O ciclista português João Almeida reconheceu hoje que “o pior ainda está para vir” na Volta a Itália e manifestou alguma descrença na possibilidade de vencer o Giro, mas prometeu “aguentar mais uns dias” a camisola rosa.

“O pior ainda está para vir. A parte final é a mais dura. Serão etapas muito duras, com muito frio também e muitas subidas [a montanhas] cobertas de neve”, observou João Almeida, em conferência de imprensa realizada através da Internet.

O ciclista da Deceuninck-Quick Step, de 22 anos, quer “aguentar mais uns dias a camisola rosa”, símbolo de líder da prova, mas admitiu que não sabe “se isso será possível” até à chegada da última etapa, em 25 de outubro, em Milão, pois tudo dependerá da forma como reagir nas duas últimas semanas da competição.

“Gostava de manter a camisola rosa até lá, mas não sei se isso será possível. Sinceramente, não acredito muito nessa possibilidade [de vencer a Volta a Itália], mas temos de esperar para ver. Nunca disputei uma corrida tão longa, há gente com muito mais experiência do que eu e basta um dia mau para deitar tudo a perder”, assinalou.

Talvez por isso, é “muito bom ter um dia tranquilo e sem qualquer pressão” na liderança do Giro, como acontece hoje, o primeiro dos dois dias descanso para a edição de 2020, até porque a primeira semana foi disputada “em ritmo elevadíssimo, numa altura em que toda a gente está fresca”, acabando por se tornar também “muito dura”.

O facto de ter completado as últimas sete tiradas (entre a terceira e a nona) no topo da classificação geral individual, além da destinada ao prémio da juventude, não faz com que o ciclista natural das Caldas da Rainha se sinta “mais respeitado” pelas grandes figuras do pelotão internacional, mas isso pode ser apenas uma questão de tempo.

“Tendo em conta que só passou uma semana, olham para mim como alguém que tem capacidade. Mas como alguém que lhes deve causar preocupação na luta para vitoria? Ainda não. Se mantiver a camisola rosa durante mais uma semana, se calhar, vão pensar de forma diferente”, advertiu.

O detentor da camisola rosa “não fazia a mínima ideia” que poderia estar hoje a disputar uma das mais importantes provas velocipédicas mundiais, e muito menos a liderá-la, lembrando que era apenas um dos reservas da Deceuninck-Quick Step, tendo beneficiado das ausências do belga Remco Evenepoel, do holandês Fabio Jakobsen e do italiano Mattia Cattaneo.

João Almeida considerou que “todos os ciclistas que integram o ‘top10’ tem possibilidades de vencer o Giro de 2020, ainda que reconheça ao holandês Wilco Kelderman (Sunweb), segundo classificado, a 30 segundos da liderança, e ao dinamarquês Jakob Fuglsang (Astana), sexto, a 1.01 minutos, maiores possibilidades.