Os objetivos do Comité Olímpico de Portugal (COP) para Tóquio2020 foram “plenamente atingidos”, congratulou-se hoje o presidente do organismo, José Manuel Constantino, ambicionando que esse “êxito” ajude ao desenvolvimento do desporto nacional.
“Os objetivos desportivos foram plenamente atingidos e, em algumas circunstâncias, até ultrapassados. É um facto que os resultados alcançados são os melhores de uma representação nacional”, elogiou o dirigente, no balanço ao desempenho dos 92 atletas da Missão de Portugal aos Jogos Olímpicos.
Em conferência de imprensa, José Manuel Constantino recordou o contrato programa com o Estado que previa que, a troco de 18,5 milhões de euros (ME) para a preparação, fossem atingidas um mínimo de duas posições de pódio, quando Portugal conquistou quatro.
Do mesmo modo, foi fixada a meta de 12 diplomas, classificações até à oitava posição, quando foram alcançadas 15, “incluindo as de pódio”, e foram estabelecidos 26 desportistas nos 16 primeiros quando a marca obtida chegou aos 36.
Foi estabelecido ainda o aumento da pontuação de resultados obtidos nas classificações nos oito primeiros “em mais de 40 pontos e foram conseguidos 55”.
O dirigente destacou ainda a obtenção de três recordes nacionais e cinco pessoais, as 17 melhores marcas da comitiva em Jogos Olímpicos e as 26 melhores classificações no maior acontecimento desportivo mundial.
Do conjunto de metas fixadas, “algumas não foram atingidas na plenitude, mas muito próximo das estabelecidas”.
Neste campo destacam-se as 19 modalidades presentes na Missão quando só foram conseguidas 17 – recordou as “surpresas” da ausência do futebol, do karaté, do pentatlo moderno e da esgrima, entre outras – e o objetivo de que a participação feminina atingisse os 40% do total.
“Foi de 39,1%, porém, se não contabilizarmos os 14 homens da equipa de andebol, passam a representar 46%”, vincou, reafirmando o compromisso do COP em tentar promover a “paridade entre homens e mulheres”, de forma a que a prática alinhe com o discurso.
A Missão Portugal desejava “um rácio de 80%” de competidores em Tóquio apoiados por projetos de preparação olímpica, quando o valor se fixou nos 75%, “ainda assim, mais 25% do que tinha sido conseguido no Rio2016”.
“Esperamos que este esforço dos nossos atletas, das federações, das modalidades, do COP possa ter ganhos do ponto de vista da concentração de apoios, recursos e medidas que ajudem ao desenvolvimento do desporto nacional. E que possam ser um sinal para a sociedade portuguesa de que temos, no contexto do sistema desportivo internacional, valor e competitividade que jamais tinha sido alcançada”, assinalou.
Depois do que considerou ter sido a missão mais bem-sucedida de sempre, Constantino deseja que Portugal se torne “ainda mais forte e competitivo e não regresse à situação anterior”.
O presidente do COP não quis avaliar rendimentos individuais, porém assegura que “não há desilusões do ponto de vista da entrega”.
“Aos que não foi possível superarem-se, não foi por ausência de esforço, dedicação, por não terem sido resilientes. São circunstâncias da vida para os desportistas como as há para todos nós”, sublinhou.
O dirigente olímpico asseverou que os êxitos alcançados no Japão “transmitem à sociedade portuguesa uma imagem muito positiva”, considerando que os compatriotas se sentem “mais felizes” com os mesmos.
“[Os feitos] Melhoram a nossa autoestima e a capacidade de nos valorizarmos e apreciarmos a nossa capacidade e talento. São sinais muito positivos em tempo difícil”, completou.
Agora é o momento de que atletas, treinadores e federações “fazerem um balanço” e, se necessário, promoverem “correções e definição das linhas” de atuação para o futuro, já a pensar em Paris2024.
Assim como o COP não se quer “apoderar” dos feitos dos desportistas, entende que os governantes devem seguir uma linha de recato idêntica, considerando que o país só ganha se houver “cidadania política”.
“Há quem corra a associar-se. E quem, perante o sucesso, o aplaude, celebre e mantenha distanciamento cívico que separe o que é o sucesso do atleta e a obrigação do Governo, do COP. Devemos estar presentes nos momentos bons e maus, mas não sermos invasivos. Antes efusivos na celebração e modestos na forma como nos associados aos resultados de quem sofre a bom sofrer para ficarmos satisfeitos”, concluiu.
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