Um erro de sinalização ‘anulou’ hoje a primeira etapa da Volta ao Algarve em bicicleta, com Filippo Ganna, o primeiro a cortar a meta, a recusar vestir a simbólica amarela, num arranque para esquecer da 51.ª edição.

Uma falha de sinalização na última rotunda antes da meta levou dezenas de ciclistas, nomeadamente os principais sprinters do pelotão, a saírem pelo desvio dos carros, pedalando paralelamente à meta, mas do lado errado das baias, que alguns haveriam mesmo de saltar, numa imagem que perdurará, pela negativa, na história da ‘Algarvia’.

Indiferente ao erro dos outros, o italiano da INEOS seguiu o percurso e cortou o risco de meta em primeiro, festejando um triunfo que lhe viria a ser retirado pelo colégio de comissários.

“Segui a via correta. […] Não é problema meu que outros ciclistas sigam o percurso errado. Eu ganhei”, defendeu Ganna, ainda antes de saber que a etapa tinha sido anulada.

O ciclista da INEOS recusou, então, subir ao pódio para envergar simbolicamente a amarela, numa jornada para esquecer para os organizadores, mas também para os sprinters, que viram escapar uma das suas duas previsíveis possibilidades de erguer os braços nesta 51.ª edição.

“O presidente do colégio de comissários cancelou a etapa. É mais do que legítimo, justo, é natural, e a forma mais justa de continuarmos com a Volta ao Algarve. A organização teve uma falha, as imagens estão gravadas. Temos lá um bandeira amarela que não atuou a tempo. Os ciclistas vêm a alta velocidade, se calhar deviam estar dois”, declarou o Cândido Barbosa, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, responsável pela organização da corrida.

O caos do final fez esquecer tudo o que ficou para trás, mas, antes dos desastrosos metros finais, o pelotão percorreu 192,2 quilómetros entre Portimão e Lagos.

Estavam decorridos apenas dois quilómetros e já Gonçalo Oliveira (Anicolor-Tien21), Francisco Morais (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Victor Cesar de Paula (Feirense-Beeceler), Miguel Salgueiro e Francisco Campos (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), Noah Campos (Gi Group-Simoldes-UDO), Diogo Narciso (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) e Nicolás Tivani (Aviludo-Louletano-Loulé) estavam na frente.

Os oito homens das equipas portuguesas trabalharam bem para construir uma vantagem que se chegou a aproximar dos quatro minutos, mas que foi paulatinamente anulada pelas formações dos sprinters.

Para tentar manter viva a escapada, Miguel Salgueiro atacou e Francisco Morais seguiu-o momentaneamente, com o ciclista da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, que já no ano passado deu nas vistas na ‘Algarvia’ na etapa que acabou em Tavira, a ‘sobreviver’ na frente até à entrada nos derradeiros 20 quilómetros.

“No final do dia, sabia que o meu trabalho era arrancar e tentar ser o mais combativo. Assim fiz, foi um dia bastante positivo para nós”, resumiu o português.

O pelotão abordou cautelosamente a técnica aproximação à Avenida dos Descobrimentos, feita por estradas estreitas, com Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) e Geraint Thomas (INEOS), os dois vencedores da Volta a França presentes na ‘Algarvia’, o campeão nacional de fundo Rui Costa (EF Education-EasyPost) e o Prémio Prestígio Julian Alaphilippe (Tudor) a colocarem-se na frente para ‘abrandarem’ o ritmo e evitar percalços.

Quando a estrada melhorou, os candidatos à vitória na etapa inaugural foram assomando, ‘rebocados’ pelos seus blocos, um trabalho deitado a perder por um erro que, como descreveu Cândido Barbosa, ‘manchou’ irremediavelmente a 51.ª Volta ao Algarve, que na quinta-feira terá a sua primeira jornada a contar nos 177,6 quilómetros entre Lagoa e o Alto da Fóia, onde está instalada uma contagem de categoria especial.