O português Nelson Oliveira (Movistar) chegou hoje a sonhar com a liderança da geral da Volta a Itália em bicicleta, subindo a quarto após a quarta etapa, com João Almeida (Deceuninck-QuickStep) a perder muito tempo.
A vitória foi para Joe Dombrowski (UAE Emirates), de 29 anos, que fez vingar a fuga, cumprindo os 187 quilómetros entre Piacenza e Sestola em 4:58.38 horas.
O norte-americano cortou a meta com 13 segundos de diferença para o italiano Alessandro de Marchi (Israel Start-Up Nation), que ascendeu à liderança da geral, enquanto o italiano Filippo Fiorelli (Bardiani-CSF-Faizanè) foi terceiro, a 27.
Nelson Oliveira fechou no oitavo lugar, a 57, depois de ter chegado a sonhar com a ‘maglia rosa’ antes de ficar para trás em relação aos companheiros de fuga.
Nas contas da geral, o ciclista português subiu ao quarto posto, a 48 segundos do novo líder, que tem em Dombrowski o mais próximo perseguidor, a 22 segundos, com o belga Louis Vervaeke (Alpecin-Fenix) no terceiro lugar, a 42.
Num dia que ‘rebentou’ a luta pela geral, que se desdobrou pela primeira vez à medida que a chuva, o frio e a dureza do percurso, sobretudo nas últimas subidas, fez estragos, foi na fuga que se discutiu o novo ‘maglia rosa’.
Aí, entre os 25 ciclistas que partiram nos primeiros quilómetros, e que se dispuseram à seleção da estrada, estava Nelson Oliveira, a ‘sonhar’ com a geral, por seguir no 11.º posto, a 32 segundos, o melhor registo de todos os fugitivos.
Abaixo, De Marchi tinha idêntico projeto, e também o estónio Rein Taaramäe (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) pensou no mesmo, já que se isolou na frente, lançando um animado jogo de ‘gato e rato’ entre um grupo mais numeroso e um trio na frente.
De Marchi e Dombrowski acabaram por impor a lei, aproveitando a derradeira ascensão, ao Colle Passerino, para alcançar Taaramäe e afastar todos os outros candidatos.
No final, o norte-americano isolou-se para conseguir uma das maiores vitórias da carreira, e a maior na Europa, depois de ter conquistado a Volta ao Utah em 2015, enquanto o italiano lidera a ‘sua’ corrida.
“Estou muito feliz com o dia de hoje. Estava a sentir-me bem nos últimos 50 quilómetros, a tentar poupar-me ao trabalho, sabia que a última subida seria muito dura. Não chegou para a camisola rosa, mas acho que a vitória em etapa é uma boa forma de acabar o dia”, contou o vencedor da etapa.
De Marchi, por seu lado, tinha vencido três etapas na Vuelta mas faltava-lhe liderar a ‘corsa rosa’, a prova “com que todos os ciclistas italianos sonham”, como admitiu no final da tirada, herdando-a de um compatriota, Filippo Ganna (INEOS), que não desafiou as expectativas.
Depois, na luta entre os homens da geral, já há muito João Almeida havia descolado do grupo principal, num dia mau para a Deceuninck-QuickStep, em que só o belga Remco Evenepoel se ‘segurou’ entre os melhores.
Nesse grupo de favoritos, o italiano Giulio Ciccone (Trek-Segafredo) foi o primeiro a fazer soar o alarme, mas foi o ataque do espanhol Mikel Landa (Bahrain Victorious) que fez a diferença: isolou-se e só alguns o acompanharam.
Na meta, a 1.37 minutos do vencedor, chegaram o colombiano Egan Bernal (INEOS), Ciccone, o russo Aleksandr Vlasov (Astana) e o britânico Hugh Carthy (Education First-Nippo), com Evenepoel e o britânico Simon Yates (BikeExchange) a demorarem mais 11 segundos.
Isolando os candidatos à vitória final, Vlasov, sétimo, é o mais bem posicionado, com Evenepoel em oitavo, Carthy em 10.º, e Bernal em 11.º, entre os que estiveram melhor no contrarrelógio de abertura e nos dias que se seguiram e que ‘arriscaram’ hoje.
Se Ruben Guerreiro (Education First-Nippo) subiu ao 35.º posto da geral, a 3.16 do camisola amarela, ao ser 39.º na tirada, João Almeida protagonizou o ‘tombo’ do dia, de quarto para 42.º, já a 5.38 minutos do líder e aparentemente arredado da vitória final, ao perder 5.58 na etapa, em que cortou a meta em 49.º.
O português vinha com o ‘sonho’ de pelo menos igualar o quarto lugar de 2020, quando liderou 15 dias seguidos a corrida, mas parece ter hoje terminado com as dúvidas sobre quem será o chefe de fila da equipa, em favor de Evenepoel.
Na quarta-feira, a quinta etapa liga Modena a Cattolica em 177 quilómetros de traçado plano, propício a uma chegada ao 'sprint'.
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