A Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) mostrou-se hoje solidária com os judocas lusos, estando a acompanhar com atenção e preocupação a suspensão da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) e as suas dificuldades financeiras.

“Neste momento particularmente sensível, reafirmamos que a principal preocupação da CAO é e continuará a ser o bem-estar dos atletas. Expressamos solidariedade para com todos os judocas portugueses, que enfrentam esta conjuntura com natural apreensão, alheios às decisões e processos de natureza administrativa”, pode ler-se em comunicado enviado à agência Lusa pela entidade integrada no Comité Olímpico de Portugal (COP).

A FPJ foi notificada na terça-feira da suspensão por um ano, imposta pela Federação Internacional de Judo (FIJ), devido a dívidas ao organismo regulador da modalidade que perfazem 800.000 euros, a quase duas semanas do início dos Mundiais, em Budapeste.

“Acreditamos que é fundamental que esta situação encontre uma resolução célere, com especial foco na garantia das condições ideais para que os atletas possam prosseguir os seus percursos desportivos com estabilidade e dignidade, tal como é o compromisso constante desta Comissão”, enquadrou a CAO, liderada pelo ex-canoísta Emanuel Silva.

Portugal deverá competir na capital húngara, entre 13 e 18 de junho, com seis judocas, entre os quais o campeão mundial em 2019 e 2021 Jorge Fonseca (-100 kg), a campeã europeia vigente Patrícia Sampaio (-78 kg) e a ‘vice’ continental Catarina Costa (-48 kg).

Estão também inscritos Miguel Gago (-66 kg), Otari Kvantidze (-73 kg) e Taís Pina (-70 kg), que não têm a participação em risco, mas poderão ter de competir sem a bandeira portuguesa, conforme já reconheceu à agência Lusa o presidente da FPJ, Sérgio Pina.

“Reiteramos a importância de que, mesmo em contextos delicados como o que vivemos, se mantenha o reconhecimento pelo esforço, integridade e compromisso dos atletas, salvaguardando a sua dignidade e distinguindo claramente o seu papel das questões de gestão institucional”, terminou a CAO, já depois de o líder do COP, Fernando Gomes, ter vincado que o organismo olímpico estar a fazer tudo para encontrar uma solução célere.

Na decisão disciplinar da FIJ, à qual a Lusa teve acesso, o organismo detalha o histórico da dívida, que ascende a 800.000 euros e que engloba a contratualização de dois dos quatro Grand Prix (2023 e 2024) que Portugal tinha disputado, no valor de 500.000 euros, acrescidos de uma verba de 300.000 euros referente aos Mundiais de juniores de 2023.

“Uma federação-membro cujas taxas de adesão ou quaisquer outras taxas, ‘royalties’ ou dívidas para com a FIJ ou União Continental à qual pertence não forem pagas até 31 de maio de cada ano, não será autorizada a participar nos Jogos Olímpicos, campeonatos mundiais ou qualquer outro evento realizado sob os auspícios da FIJ”, frisa o organismo.

A federação internacional deu conta dos avisos sucessivos efetuados junto da FPJ sobre os valores em dívida, em fevereiro, março e abril, junto com a missiva enviada por Sérgio Pina àquele organismo, na qual enquadrava as dificuldades financeiras no judo nacional.

Posteriormente, a FIJ deu um prazo até 13 de maio à FPJ, que, ainda sem um reforço de apoio estatal, tentou transferir 50.000 euros, que o organismo internacional não recebeu.