O antigo futebolista do Olhanense Carlos Fernandes denunciou esta segunda-feira ilegalidades fiscais no clube durante o período em que representou os algarvios, que o obrigam agora a saldar dívidas que não eram da sua responsabilidade.
Numa conferência de imprensa que teve lugar na sede do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), em Lisboa, o ex-lateral esquerdo, que jogou no emblema de Olhão entre 2009 e 2011, revelou que foi notificado pelas finanças, em novembro de 2014, para saldar uma dívida de 5.500 euros, que deveria ter sido liquidada pelo próprio clube, no período em que lá jogou.
"A determinada altura reparámos que o recibo de vencimentos tinha designações como ajudas de custo, deslocações em viatura, subsídio de alimentação, e perguntámos aos responsáveis do Olhanense o que se tratava, já que não tínhamos negociado o contrato daquela forma. O presidente Isidoro Sousa garantiu-nos que era tudo legal e que não iria prejudicar ninguém no futuro", afirmou o antigo jogador, que terminou a carreira em 2012.
De resto, Carlos Fernandes, que também envergou as camisolas de Belenenses, Boavista e Sporting de Braga, entre outros, revelou que esta é uma situação transversal à maioria dos jogadores e equipa técnica que representaram o Olhanense nas épocas 2009/10 e 2010/11, ambas com o clube na I Liga.
"Eu e os meus colegas não beneficiámos em nada e fomos sempre prejudicados, porque não fizemos os descontos para as Finanças e Segurança Social. Negociei o meu contrato com vencimento líquido de 3.500 euros e foi isso que recebi sempre. Se me tivessem dito logo o que se passava, eu não aceitaria", referiu.
Carlos Fernandes lamentou que os responsáveis do Olhanense ainda não tenham resolvido a situação e lembrou que, no próximo ano, poderá deparar-se com nova dívida, uma vez que esteve duas épocas no clube algarvio.
"Esta situação prejudica e condiciona a minha vida nos próximos anos. Não posso estar calado perante uma situação destas. Sempre vivi de acordo com as minhas possibilidades. As pessoas não podem ficar condicionadas, por causa destas trapalhadas que se fazem", sublinhou, adiantando que vai aguardar pela resolução da situação, antes de agir judicialmente.
Por seu lado, o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, afirmou que esta é uma situação corrente em vários clubes, que o fazem "à revelia dos jogadores" e em "benefício próprio", para "evitarem pagar impostos".
"Se o clube garante o pagamento líquido do vencimento, teria de assumir este valor e não o fez. É lamentável que continuem a existir situações destas. Há muitos jogadores que só mais tarde sabem que os descontos para a Segurança Social não foram feitos, mesmo que no recibo de vencimento diga que foram feitos", frisou.
Joaquim Evangelista lembrou que muitos futebolistas "só denunciam situações idênticas no final do contrato, porque precisam do emprego" e pediu uma maior fiscalização por parte das entidades reguladoras do futebol nacional.
"As entidades reguladoras têm de garantir que os clubes têm condições para estarem numa competição profissional e que cumprem as suas obrigações. Este comportamento é ilegal. Pretendemos evitar que os dirigentes façam estas habilidades, que afetam os jogadores e as suas famílias", referiu.
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