mas que "rejeita promover qualquer iniciativa particular que conte com a presença" de Vieira.
Confira o editorial assinado por Frederico Varandas:
"Nós e o Futebol
O Sporting Clube de Portugal respeita e quer respeitar todos os outros clubes do Futebol Português e, naturalmente, o Sport Lisboa e Benfica integra esse lote.
Infelizmente, neste momento, o Sport Lisboa e Benfica, em resultado de um tipo de dirigismo que há muito devia ter sido erradicado do Futebol Português, carece de uma transformação, mas não de personificar em Paulo Gonçalves todos os males e toda a vergonha. Esse problema tem de ser encarado seriamente, ainda para mais tendo em conta o presidencialismo inequívoco que caracteriza a gestão deste nosso rival.
Aliás, ainda na última semana, o seu presidente veio publicamente transmitir o que pretende de imediato para o "seu" futebol: condicionar, limitar, impedir e penalizar a liberdade de actuação de árbitros e de órgãos independentes como o Conselho de Arbitragem deve ser.
Este foi só mais um episódio lamentável a juntar a outros. E independentemente do que poderá nunca ser cabalmente esclarecido ou provado, independentemente do que não se apaga, existem processos judiciais em curso com um elemento comum que ninguém, seja em que clube for, quer no Futebol Português: suspeita de violação da VERDADE DESPORTIVA.
Não entramos e não queremos entrar em questões internas de outros clubes, mas ninguém em Portugal ignora ou pode ignorar factos graves que ocorreram. E também ninguém desmentiu ou pôde desmentir tantas vergonhas que vieram a público, tantos comportamentos estranhos, tantas condutas promíscuas, tantos exemplos grotescos, que revelam um modus operandi que jamais pode ser aceite num País civilizado. Acreditamos que em todos os clubes, e obviamente que incluímos o Sport Lisboa e Benfica nesta crença, existem pessoas que querem um Futebol Profissional transparente, justo, decente e entendemos ser um dever de TODOS proteger o Desporto-Rei em Portugal.
Há um desgaste, uma decadência moral, mas uma decadência e um desnorte também a vários níveis que vaticina o fim de um ciclo no dirigismo. Como em todas as instituições centenárias, há sempre referências, existirá consciência e, mais cedo ou mais tarde, acreditamos que haja um esforço e capacidade de regeneração. Mas essa é uma tarefa que não é nossa, esse é um dever ético e quiçá, até histórico, de outros e não nosso. Mas a nós, em linha com os princípios e valores que defendemos, com a exigência de que não abdicamos, não é possível ignorar a realidade do que ainda hoje subsiste.
O Sporting Clube de Portugal receberá institucionalmente o Sport Lisboa e Benfica em Alvalade, cumprindo as regras, atribuindo no próximo Domingo os habituais lugares em zona específica da Tribuna, mas rejeita promover qualquer iniciativa particular que conte com a presença do actual presidente do Sport Lisboa e Benfica.
Acreditamos que é possível um Futebol Português melhor. É possível termos uma das melhores ligas da Europa se os principais clubes portugueses estiverem genuinamente imbuídos de um espírito são e, pelo exemplo, dando passos firmes nesse sentido.
O Futebol Português deu, ao longo da sua história, através dos seus clubes, das suas selecções, dos seus atletas, dos seus treinadores, inúmeras demonstrações de qualidade, variadíssimas provas de superação. Lutemos por aquilo que o Futebol tem de melhor. Saibamos preservar o que há de bom e, com coragem, seja onde for, seja em que clube for, que se erradique a cultura serôdia do "velho dirigismo", que o caudilhismo e as vassalagens acabem de vez e que, cada vez mais, todos possamos competir uma competição mais justa, mais sã, num quadro de concorrência leal.
Que, em liberdade e com segurança para todos os agentes desportivos, com serenidade e sem medo, numa competição fair, que os jogadores joguem, que os treinadores treinem, que os árbitros arbitrem, que os dirigentes dirijam, que os jornalistas noticiem e que os adeptos possam ter o privilégio de ter um futebol positivo, pleno, cada vez melhor, com as melhores práticas e com os valores que o desporto deve ter. Se a UEFA nos diz a todos: "We care about Football", que se entenda, de uma vez por todas neste País, que Portugal está na Europa, que Portugal é o Campeão Europeu em título, que Portugal tem o melhor jogador do Mundo, que temos responsabilidades, que temos de dar o exemplo, que estamos incluídos neste "We" e que também "NÓS" nos preocupamos com o Futebol."
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