O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) assumiu a satisfação com o valor desportivo e a dimensão da missão lusa aos Jogos Tóquio2020, reconhecendo capacidade para a disputa de medalhas.
Em entrevista à agência Lusa, José Manuel Constantino admitiu que esperava o apuramento de atletas em karaté, tiro e futebol, ficando, por isso, aquém do objetivo de 19 modalidades em prova, entre 23 de julho e 08 de agosto.
“Estou satisfeito em relação aos objetivos atingidos, de número de atletas, percentagem de género, tínhamos estabelecido como limite os 60% de homens. Com algumas boas surpresas que o apuramento suscitou, como a questão do andebol, as duas mulheres no surf, o jovem das águas abertas [Tiago Campos], mas não estou satisfeito relativamente ao número de modalidades previstas”, afirmou.
O presidente do COP considera que o valor da missão “está em linha” com a apresentada no Rio2016, onde Portugal conquistou uma medalha de bronze, pela judoca Telma Monteiro, e 10 diplomas (classificações entre o quarto e oitavo lugares), confirmando que as expectativas de resultados estão “em consonância com essa avaliação”.
“Na história recente, em Pequim2008, tivemos um conjunto de atletas nas primeiras posições do ‘ranking’ e laureados com títulos mundiais, o que, depois, não foi convertível em pódios, resultados alcançados. Portanto, temos de ser muito prudentes nessa avaliação. O que digo é que temos valor desportivo suficiente para um conjunto de atletas com capacidade de discutir posições de pódio. Oxalá se traduza em posições de pódio, mas é preciso prudência e reserva”, sublinhou.
Constantino recordou com que a elite portuguesa “é muito reduzida, muito pequena”, para justificar este cuidado, apesar da presença de um campeão do mundo e quatro ‘vices’ na missão.
“Basta as coisas não correrem bem em duas ou três situações para não conseguirmos atingir os nossos objetivos. É diferente das delegações com centenas de atletas. Metade pode falhar, basta que 10% estejam com as estrelas alinhadas, têm sucesso e a avaliação é sobre essa parte que teve sucesso, ignorando-se a outra. Com Portugal, a situação é muito severa porque temos uma elite muito reduzida e basta que algumas coisas não corram bem para não conseguirmos os objetivos”, advertiu.
É com este misto de confiança e prudência que o responsável olímpico reafirmou os objetivos apresentados e estabelecidos no contrato-programa, da obtenção de duas medalhas, 12 diplomas e 26 classificações iguais ou acima do 16.º lugar.
“A avaliação que fazemos relativamente aos atletas da missão não nos leva a alterar essa possibilidade. Mantemo-nos fiéis a esses objetivos”, vincou, sem excluir alguma surpresa: “Sim. Tivemos o Sérgio Paulinho em Atenas2004 [prata na prova de fundo de ciclismo de estrada]. Podem sempre acontecer posições de pódio em atletas com valor para estar nos Jogos, mas a quem não se cria expectativa de alcançar pódios”.
Portugal vai estar representado por 92 atletas, em 17 modalidades, nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto, depois do adiamento por um ano devido à pandemia de covid-19.
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