O ciclista colombiano Egan Bernal (INEOS), líder da Volta a Itália, cifrou hoje em 1.30 minutos a vantagem necessária sobre os seus rivais, nomeadamente o belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), para segurar a ‘maglia rosa’ até Milão.
Vestido de rosa no primeiro dia de descanso do Giro, o ciclista de 24 anos considerou que as maiores dificuldades da prova, que termina em 30 de maio com um contrarrelógio em Milão, ainda estão por chegar.
“A fase mais dura da corrida está a chegar e terei de estar num bom nível se quiser ganhar o Giro. Olhando para o contrarrelógio final, chegar aí com menos de um minuto de vantagem é ‘curto’. Penso que para estar um pouco mais tranquilo tinha de ter uma vantagem de 1.30 minutos, sobretudo se o rival for um corredor da categoria de Remco Evenepoel”, destacou o vencedor do Tour2019.
Bernal antecipou uma segunda metade “muito intensa” da Volta a Itália, o que, na sua opinião, ‘cavará’ maiores diferenças entre os candidatos à vitória final.
“Não sei se estou no meu melhor momento. Espero estar forte na última semana e espero recuperar bem depois de cada etapa. Muitas coisas vão depender da recuperação e acredito que, se recuperar bem, estarei em boa forma para a última parte do Giro”, resumiu.
O colombiano, cujo estado de forma era uma incógnita antes do arranque da 104.ª edição da ‘corsa rosa’ – arrastava problemas de costas desde o Tour do ano passado, em que desistiu -, reconheceu que precisa de continuar a ‘roubar’ tempo aos adversários que andam bem no ‘crono’.
“Falta muito Giro, haverá dias chave para tentar atacar e fazê-lo da melhor forma possível, mas também não posso atacar todos os dias”, completou na habitual conferência de imprensa do camisola rosa no dia de descanso da prova.
Bernal tem Remco Evenepoel no segundo lugar, a 14 segundos, e o prodígio belga não nega a sua pretensão de ‘assaltar’ o primeiro posto.
“Se não pensasse que posso ganhar o Giro, se não acreditasse em mim, não teria estado no arranque em Turim. Não sinto nenhuma pressão, simplesmente estou feliz por estar de volta à competição depois de nove meses sem competir”, disse o jovem de 21 anos, que sofreu uma queda grave na Volta à Lombardia do ano passado, fraturando a pélvis depois de cair de uma ravina.
Questionado sobre a sua rivalidade com o colombiano da INEOS, o chefe de fila da Deceuninck-QuickStep notou que esta é a primeira vez que os dois vão realmente medir forças e disse sentir “honra” por estar a bater-se com um ciclista que já ganhou a Volta a França.
“Se és um vencedor, queres ganhar todos os dias. Por isso, não penso como o Egan”, declarou, referindo-se à tal margem de 1:30 que Bernal diz precisar para segurar a camisola rosa no contrarrelógio de Milão.
Evenepoel, considerado o sucessor do mítico Eddy Merckx – uma comparação que o próprio rejeita -, lembrou que a luta pelo Giro não se resume a si e ao homem da INEOS.
“Há corredores como Vlasov, [Simon Yates]… Ainda ninguém perdeu o Giro. Na semana passada, as diferenças foram mínimas, não eliminaram ninguém do ‘top 10’ na luta pela camisola rosa. Além disso, ainda falta muito”, pontuou o colega do português João Almeida, que viu o belga ‘destroná-lo’ da liderança da formação belga.
Referido por Evenepoel, o russo Aleksander Vlasov (Astana), terceiro na geral a 22 segundos da liderança, também alinhou no discurso de que “o pior está para vir”.
“As etapas do ‘sterrato’, a subida ao Zoncolan e as jornadas nos Dolomitas podem revolucionar tudo. Por isso, o principal para mim agora é manter a concentração e, com o apoio da equipa, dar 100% todos os dias”, disse.
Para Vlasov, Bernal e Evenepoel “parecem muitos fortes, mas há outros rivais capazes de tudo”.
“Estou a Viver a corrida dia a dia, estou a ter uma experiência muito valiosa em cada etapa e vou manter esta tática nos próximos dias e semanas”, rematou, na véspera de o pelotão voltar à estrada, em Perugia, para cumprir os 162 quilómetros da 11.ª etapa, com final em Montalcino.
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