A judoca japonesa Natsumi Tsunoda (-48 kg), com estatuto de favorita, e o cazaque Yeldos Smetov (-60 kg), a correr por fora, juntaram hoje títulos olímpicos a uma carreira já por si plena de medalhas.

Aos 31 anos, os dois judocas procuravam a maior consagração de todas: Tsunoda com o currículo de três títulos mundiais (2023, 2022 e 2021) e Smetov com uma prata olímpica (Rio2016), um bronze (Tóquio2020) e um título mundial (2015).

Na última final do primeiro dia, o cazaque não se deixou intimidar com o ruído de apoio ao francês Lukas Mkheidze, que se 'transformara' em principal candidato depois das derrotas do líder Yung Wei Yang (sétimo) e do campeão mundial Giorgi Sardalashvili (quinto).

Smetov chegou ao ouro talvez na fase menos fulgurante da carreira, mas com uma consistência que lhe permitiu quase sempre discutir pódios e que nove anos depois do primeiro grande título (mundial em 2015) ser, finalmente, campeão olímpico.

Para Mkheidze, a deceção foi grande, perante o seu público, mas o francês foi impotente para contrariar a vantagem obtida por Smetov muito perto do final.

O pódio masculino ficou preenchido com os bronzes dos também candidatos Francisco Garrigos (Espanha) e Ryuju Nagayama (Japão).

Em femininos, a substancial oferta japonesa deixou sempre a número quatro do mundo em -48 kg de fora de outras edições de Jogos, mas, desta vez, os recentes títulos mundiais abriram caminho à judoca como a escolha óbvia no Japão.

Na final, foi uma luta de campeãs mundiais, com o ‘tri’ da nipónica (2023, 2022 e 2021), que dominou o combate e mostrou ser a melhor do dia, a ter mais argumentos do que a medalha vigente da mongol Baasankhuu Bavuudorj (2024).

O pódio feminino ficou completo com os bronzes da francesa Shirine Boukli e da sueca Tara Babulfath.

Boukli, ‘embalada’ pela multidão na Champ-de-Mars Arena, com entusiasmo audível e extra para os judocas da casa, arrebatou o bronze à espanhola Laura Martinez.

Um combate seguido do confronto entre a sueca Tara Babulfath e a cazaque Abiba Abuzhakynova, terceira do ranking mundial, mas também ela, com exceção à nova campeã olímpica, a ser incapaz de travar o novo fenómeno do judo feminino em -48 kg.

Depois de um bronze no Mundial, Tara, a mais jovem judoca em Paris2024 (18 anos), voltou a demonstrar, com ímpeto, resiliência e técnica, que pode vir a ser um caso sério na modalidade, com a promessa de muitos pódios no horizonte.

A sueca, treinada pela primeira campeã mundial de -48 kg (1980), a britânica Jane Bridge, venceu quatro de cinco combates, num percurso em que eliminou a líder mundial, a italiana Assunta Scutto, e defrontou a nova campeã olímpica.

As categorias mais leves distribuíram as oito primeiras medalhas no judo olímpico (ouro e bronze para o Japão, ouro para o Cazaquistão, prata e bronze para a França, prata para a Mongólia, bronze para a Espanha, bronze para a Suécia) numa competição em que Portugal teve Catarina Costa num dia menos feliz, com a judoca quinta classificada em Tóquio2020, a sair eliminada no segundo combate.