O Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) anunciou hoje que irá realizar uma auditoria extraordinária à Federação Portuguesa de Judo (FPJ) com o objetivo de avaliar a execução financeira do programa olímpico da modalidade.
Em comunicado, o IPDJ indica que a auditoria deve estar concluída em 90 dias e explica que a sua realização levou em linha de conta as posições discordantes entre as alegações de judocas do Programa de Preparação Olímpica, expressas em carta aberta, e os esclarecimentos prestados pela FPJ.
O organismo lembra que, além da auditoria hoje anunciada, se encontra a decorrer um inquérito da sua iniciativa, aberto na sequência de acusações recebidas, “com vista a averiguar a legitimidade de determinadas decisões da FPJ, face ao Regime Jurídico das Federações Desportivas”, que estará concluído no prazo de três semanas.
“O acompanhamento contínuo do financiamento público, concedido pelo IPDJ às atividades regulares das federações desportivas, assenta numa exigente matriz de avaliação, materializada na apreciação de relatórios intermédios e finais sobre a execução técnico-financeira dos programas desportivos financiados. Esta avaliação é complementada pela verificação da informação constante na contabilidade analítica da federação, em centros de custo próprios e exclusivos de cada programa”, afirma o comunicado.
O IPDJ refere ainda que “também são objeto de análise os relatórios e contas dos exercícios de cada ano, aprovados em assembleia-geral da federação, com as contas certificadas por um revisor oficial de contas ou uma sociedade revisora de contas”.
Em agosto, os judocas olímpicos Telma Monteiro, Catarina Costa – que, entretanto, se demarcou -, Bárbara Timo, Rochele Nunes, Patrícia Sampaio e Anri Egutidze, mais Rodrigo Lopes, acusarem o presidente em funções, Jorge Fernandes, de discriminação e opressão.
Numa carta aberta, em que elencaram várias acusações, os judocas denunciaram o que dizem ser "um clima tóxico e insustentável", além de apontarem atitudes discriminatórias, dizendo não existirem condições para se evoluir no atual regime de funcionamento da FPJ.
Um cenário que motivou preocupações da secretaria de Estado da Juventude e Desporto, do Comité Olímpico de Portugal (COP) e da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), levando ainda em agosto a uma mediação da tutela e à tentativa de resolução de algumas questões.
Na fase crítica, também a selecionadora Ana Hormigo se solidarizou com os judocas que subscreveram a carta, um gesto à 'revelia' da FPJ, que, três meses depois, anunciou o seu afastamento.
A informação foi dada por Telma Monteiro, com a judoca a lamentar, uma vez mais, as atitudes da Federação, num comunicado a que se 'juntaram', com textos de apoio a Ana Hormigo e tristeza pela decisão, as judocas olímpicas Bárbara Timo e Rochele Nunes.
À Lusa, o presidente da FPJ esclareceu que Ana Hormigo não foi despedida, mas afastada de funções na seleção principal, depois de ter perdido a confiança na treinadora.
As novas acusações de Telma Monteiro aconteceram já após a Assembleia Geral da FPJ, em que Jorge Fernandes viu a maioria dos delegados aprovarem o orçamento e plano de atividades para 2023, num claro voto de confiança ao dirigente, apenas com um voto contra e seis abstenções entre os 52 delegados presentes.
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