Chicotadas psicológicas e um ex-presidente detido
O mês de novembro foi bastante agitado no futebol português, dentro e fora das quatro linhas. A começar pelas detenções de Bruno de Carvalho e Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, no dia 11. O ex-presidente do Sporting e o líder da Juventude Leonina estão acusados de terem conhecido e incentivado o ataque à equipa de futebol, na Academia de Alcochete.
Nesse domingo, as autoridades realizaram buscas na sede da Juve Leo e na residência de Bruno de Carvalho, tendo os dois arguidos pernoitado nos postos da GNR de Alcochete (no caso de BdC) e Montijo (Mustafá) até à quinta-feira seguinte, dia em que foram conhecidas as medidas de coação. Tanto Bruno de Carvalho como Mustafá ficaram sujeitos a termo de identidade e residência, apresentações diárias no posto criminal da área de residência e ainda à prestação de uma caução de 70 mil euros.
No plano desportivo, foi um mês de mudança em Alvalade. Logo no dia 1, José Peseiro deixou o comando técnico dos ‘leões’ após a derrota contra o Estoril, na segunda jornada da fase de grupos da Taça da Liga, apenas quatro meses depois de ter regressado ao clube de Alvalade onde já tinha estado entre 2004 e 2006. Tiago Fernandes assumiu a liderança da equipa de forma interina – saltou depois para os sub-23 – até à chegada do holandês Marcel Keizer, um dia depois do triunfo caseiro sobre o Chaves.
A era Keizer arrancou com uma vitória na Taça de Portugal, frente ao Lusitano de Vildemoinhos (4-1), e prosseguiu com uma goleada sobre o Qarabag (6-1), na 5.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa, resultado que garantiu aos ‘leões’ a presença nos 16 avos de final da competição. Um arranque feliz que se prolongaria no mês seguinte.
Esta não foi, de resto, a única chicotada psicológica na I Liga. No dia 26, Cláudio Braga abandonou o comando técnico do Marítimo, após cinco derrotas consecutivas e 10 jogos sem vencer, dando lugar a Petit. Lá fora, Miguel Cardoso, que estava sem clube depois da saída do Nantes, foi apresentado como novo treinador do Celta de Vigo. Claudio Ranieri regressou ao futebol inglês, desta feita para orientar o ‘lanterna-vermelha’ Fulham e Santiago Solari passou de treinador interino do Real Madrid a técnico oficial da equipa.
Volte-face na Luz
Este foi igualmente um mês agitado para os lados da Luz. Os resultados e as fracas exibições do Benfica – derrota com o Moreirense (1-3), empate com o Ajax (1-1), triunfo suado frente ao Arouca para a Taça (2-1), todos em casa, e a goleada sofrida em Munique (5-1), na penúltima jornada da fase de grupos da Champions - fizeram crescer a contestação dos adeptos e deixaram Rui Vitória na corda-bamba.
Um dia depois do ‘desaire’ com o Bayern, que confirmou a descida do Benfica à Liga Europa – os responsáveis dos ‘encarnados’ estiveram reunidos para discutir se o treinador de 48 anos se mantinha no comando técnico. E se na noite de 28 de novembro Rui Vitória estava mais com um pé fora do que dentro do clube da Luz, na manhã seguinte tudo mudou.
Luís Filipe Vieira confirmou que Rui Vitória iria continuar a orientar a equipa principal do Benfica. O dirigente revelou que a SAD 'encarnada' tinha decidido, de facto, demitir o técnico, mas que depois de dormir sobre o assunto optou pela sua continuidade, assegurando que Jorge Jesus nunca foi contactado para suceder a Rui Vitória. Um dia depois, na antevisão ao jogo com o Feirense, o treinador reforçou o seu compromisso com o projeto e avisou que a equipa iria ser alvo de mudanças.
Novembro teve ainda o início da fase de instrução do processo 'e-toupeira', requerida pelos quatro arguidos, incluindo a Benfica SAD. Esta fase visa decidir, por um juiz de instrução criminal, se o processo segue para julgamento. Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico dos ‘encarnados', bem como algumas testemunhas da Benfica SAD foram ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Depois destas audiências, as diligências ficaram fechadas e o debate instrutório do processo ficou agendado para 3 de dezembro.
Veja as melhores imagens do mês de novembro
Dragão imparável na Champions
Já o FC Porto teve como ponto alto o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, no primeiro lugar do Grupo D. Beneficiando da derrota do Galatasaray no terreno do Lokomotiv de Moscovo, a equipa de Sérgio Conceição entrou em campo já apurada, mas confirmou a liderança do grupo ao bater no Dragão os alemães do Schalke 04 – que também estão na próxima fase - por 3-1, na quinta jornada. Os ‘azuis e brancos’, de resto, só souberam vencer neste mês, cimentando a liderança do campeonato e assegurando a passagem aos ‘oitavos’ da Taça de Portugal, depois de eliminarem o Belenenses SAD. Noutro âmbito, Pinto da Costa e outros cinco administradores da SAD do FC Porto foram constituídos arguidos na sequência de uma queixa apresentada pelo Benfica. Estão indiciados por crime de ofensa a pessoa coletiva.
Liga das Nações, Libertadores e um campeão português na China
Novembro foi também mês de Liga das Nações. Portugal foi a primeira seleção a garantir presença na ‘final four’ após o nulo em Itália, na penúltima jornada da fase de grupos, fazendo-se acompanhar pela Suíça, Holanda e Inglaterra. A fase final da competição será disputada no Porto e em Guimarães, entre 5 e 9 de junho.
Em sentido inverso, a Seleção sub-21 falhou o apuramento para o Campeonato da Europa de 2019, assim como a oportunidade de marcar presença nos Jogos Olímpicos de 2020. A equipa de Rui Jorge perdeu contra a Polónia, por 1-3, em Chaves, isto depois de ter vencido por 1-0 na primeira mão.
O mês ficou ainda marcado por uma ‘novela’ chamada Taça Libertadores. A segunda mão da partida entre Boca Juniors e River Plate (2-2 na primeira mão), inicialmente marcada para o dia 24, acabou por ser adiada para 8 de dezembro, na sequência do ataque ao autocarro da equipa xeneize, na chegada ao Estádio Monumental. Vários jogadores ficaram feridos e tiveram de ser transportados ao hospital, o que levou a CONMEBOL a escolher nova data para a realização do desafio… e novo palco. O Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, foi o local escolhido para receber o clássico argentino.
Ainda lá fora, destaque para Vítor Pereira, que não só se tornou o primeiro técnico português a sagrar-se campeão na China como deu ao Shangai SIPG o primeiro título nacional e interrompeu a hegemonia do heptacampeão Guangzhou Evergrande. Campeão em três países (Portugal, Grécia e China), o ex-treinador do FC Porto igualou o compatriota Artur Jorge (Portugal, França e Arábia Saudita) e aproximou-se de José Mourinho, que recebeu faixas em quatro (Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha). No México, Pedro Caixinha conquistou a Taça para o Cruz Azul.
De realçar, ainda, a conquista do 10.º título de campeão brasileiro pelo Palmeiras, orientado por Luiz Felipe Scolari, bem como o triunfo dos japoneses do Kashima Antlers na Liga dos Campeões asiática e dos tunisinos do Espérance de Tunis na Champions africana. De Inglaterra chegou a confirmação da introdução do videoárbitro na Premier League, a partir da próxima temporada, o último jogo de Wayne Rooney pela seleção, e o adeus ao dono do Leicester, o milionário tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, que perdeu a vida na sequência da queda do helicóptero onde seguia com mais quatro pessoas. Já o Football Leaks deu conta, entre outras informações, que Sergio Ramos terá acusado positivo em dois controlos antidoping, na final da Champions ganha em 2017, frente à Juventus, e noutro jogo da Liga espanhola em abril.
No que toca a modalidades, Miguel Oliveira sagrou-se vice-campeão mundial de Moto2, ficando apenas atrás do italiano Francesco Bagnaia. Na próxima temporada, o piloto português vai saltar para a categoria rainha do motociclismo e estrear-se de forma absoluta no Mundial de MotoGP. No futsal, o Sporting garantiu o apuramento para a ‘final four’ da Liga dos Campeões e a Seleção portuguesa para atletas com Síndrome de Down sagrou-se campeã da Europa ao derrotar na final a anfitriã Itália, por 4-0.
De resto, Sébastien Ogier sagrou-se campeão mundial de ralis pela sexta vez consecutiva na sua carreira, com a Toyota a arrecadar o título de construtores, Fernando Alonso despediu-se da Fórmula 1 (com o campeão Lewis Hamilton a dar o título de equipas à Mercedes) e Marin Cilic selou o triunfo da Croácia na Taça Davis, frente à França.
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