Ricardo Vilela, o trabalhador mais consensual e mais cobiçado do pelotão português, deu o salto para a Caja Rural e agora, na sua nova vida internacional, sonha com a participação na Volta a Espanha em bicicleta.
O jovem transmontano, de 27 anos, era, há muito, apontado como um dos indiscutíveis no assalto à `amarela´ mais apetecida do calendário. Esteve na quinta vitória (um recorde) de David Blanco na Volta a Portugal em 2012 e, no ano passado, levou Gustavo Veloso ao triunfo, acabando, ainda assim, na sexta posição da geral.
Não é, portanto, de estranhar que a Caja Rural, sempre atenta ao pelotão vizinho, o tenha contratado, a exemplo do que fez com André Cardoso, em 2012, quando o trepador era também o mais desejado gregário da caravana lusa.
“É algo que eu procurava há já bastante tempo, ter uma oportunidade de saltar além fronteiras e a possibilidade de estar na Caja Rural foi aproveitada ao máximo por mim e espero dar o meu melhor aqui”, assumiu à Agência Lusa.
Como seria de esperar, Vilela recebeu propostas para ficar em Portugal, nomeadamente na W52-Quinta da Lixa.
“Podia ter continuado na equipa onde estava e com muito gosto em continuar com os companheiros que me acompanharam em 2014. Passámos por bastantes dificuldades [salários em atraso], mas unimo-nos todos como uma família para poder levar para a frente a equipa. Mas a proposta da Caja Rural era aquilo que eu sonhava, podia ter outro calendário. Tinha de aproveitar sem olhar para trás”, reconheceu.
Chefe de fila da equipa espanhola, da segunda divisão do ciclismo mundial, na Volta ao Algarve, o corredor de Bragança fala com alegria da “experiência muito boa” de estar no estrangeiro, sem esquecer, no entanto, a qualidade que há no pelotão luso. “Mas não temos uma equipa que possa estar em competições superiores às que temos no nosso país e a Caja Rural oferece-me isso.”
Vilela gostava de seguir os passos de André Cardoso, que, depois de dois anos na formação espanhola, deu o salto para o WorldTour, mas o que verdadeiramente ilumina o seu rosto é a referência à `Vuelta´.
“Vou trabalhar para ter um lugar na equipa da Volta a Espanha. Caso não seja possível, certamente estarei na Volta a Portugal e irei para fazer o melhor”. E o melhor até pode ser lutar pela amarela final, algo que, de momento, prefere não reconhecer, porque “ainda falta muito calendário, muitos quilómetros”.
Quanto à ‘Algarvia’, o ciclista da Caja Rural prefere não intrometer-se numa luta que não é a sua.
“Talvez a condição não seja aquela que eu esperava. Apesar de estar bem, não era aquela [forma] que eu queria ter neste momento. Falta ritmo, visto que a minha última competição foi em agosto”, lamentou.
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