O ansiado regresso de Simone Biles, que se podia juntar às recordistas de medalhas de ouro, o domínio masculino japonês, e as primeiras ‘coroas’ olímpicas para Irlanda e Filipinas, marcaram a competição de ginástica artística dos Jogos Paris2024.
Aos 27 anos, Simone Biles mostrou em Paris estar recuperada dos problemas de saúde mental que a afetaram em Tóquio2020, e deixa a capital francesa com três ouros e uma prata, e um palmarés total de 11 medalhas olímpicas.
Os ouros por equipas, no concurso completo ‘all-around’, e no salto - as três primeiras provas que disputou - fizeram Biles sonhar com mais nas duas provas agendadas para hoje, último dia das competições de artística.
Hoje, com muitos milhões de olhos postos na Arena Bercy, uma queda após a segunda série acrobática na trave ‘empurrou’ Biles para um inesperado quinto lugar, numa prova em que a italiana Alice D’Amato alcançou o ouro, depois de ter sido prata por equipas.
A brasileira Rebeca Andrade, a maior opositora de Biles e a única a oferecer-lhe ‘luta’ no ‘all-around’, onde foi prata, acabou por impedir o último ouro possível para a norte-americana em Paris, numa prova de solo em que a campeã olímpica do Rio2016 e atual campeã mundial protagonizou duas saídas do praticável.
Se tivesse feito o pleno de ouros nas provas que disputou Biles poderia ter-se juntado à ginasta soviética Larisa Latynina e à nadadora Katie Ledecky, sua compatriota, no lote de mulheres mais tituladas de sempre em Jogos Olímpicos, com nove ouros, mas, por agora, soma ‘só’ sete… e em Los Angeles2028 terá 31 anos.
Com Simone Biles, que levou às bancadas da Arena Bercy muitos famosos norte-americanos, e Rebeca Andrade a assumirem-se como as grandes estrelas, a italiana Alice D’Amato, e argelina Kaylia Nemour desafiaram a lógica, e impuseram-se nos concursos de trave e paralelas assimétricas, respetivamente.
Aos 17 anos, Nemour, que durante muitos anos competiu por França, o seu país de nascimento, respondeu com ouro ao diferendo com a federação gaulesa de ginástica que em 2023 a levou a optar por competir pela Argélia, país de nascimento do seu pai, dando o primeiro na ginástica à nação africana.
Para a história fica também o ouro olímpico da equipa feminina dos Estados Unidos, perdido para a ausente Rússia em Tóquio2020, numa prova em que a Itália repetiu a prata que só tinha conseguido nos Jogos Amesterdão, e na qual o Brasil, bronze, alcançou o primeiro pódio coletivo da nação e da América do Sul.
Na artística masculina, o japonês Shinnosuke Oka assumiu-se como a grande figura, saindo de Tóquio com o mesmo número de ouros que Simone Biles - campeão no ‘all-around’, no concurso por equipas e na barra fixa -, e teve ainda um bronze nas paralelas.
O seu compatriota Daiki Hashimoto, que chegou a Paris como campeão olímpico do ‘all-around’ e da barra fixa, conseguiu apenas o ouro no concurso por equipas, onde acabou por ser decisivo na barra fixa, depois de dois erros que podiam ter comprometido no cavalo com arções.
A final por equipas, sem a Rússia, detentora do título, foi emocionante e com resultado incerto até ao final, e permitiu ao Japão aumentar para oito o recorde de títulos olímpicos, deixando a prata para a China, a única que conseguiu ‘dar luta’, e o bronze para os Estados Unidos, que não subiam ao pódio desde Pequim2008.
Nas provas masculinas, das quais a China sai ‘apenas’ com dois ouros, nas paralelas e nas argolas, Carlos Yulo fez história, ao conseguir a primeira medalha de ouro para a ginástica filipina, sagrando-se campeão olímpico no solo, e no dia seguinte, repetiu o feito na prova de salto.
O feito de Yulo foi repetido por Rhys McClenaghan que, ao sagrar-se campeão olímpico no cavalo com arções, conseguiu o primeiro ouro na artística para a Irlanda.
Filipa Martins voltou a fazer história ao ser a primeira portuguesa a atingir uma final de ‘all-around’, competição que terminou na 20.ª posição, depois de em Tóquio2020 ter sido 43.ª no concurso completo, ficando aquém do 37.º posto alcançado no Rio2016 que era, até Paris2024, o melhor resultado luso de sempre.
Os Estados Unidos fecham as competições de ginástica artística no primeiro lugar do quadro de medalhas, com um total de 10, três das quais de ouro, e todas envolvendo Simone Biles.
O Japão ocupou a segunda posição, com quatro medalhas, três das quais de ouro – todas com a assinatura de Shinnosuke Oka – e a China foi terceira, com dois ouros, num total de nove medalhas.
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