Numa sessão de esclarecimento de três horas, na quarta-feira à noite, os responsáveis do emblema da II Liga de futebol explicaram que, na assembleia geral de hoje, em que é proposta a transformação da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), a SAD terá um capital social de 250 mil euros e, além dos 10% de que o clube legalmente terá de ser detentor, serão vendidas aos sócios até 10% das ações.
O presidente sublinhou ter rejeitado ao longo dos anos esse modelo de organização, mantendo o clube a totalidade do capital da SDUQ, mas frisou que o Sporting da Covilhã é o único clube da II Liga sem SAD, que o investimento dos outros clubes é muito superior e disse ter deixado “de resistir” a dar esse passo, por ser esse “o caminho” para conseguir ter uma equipa competitiva.
“Os sócios reclamam uma equipa para subir à I Liga, reclamam uma boa equipa, mas não há milagres. O Sporting da Covilhã não tem condições, neste momento, para contratar jogadores de qualidade para fazer face à II Liga em que atualmente estamos”, referiu José Mendes, aludindo aos orçamentos superiores dos outros clubes.
Embora tenha garantido não ter “negócio com ninguém”, o dirigente serrano adiantou já ter sido contactado por investidores cerca de “uma dúzia de vezes”, as duas últimas na semana passada, e acrescentou que os 'leões da serra' são “um clube apetecível para muita gente, até porque não tem dívidas”, mas sem a constituição de uma SAD não é possível a entrada desse capital.
José Mendes informou, na sessão onde estiveram presentes cerca de 60 sócios, no Auditório Municipal da Covilhã, ter recebido nos últimos dias a visita de potenciais interessados da Venezuela e da República Dominicana, mas acentuou não existir “pressa de nada” e que “a SAD não está à venda por qualquer preço”.
O presidente do emblema há mais anos consecutivos a disputar o segundo escalão do futebol nacional, atualmente último da tabela classificativa, enfatizou faltar-lhe subir o clube à I Liga e ter chegado “à conclusão que assim não é possível”.
Segundo José Mendes, o plantel precisa de mais cinco ou seis reforços, mas vincou que o clube não vai gastar mais do que pode e que a qualidade desses jogadores está dependente de ter mais recursos financeiros.
“A minha preocupação é não deixar cair o clube na III Liga e ir a tempo de podermos contratar jogadores”, reforçou o dirigente, que mencionou a intenção de “pedir dez milhões de euros” pelos 80% das ações a vender a terceiros, embora tenha ressalvado que tudo “depende do negócio” que for feito e das variáveis em equação.
Perante as muitas dúvidas levantadas pelos sócios, José Mendes garantiu que “tudo o que é do clube, fica no clube”, que o património imobiliário do Sporting da Covilhã não pode transitar para a SAD e que o encaixe financeiro vai permitir melhorar as condições, nomeadamente da formação.
De acordo com o advogado dos serranos, João Martins, há cláusulas de salvaguarda para "blindar" os direitos do clube fundador.
“Temos de ter muito cuidado com quem vamos negociar e quem são os investidores que vão entrar, até porque já temos uma visão do que os outros fizeram. Podemo-nos apoiar no que foi bem e mal feito nas outras sociedades”, argumentou José mendes.
Caso a proposta seja aprovada, os sócios podem subscrever, entre 02 e 09 de janeiro, até cinco mil ações, a cinco euros cada, tendo prioridade os associados mais antigos. Para ter direito a um voto são necessárias 50 ações.
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