O turco Ahmet Orken, tetracampeão da Turquia de contrarrelógio, vai deixar a Israel Cycling Academy, primeira equipa israelita profissional de ciclismo, devido ao agudizar das tensões no Médio Oriente provocadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
“Estou muito grato pela oportunidade. Infelizmente, os eventos recentes forçaram-me a isto. A minha família em Konya – e especialmente a minha mãe e o meu irmão – ficaram numa situação horrenda. Embora agradecido por ser um ciclista profissional, sou, acima de tudo, um filho e irmão dedicado”, disse Ahmet Orken, citado pela equipa israelita.
A Israel Cycling Academy concordou libertar o corredor do seu vínculo, válido até ao final de 2019, naquela que considerou uma “decisão de partir o coração”.
Já depois de ter cumprido o primeiro estágio com a equipa, as tensões na região aumentaram, sobretudo depois de 06 de dezembro, quando os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como capital de Israel.
“Esta é uma decisão que nos parte o coração. O Ahmet é um grande atleta e uma excelente pessoa. Uniu-se ao nosso programa com a visão e o compromisso de colocarmos o desporto – e com isso a paz – acima da política. Foi uma decisão corajosa e que foi recebida com amplo apoio por israelitas e turcos. Apesar da desilusão, só queremos o melhor para ele e para a sua família”, referiu o diretor-geral da equipa, Ran Margaliot.
Esta formação israelita foi criada em 2014, com a ajuda do tricampeão do mundo de fundo Peter Sagan, e tornou-se a primeira do país a alcançar o estatuto de Continental Profissional, em 2017, ambicionando também tornar-se a pioneira em grandes Voltas, nomeadamente com a Volta a Itália de 2018, que vai partir de Jerusalém.
A decisão norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, divulgada a 6 de dezembro provocou fortes reações internacionais.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, tem sido um dos mais veementes críticos da decisão do Presidente norte-americano.
Israel anexou a parte leste de Jerusalém, que passou a controlar desde a guerra de 1967, e votou uma lei que torna a cidade santa a sua capital “indivisível”. Esta anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e os palestinianos consideram Jerusalém leste como a capital do seu futuro Estado.
A Turquia e Israel normalizaram as suas relações em 2016, após uma grave crise diplomática motivada por um ‘raide’ israelita contra um navio de uma ONG turca que se dirigia para a Faixa de Gaza em 2010.
Os dois países intensificaram a sua cooperação, em particular no domínio da energia, mas Erdogan continua a criticar regularmente a política israelita.
Na quinta-feira, o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel foi declarado “nulo e sem efeito” por 128 países-membros da Assembleia-geral da ONU numa votação que decorreu na sede das Nações Unidas.
Entre os 193 países-membros da ONU, nove votaram contra a resolução, sem caráter vinculativo, e 35 optaram pela abstenção.
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