Salomé Afonso expressou hoje a sua satisfação com a primeira grande conquista internacional, ao sagrar-se vice-campeã da Europa nos 1.500 metros em pista curta, em Apeldoorn, nos Países Baixos.

“Há a libertação de: ‘fogo, finalmente’. Eu sabia que isto está a chegar”, desabafou a atleta do Benfica, de 27 anos, na zona mista da Arena Omnisport Apeldoorn, após terminar as sete voltas e meia à pista neerlandesa na segunda posição, com o tempo de 04.07,66 minutos, apenas atrás da francesa Agathe Guillemot (04.07,23).

Invariavelmente, Salomé Afonso confessava a desilusão nos balanços das suas provas internacionais, o que espera ter deixado para trás das costas.

“Foi um ‘mix’ de: não acredito que fui medalha de prata, mas sim, acredito, porque trabalhei muito. Desde que comecei com o [treinador] Enrique [Pascual Oliva] o processo mudou 360 graus. Há muito que sabia que podia fazer este tipo de resultado. Se acreditar em mim, for relaxada, for eu mesma, pode sair uma coisa interessante, e consegui. Já esperava há muito tempo”, reconheceu.

Agora, “ganhar uma medalha é como passar uma final”: “Quando fazemos pela primeira vez, é mais fácil, porque pensamos que conseguimos”, vincou.

“Posso ser mesmo sincera? Vim para a prova a pensar que podia ser medalhada. Sabia que havia duas atletas, a [britânica] Georgia Hunter Bell [que acabou por terminar em quarto] e a Agathe, que acabou por ser campeã da Europa, com essa confiança que eu ainda não tinha atingido. Mas nunca achei que não fosse favorita às medalhas. Acreditei sempre nisso”, sublinhou, apressada, para ver a corrida do namorado Isaac Nader, que acabaria por conquistar o bronze na mesma distância.

Conquistada a prata, Salomé Afonso enfrenta no sábado as semifinais dos 3.000 metros.

Já Patrícia Silva, apesar de protagonizar a sexta final da família nos 1.500 metros, depois das três vitórias do pai, Rui Silva, e das duas do avô, Carlos Cabral, estreou-se com o sétimo lugar, em 04.09,97.

“É a primeira vez que estou nesta distância em palcos internacionais. Ainda tenho muito a aprender e é vir aqui que se aprende. Já fiz a minha primeira experiência, agora é continuar. Chegar à final e ficar em sétimo, com o resto da época que tenho feito, deixa-me de coração cheio. É claro que é sempre um sabor agridoce, uma pessoa quer sempre fazer melhor e é o que nos move”, começou por dizer a atleta do Sporting.

Aos 25 anos, só tinha disputado os 800 metros nos Mundiais ao ar livre Budapeste2023, em grandes competições.

“Se esta prova já é uma confusão, os 800 são ainda mais. Tenho um carinho muito especial pelas duas, mas agora estou bem aqui. Vou continuar a fazer os 800, vamos ver o que acontece. Nestas distâncias, nunca nos sentimos confortáveis porque querem sempre roubar-nos o lugar. Estamos no nosso lugar, quietinhos, e vem alguém chatear-nos, e nós também fazemos o mesmo às outras”, explicou.

Com a primeira final, ficou também a vontade de melhorar.

“Este sabor agridoce ajuda-nos a querer chegar mais longe, não é só quem ganha medalhas. Nós que estamos atrás também queremos roubar o lugar deles”, rematou Patrícia Silva.

Os 1.500 metros são das provas mais profícuas para Portugal em Europeus sob telha, juntando-se hoje a prata de Salomé Afonso e o bronze de Isaac Nader aos títulos de Rui Silva, três, e de Carla Sacramento, que continua a deter o recorde nacional, com o tempo de 04.04,11 minutos, alcançados em Liévin, em França, no dia 25 de fevereiro de 2001, e a melhor classificação lusa, com a vitória em Estocolmo1996.