João Abrantes, responsável técnico da seleção portuguesa de atletismo em Dublin, fez hoje «um balanço negativo» da participação na I Liga do Campeonato da Europa de Nações, em que Portugal foi quinto, falhando o regresso à SuperLiga.
«Tínhamos o objetivo de subir à Superliga, afirmámos isso e assumimos esse objetivo antes de partir para Dublin. Ficámos em quinto lugar, a 30 pontos do terceiro e da subida, logicamente a análise tem de ser negativa», disse João Abrantes, em declarações divulgadas pela Federação Portuguesa de Atletismo.
Ainda assim, o técnico ressalta, nos dois dias de prova em Dublin, uma maioria de resultados na primeira metade da classificação: «Na primeira metade da tabela, nos seis primeiros, tivemos 24 dos 40 atletas. Tivemos oito lugares no pódio e 15 até à quarta posição».
Em termos individuais, sobressaem os dois segundos lugares, de Alberto Paulo, nos obstáculos, e Edi Maia, no salto com vara: «Foram as duas melhores classificações portuguesas», destaca, referindo-se ainda em especial à prestação das «duas atletas mais jovens da equipa».
Cátia Azevedo, que teve «um resultado muito bom nos 400 metros, com condições péssimas, e conseguiu baixar dos 54 segundos», e Teresa Carvalho, no salto em comprimento, «muito perto do seu recorde pessoal e com uma quarta posição, quando tinha a 12.ª marca entre as participantes».
«Essas duas jovens representam o que tem de ser o futuro do atletismo português, atletas de qualidade em todas as disciplinas, que não se inibem perante os adversários e conseguem grandes resultados», disse.
Para João Abrantes, a atual seleção portuguesa «tem um problema que sempre teve, o não ser homogénea».
«Temos muitas disciplinas em que não conseguimos competir a este nível e, apesar de termos a maioria das provas na primeira metade da tabela, tivemos alguns últimos lugares e alguns antepenúltimos».
Assim sendo, com essas classificações menos boas, no final é «impossível conseguir o objetivo de lutar pelo terceiro lugar».
«Tivemos ao longo do tempo uma grande ajuda do setor de meio-fundo, em que normalmente, quando disputávamos a I Liga, tínhamos muitas vitórias e lugares entre os três primeiros. Começa a ser cada vez mais difícil conseguirmos isso», explicou ainda. «Já que não temos essa ajuda tão grande do setor de meio-fundo, temos de ter um atletismo muito mais homogéneo, para não perdermos pontos que depois não nos deixam alcançar os objetivos».
Em termos de equipa e ambiente, «não há nada a apontar ao atletas, deram o seu máximo», mesmo sem melhorarem as marcas pessoais. Só que «nenhum atleta esteve bem nesta prova em termos de resultados, nenhum português e nenhum de outro país, porque as condições que encontrámos aqui, o vento, chuva e frio (13 graus centígrados à hora das provas), impediram a obtenção de bons resultados», adiantou.
«É pena que a competição não se tenha realizado com um clima que permitisse um conjunto de bons resultados, foi uma oportunidade desaproveitada a esse nível», disse ainda.
João Abrantes elogiou também a «disponibilidade» das fundistas Jessica Augusto e Dulce Félix integrarem a equipa - «fizeram o seu melhor, mas logicamente neste momento a orientação do seu treino está direccionado para distâncias mais longas» - e destacou a boa "segunda linha" de jovens que ficou em Portugal: «A equipa é jovem e também há muitos atletas jovens que ficaram em Portugal e que podiam ter feito parte desta equipa. É nisso que temos apostar, apoiar esses jovens no treino e alta competição».
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