José Manuel Constantino lembrou hoje que a naturalização de atletas é “uma tendência europeia” e não acontece apenas em Portugal, notando que a missão portuguesa aos Jogos Olímpicos Tóquio2020 tinha 19 desportistas que não nasceram no país.

“Nós estamos perante um problema que é um problema que nós já falámos várias vezes, nós tivemos na nossa missão olímpica 19 atletas que não nasceram em Portugal”, recordou o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), referindo-se à delegação de 92 desportistas que esteve nos últimos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

José Manuel Constantino pronunciava-se na sequência da polémica entre Nelson Évora, campeão olímpico do triplo salto em Pequim2008, e Pedro Pichardo, ouro na mesma disciplina em Tóquio2020, em que o primeiro, em entrevista à rádio Observador, disse que Pichardo tinha sido comprado, contestando ainda a rapidez no seu processo de naturalização, em contraponto com o seu.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente do organismo olímpico notou que desses 19 atletas “uns iniciaram a sua formação desportiva em Portugal, outros já tinham iniciado noutros países e concluíram em Portugal e outros já tinham a sua formação desportiva concluída”.

“Alguns até já tinham participado pelos países de origem nos Jogos Olímpicos. E portanto, esta realidade, que é uma realidade à escala nacional bem mais pequena do que aquela que acontece na generalidade dos países europeus, com a migração de muitos atletas para países com economias mais fortes e podendo dar situações mais sustentáveis do ponto de vista das carreiras, é uma tendência europeia. Portugal não é uma situação exclusiva”, salientou.

Sem distinguir entre aqueles que vieram para o país “por iniciativa própria” e aqueles “que vieram porque foram convidados para vir”, o presidente do COP defendeu que é necessário integrar “essa dimensão e essa diferenciação” nas representações nacionais.

“Devo até dizer que o caso do Pichardo nem foi aquele em que o processo de naturalização foi mais rápido. Nem é esse o caso. Nem foi esse o caso. E mais, ele já estava naturalizado e ainda não podia competir porque Portugal”, lembrou, diferenciando o processo de naturalização “do ponto de vista administrativo e do ponto de vista político” da vertente desportiva.

Da missão olímpica de Tóquio2020, não nasceram em Portugal, além de Pichardo (Cuba) e Évora (Costa do Marfim), as atletas Evelise Veiga, Auriol Dongmo e Lorene Bazolo, os andebolistas Alexis Borges, Daymaro Salina e Victor Iturriza, a cavaleira Luciana Diniz, o canoísta Antoine Launay, o ginasta Diogo Abreu, os judocas Jorge Fonseca, Barbara Timo, Rochele Nunes e Anri Egutidze, as mesatenistas Fu Yu e Shao Jieni, a nadadora Tamila Holub e a triatleta Melanie Santos.