O fulgor mental do novo campeão nacional Sporting será testado pelo FC Porto, vencedor das últimas duas edições, na final da Taça de Portugal, reconhece o ex-futebolista Nélson Pereira, presente na última ‘dobradinha’ dos lisboetas.
“A importância [de arrebatar essa façanha] é que faz história e, ao terminar esta época a ganhar, também inicia a próxima com uma aura diferente. Ter esse estatuto de campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal permitiria logo iniciar uma temporada de forma ‘limpa’ e saudável. Passados 22 anos da última ‘dobradinha’, esse poderá ser um marco para este plantel”, vincou à agência Lusa o ex-guarda-redes dos ‘leões’, de 1997 a 2006.
FC Porto, segundo clube mais titulado, com 19 troféus, sete abaixo do recordista Benfica, e Sporting, terceiro, com 17, vão medir forças no domingo, a partir das 17:15, no Estádio Nacional, em Oeiras, na final da 84.ª edição da segunda competição mais importante do futebol nacional, que conta com arbitragem de Fábio Veríssimo, da associação de Leiria.
“Eu acredito que o FC Porto é muito experiente neste tipo de competição, mas o Sporting tem, nesta altura, uma equipa com uma maturidade competitiva muito grande em relação a outros anos, daí me parecer que haja um equilíbrio bastante grande e que o êxito pode pender para qualquer lado. Talvez seja o ano em que as coisas estão mais equilibradas. Tem tudo para ser um excelente jogo, até porque a envolvência assim nos leva a crer. O Sporting vem de uma época extraordinária e o FC Porto de meses de mudanças”, notou.
Nélson contribuiu para a sexta e última ‘dobradinha’ do Sporting, em 2001/02, ao juntar o título de campeão nacional à vitória (1-0) sobre o Leixões, então da II Divisão B, terceiro escalão luso, na final da Taça de Portugal, desfrutando de uma “sensação espetacular”.
“Há muitas semelhanças entre esse campeonato e o deste ano. Depois, na final da Taça, sabendo que éramos superiores, tivemos momentos em que não o fomos assim tanto, já que as equipas se mobilizam e galvanizam-se muito numa partida desta dimensão e dão tudo o que têm perante essa oportunidade. Na altura, imaginem os índices de motivação que uma equipa da II Divisão B tinha para ganhar ao novo campeão nacional”, recordou.
Os ‘verde e brancos’ encaram agora o FC Porto, terceiro colocado da I Liga em 2023/24, moralizados pela conquista do 20.º título, com um recorde de pontos (90) e vitórias (29), sendo que acumulam 140 golos nas várias competições e já não marcavam tanto desde 1946/47, época do primeiro de três títulos consecutivos alcançados pelos ‘cinco violinos’.
“Vai ser discutido no pormenor. Do lado do Sporting, parece-me que um jogador como o Viktor Gyökeres pode fazer a diferença por aquilo que representa nas dinâmicas de jogo, pelos espaços que abre e pelas chances que consegue ter e concretizar. Quanto ao lado do FC Porto, vejo um Francisco Conceição muito motivado e a ser o jogador com maior imprevisibilidade. Há um pormenor que poderá ser decisivo: as bolas paradas”, apontou.
Enaltecendo os benefícios decorrentes da conquista antecipada do campeonato, que foi selado a duas jornadas do fim, Nélson, de 48 anos, lembra que o conjunto orientado por Rúben Amorim “teve tempo para recuperar dos festejos e mudar de ‘chip’” em tempo útil para a decisão da Taça de Portugal, na qual o jovem Diogo Pinto deverá estar na baliza.
“Tem uma equipa à sua frente que lhe dá muitas garantias e transmite segurança. Ele já participou nos últimos dois jogos e não sofreu golos, o que permite encarar a final com a maior naturalidade. Depois, parece-me que está a ser muito bem acompanhado na parte mental. Ele tem um percurso a fazer. Conhecendo como eu o conheço, está com os pés bem assentes no chão e, ao mesmo tempo, a desfrutar do momento. É alguém para se continuar a acompanhar, porque poderá ser uma agradável surpresa no futuro”, avaliou.
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