António Sequeira, Carlos Marta e Fernando Gomes, os três aspirantes anunciados à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) enfrentam na quinta-feira o primeiro “rastreio”, com a data limite para a formalização das candidaturas.

Se os avanços de Fernando Gomes, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), e Carlos Marta, presidente da Câmara Municipal de Tondela, correspondem praticamente a presenças certas nos boletins de voto de 10 de dezembro, a intenção de António Sequeira, antigo secretário-geral federativo, pode esbarrar na ausência de apoios.

Sequeira apresentou o seu manifestou eleitoral em agosto, mal foram marcadas as eleições na FPF, mas a formalização da candidatura requer a subscrição de um décimo dos delegados da Assembleia-Geral (AG), ou seja, pelo menos oito assinaturas de um total de 84 votos (29 de sócios ordinários e mais 55 de delegados eleitos).

Com a “bipolarização” da batalha eleitoral entre Gomes, o candidato emanado do futebol profissional, e Marta, apoiado por várias associações distritais e regionais, a concentração dos apoios reduz a margem de manobra de Sequeira, que propalou a independência do seu avanço precoce, «quer politicamente, quer de associações ou clubes».

Pelo caminho já ficou Filipe Soares Franco. O ex-presidente do Sporting apresentou a sua candidatura a 08 de setembro e retirou-a menos de um mês depois, por considerar que não se encontravam «reunidas as condições mínimas» para desenvolver o seu projeto «ou sequer disputar, livremente e construtivamente, a presidência da Federação».

Sem o apoio dos “leões”, Soares Franco classificou o ato eleitoral como «a contabilidade da corrida ao poder, do contar de espingardas, da necessidade quase infantil de não perder a onda dos mais variados interesses instalados».

Entretanto, Gomes, incitado pelos clubes da LPFP, deu o passo em frente e iniciou a campanha eleitoral, anunciando os seus coadjuvantes neste desafio – Humberto Coelho, Pauleta, Mónica Jorge e Pedro Dias – e o seu candidato à Mesa da AG, o social-democrata José Luís Arnaut. Mais tarde, o dirigente da Liga apresentou o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis e antigo presidente da LPFP, Hermínio Loureiro, como seu vice-presidente.

Enquanto o movimento associativo ouvia as intenções de Gomes, que garantiu o apoio de Benfica, Sporting e vários outros emblemas profissionais e das associações de Santarém, Vila Real, Braga, Aveiro e Ponta Delgada, delineava-se uma candidatura alternativa, cujo rosto foi desvendado pelo próprio Carlos Marta, a 13 de outubro.

O edil social-democrata, tal como Hermínio Loureiro, apresentou a candidatura na sexta-feira, quando colocou mais um autarca nas cogitações eleitorais, com Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, no topo da lista para a Mesa da AG.

Já para o Conselho de Justiça, Marta escolheu como cabeça de lista o atual presidente do órgão federativo, José Joaquim Sampaio e Nora, e colocou Toni, ex-treinador do Benfica, como vice-presidente para as seleções.

Gomes pretende que Portugal acolha a final de uma competição europeia de futebol «nos próximos quatro anos», a descentralização das AG da FPF, ou a criação da “Casa dos Contratos”, que centralize o passaporte desportivo do jogador com todos os intervenientes no processo para aumentar a transparência nas transferências.

Além disso, o presidente da LPFP propõe que o atual presidente da FPF, Gilberto Madaíl, receba o título de presidente honorário.

Por seu turno, Marta defendeu a autonomia na arbitragem e a vontade de dar aos árbitros a possibilidade de apresentarem uma candidatura própria e lançou o repto para que as outras candidaturas façam o mesmo.

Isso tornou-se, no entanto, inviável após Vítor Pereira rejeitar uma proposta para encabeçar a lista da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), que assim será liderada pelo próprio presidente do organismo, Luís Guilherme.

Após a entrega de listas, os nomes e os apoios deixam o centro do debate para os votos, entregues aos 84 delegados na AG, que, a 10 de dezembro, vão exercer o seu direito secretamente.