A atleta ucraniana Yaroslava Mahuchikh, medalha de bronze na prova de salto em altura de Tóquio2020, recordou “o pesadelo” que viveu para viajar de uma Ucrânia em guerra até Belgrado, onde disputará os Mundiais de pista coberta.
“Demorei mais três dias para chegar aqui, foi uma viagem muito stressante. Foram centenas de telefonemas, inúmeras mudanças de trajeto, explosões, incêndios, sob o som dos alarmes antiaéreos”, revelou Mahuchikh, em entrevista publicada hoje no sítio oficial na Internet da European Athletics.
A atleta ucraniana “gostaria de pensar que tudo não passou de um pesadelo”, mas sabe que é o dia-a-dia de um país que vive ao ritmo dos bombardeamentos russos: “É a realidade da guerra”, lamentou a vice-campeã mundial, de 20 anos.
“Após horas de pânico total, deixámos a nossa cidade de Dnipro há três semanas, quando o conflito eclodiu, e mudámo-nos para uma pequena localidade, não muito longe de casa”, recordou Mahuchikh, uma das seis atletas ucranianas que vão competir em Belgrado, entre 18 e 20 de março.
A saltadora explicou que, naquele momento, “ninguém pensou sequer em treinar”, porque estavam obrigados “a passar os dias nas caves dos edifícios”, enquanto ouviam, “minuto a minuto”, com angústia, as notícias da invasão russa.
“Devemos lutar em qualquer lugar para provar a nossa força e determinação. A minha linha da frente nos próximos dias será a competição feminina do salto em altura nos Mundiais de pista coberta”, advertiu Mahuchikh.
A atleta ucraniana não encontrará oposição russa na competição, uma vez que a World Athletics seguiu a recomendação do Comité Olímpico Internacional (COI) e proibiu a participação de atletas russos e bielorrussos nos Mundiais de pista coberta e ao ar livre, em Eugene (Estados Unidos), em julho.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com o apoio da Bielorrússia, condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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