O ciclista português Rafael Reis mostrou-se hoje “muito contente” pelo ouro no contrarrelógio dos Jogos do Mediterrâneo Oran2022, ao fazer um ‘tempo canhão’ para trazer a quarta medalha para a missão portuguesa.
“Estou bastante contente. Fiquei um pouco nervoso, vi a lista de participantes e esperava um bom resultado, o que para mim era vencer este contrarrelógio, mas fica-se sempre nervoso, e com a responsabilidade acrescida de ser campeão nacional e representar a seleção. É muito bom conseguir esta primeira medalha de ouro”, declarou aos jornalistas, depois de confirmado o triunfo.
No esforço de 25 quilómetros, o campeão nacional da especialidade registou um tempo de 31.28 minutos, à frente do francês Enzo Paleni, segundo, a 50 segundos, e do sérvio Ognjen Ilic, terceiro, a 51.
No espaço de uma semana, são dois ouros para o ciclista – primeiro, nos Nacionais e, agora, em Oran, onde foi o único a baixar dos 32 minutos -, que, depois de cortar a meta, pareceu sempre ‘destinado’ ao lugar mais alto do pódio.
As expectativas recaíam sobre o especialista no dia de hoje, e o outro português em prova, o jovem Fábio Fernandes, foi 11.º, com um tempo de 34.26.
“Na sexta-feira passada, fui campeão nacional de contrarrelógio, a um nível mais alto do que este, pelos participantes, e estou muito orgulhoso por ter conseguido estas duas vitórias no espaço de uma semana”, contou.
A covid-19 estragou-lhe a preparação “a 100%” para este evento e para os Nacionais, onde o nível era outro, com vários corredores portugueses do WorldTour, mas “as coisas acabaram por correr muito bem e dei a volta por cima”.
Antes do ‘crono’, tinha dito que estava ‘farto’ de ser segundo, e numa semana mudou esse paradigma, trazendo o primeiro ouro para a missão portuguesa, e a terceira medalha do ciclismo em Jogos do Mediterrâneo, depois da prata de Domingos Gonçalves na mesma especialidade e do bronze de Rafael Silva no fundo, em Tarragona2018.
“Já ontem [quarta-feira], tinha visto à entrada do prédio na Vila a lista de medalhas, estive a acompanhar. [Pensou:] ‘deixa ver se amanhã está aqui o meu papelinho com o ouro’. É muito bom representar Portugal e conseguir uma medalha de ouro”, admitiu.
O selecionador nacional, José Poeira, viu o seu corredor estar “acima de toda a concorrência”, o que estava dentro das previsões e objetivos, para que trabalharam há mais de um mês, mesmo com o ‘soluço’ da covid-19.
“Agora, melhorámos um pouco em relação há quatro anos. Vamos ver na prova em linha o que vai acontecer. Era um objetivo, mas só se ganha no risco, não há vitórias antecipadas e, às vezes, acontecem coisas inesperadas. É preciso ter respeito pelo adversário”, declarou.
Este ouro “dá motivação aos colegas” para a prova em linha, acrescentou.
É a quarta medalha em Oran2022 para Portugal, depois da prata da equipa masculina de ténis de mesa e dos bronzes da equipa feminina, no mesmo torneio, e de Filipa Martins, nas paralelas assimétricas.
Na prova feminina, a campeã nacional do ‘crono’ e de fundo, Daniela Campos, foi 10.ª, com um tempo de 26.46 minutos, longe dos melhores tempos, e Beatriz Roxo cumpriu os 18 quilómetros em 30.15.
Um problema de saúde recente tem limitado o desempenho de Roxo, que agora aponta aos Europeus de Anadia, enquanto Daniela Campos admitiu que este resultado “não era bem o que esperava”.
“Era um percurso um bocado exigente, pelo sobe e desce que tinha, por começar mais a descer, e a gestão de esforço para voltar para cima. [...] Agora, é preparar para a prova de fundo”, comentou.
Beatriz Roxo, por seu lado, explicou que quer “continuar a trabalhar” e recuperar, já se tendo sentido melhor hoje em relação à Volta a Portugal feminina e aos Nacionais.
A vitória foi para a italiana Vittoria Guazzini, única abaixo dos 25 minutos, com 24.24, seguida da eslovena Eugènie Bujak, com 25.14, e da francesa Cedrine Kerbaol, com 25.52.
As corridas de fundo estão marcadas para sábado, arrancando pelas 10:00, com os 147 quilómetros da corrida masculina, em que entram em ação Fábio Costa, Rafael Reis, Francisco Campos, Luís Gomes e Fábio Fernandes.
Vera Vilaça, Daniela Campos e Beatriz Roxo partem pelas 17:00 para uma prova com 80 quilómetros.
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