O Comité Olímpico de Portugal (COP) já esperava ter mais apurados para os próximos Jogos Olímpicos, mas, a um ano do início de Paris2024, o chefe da missão portuguesa confia que os objetivos estabelecidos serão cumpridos.

“Não vou esconder, esperávamos pelo menos uma equipa. […] Sabíamos que podíamos classificar a seleção nacional de sub-21 de futebol para os Jogos. E esperávamos, como esperávamos em Tóquio, que essa situação pudesse voltar a acontecer. […] Na história das seleções jovens de futebol, não há tantos registos assim nas fases finais de campeonatos da Europa em que não cheguemos às meias-finais”, assumiu Marco Alves, em entrevista à Lusa.

O chefe da missão de Portugal a Paris2024 referia-se à eliminação da seleção nacional nos quartos de final do Europeu sub-21 de futebol, em 02 de julho, com uma derrota frente à Inglaterra, que afastou definitivamente os lusos dos próximos Jogos Olímpicos.

“A história acompanhava-nos nesta expectativa e, efetivamente, não foi possível. Portanto, neste momento, o grande número, ou melhor, aquilo que poderia aumentar o contingente da missão de Portugal aos Jogos de Paris seria a presença do futebol, que era expectável […]. Mas, de mais modalidades, o processo está a decorrer. Há muita coisa por acontecer ainda. Falta um ano para os Jogos. Temos a expectativa, tendo também ainda o andebol a concorrer para esta qualificação, de poder chegar ou superar o número de atletas que levámos a Tóquio”, afirmou.

Na capital japonesa, nos Jogos que decorreram apenas em 2021 devido à pandemia de covid-19, Portugal esteve representado por 92 atletas, tal como aconteceu cinco anos antes, no Rio2016, e Marco Alves acredita que a expectativa de alcançar essa cifra continua intacta.

“Tradicionalmente, se recuarmos a 2008 e 2012, sem modalidades coletivas, temos missões a rondar os 77, 76 atletas. Quando passámos a integrar, tanto no Rio, com o futebol, como em Tóquio, com o andebol, […] ultrapassámos as nove dezenas. E eu acho que esse é um número, com o andebol, naturalmente, que é possível garantir para a edição de Paris”, sustentou.

Nos próximos meses vai haver um conjunto de competições que “podem dar ainda quotas de qualificação” para os Jogos que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto de 2024, recordou, destacando que a missão portuguesa “também assenta muito em modalidades que apuram pelo ranking”, pelo que há “atletas que têm marca de qualificação”, como Auriol Dongmo, no lançamento do peso, ou Isaac Nader, nos 1.500 metros, “que só vão ver as suas qualificações confirmadas quando fechar o período do ranking”.

“Portanto, vamos apontar para um aumento considerável da delegação para o próximo ano, por via, exatamente, dos próprios sistemas de qualificação das modalidades”, completou.

Sobre a preparação para Paris2024, Marco Alves considerou que ‘ansiedade’ é “a palavra certa” para definir o estado de espírito dos olímpicos portugueses.

“Acho que, independentemente da experiência que já têm, a ansiedade faz parte do processo. E acho que é até uma condição salutar”, reforçou, estimando que há motivos para a missão portuguesa estar otimista, até atendendo aos resultados dos Jogos Europeus Cracóvia2023.

No entanto, Alves ressalvou que a melhor prestação de sempre de Portugal naquele evento não tem necessariamente reflexo nas expectativas olímpicas, uma vez que “há um conjunto de modalidades que, pura e simplesmente, não fazem parte do programa desportivo dos Jogos Olímpicos”.

“Ainda que seja muito bom em contexto dos Jogos Europeus, não pode ser feita uma analogia tão direta para aquilo que poderá acontecer em Paris no próximo ano. Naturalmente, os bons resultados influenciam”, considerou.

O COP traçou como objetivos para Paris2024 um maior número de modalidades representadas, o mesmo número de medalhas conquistadas em Tóquio2020 – quatro -, e um maior equilíbrio de género, algo que o chefe de missão continua a acreditar que é possível.

“Os objetivos foram estabelecidos numa fase um pouco difícil de estabelecer. Nós entendemos que têm de ser definidos, porque estamos a contratar recursos públicos para o fazer e tem de haver uma baliza para o que é possível alcançar com aquele recurso financeiro, e isso é feito numa altura em que os processos de qualificação ainda não estão divulgados, ainda não estão a andar, em que alguns atletas ainda estão a decidir se continuam ou não a sua carreira internacional. Claro que temos sempre a referência do que aconteceu no passado e o desporto é mesmo assim. A natureza dos atletas é essa e as organizações têm naturalmente de acompanhá-la. Continuamos a acreditar que é possível e temos de fazer a nossa parte”, declarou.