Os velejadores portugueses Pedro e Diogo Costa são dois irmãos a caminho da estreia em Jogos Olímpicos, em Tóquio2020, com o maior evento desportivo mundial a marcar a despedida da dupla, por mudanças na classe 470.
“A classe 470 vai passar a ser mista, um homem e uma mulher, e vamos separar a nossa equipa. Não vamos poder navegar mais juntos no 470. É a última regata que vamos fazer os dois”, conta Pedro Costa, um de dois engenheiros em potência, com formação superior, ‘emprestados’ à vela.
Esta sensação de fim iminente tem norteado o ano de 2021 dos dois jovens, que já tinham sentido a possibilidade a chegar no Mundial, já que, sem a qualificação olímpica aí garantida, teriam competido juntos pela última vez.
De resto, como admite, nunca conheceram “outra realidade”. “Mas sentimo-nos muito bem a fazer isto os dois. Há alturas com muitíssimas dificuldades, outras de muitíssima alegria, como no Mundial”, em que se qualificaram e foram vice-campeões mundiais, conta.
E se “já aí foi muito especial”, nos Jogos “vai ser igual”, e o legado luso na vela não mente. Os irmãos José Manuel e Mário Quina foram à prata em Roma1960, 12 anos depois da aliança fraterna Fernando e Duarte Bello ter sido ‘vice’, em Londres1948.
“É a última vez que vamos poder aproveitar do melhor de cada um e fazê-lo no melhor palco do desporto, na estreia, enquanto somos jovens. Os dois adoramos essa questão. Apesar de todas as dificuldades, tudo se supera no dia da regata”, confessa Pedro Costa.
E por isso mesmo, e por ser “uma honra ir aos Jogos”, o primeiro objetivo é “chegar à ‘medal race’”, entre os 10 melhores, e discutir depois “objetivos mais altos”.
“Se houver possibilidade de medalha, é o que vamos fazer. Não é só ficar na ‘medal race’, esse é o primeiro objetivo. Depois, qualquer oportunidade que tivermos...”, referem.
O ‘vice’ mundial não ‘pesa’, até porque são “um campeonato especial, diferente do normal”, mas antes dá “um bom indício” para o Japão, onde o trabalho duro se sobrepõe aos sonhos. “O sonho fica na almofada”, brinca Pedro Costa, referindo-se à determinação que colocam nos objetivos.
Os dois têm formação em engenharia e Pedro Costa reconhece que a vela tem algumas semelhanças no trato, nomeadamente o trabalho com “materiais muito diferentes e coisas bastante dinâmicas”.
“O procedimento que nos ensinam na faculdade, de ser analítico, pegar num problema e criar várias hipóteses de solução, pesar os prós e contras e adotar uma. É mais ou menos o mesmo de uma campanha olímpica. Não é só andar no barco, há um monte de escolhas pelo caminho”, refere.
Portugal vai estar representado por 92 atletas, em 17 modalidades, nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser disputados entre sexta-feira e 08 de agosto, depois do adiamento por um ano, devido à pandemia de covid-19.
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