O ciclista alemão John Degenkolb (Giant-Shimano) imitou hoje o compatriota Marcel Kittel, ao conquistar a sua quarta vitória na Volta a Espanha, ficando a apenas uma da sua mão cheia de 2012.

Naquela que era, muito provavelmente, a última oportunidade para os homens velozes e um dia sem preocupações para o líder Alberto Contador, o camisola verde mostrou, uma vez mais, que é o sprinter em melhor forma nesta Vuelta, ao bater na meta na Corunha, instalada depois de 190,7 quilómetros desde Ortigeira, o australiano Michael Matthews (Orica-GreenEdge) e o suíço Fabian Cancellara (Trek), em clara preparação para os Mundiais de Ponferrada.

"Pode parecer, mas hoje não foi nada fácil. Tivemos de trabalhar muito, muito, ainda mais do que nos outros dias. Desgastámos todos os corredores para tentar chegar ao sprint", assumiu o gigante alemão que igualou o registo de Marcel Kittel no último Tour.

Cinco vitórias de etapa não foram suficientes para segurar a camisola verde na Vuelta2012 e, por isso, hoje Degenkolb não deu margem a ninguém para lhe retirar a apetecível liderança dos pontos.

"Foi como jogar poker, era preciso manter a calma. A 500 metros da meta ainda havia gente isolada, era preciso confiar e, no final, a estratégia funcionou", acrescentou.

Sem apoio no lançamento do sprint final, uma vez que os membros da Giant-Shimano “estouraram” depois de uma feroz perseguição a Rohan Dennis (BMC) e Elia Favilli (Lampre-Merida), os dois últimos sobreviventes da fuga do dia, apanhados já dentro do último quilómetro, o portento alemão emergiu vitorioso com o tempo de 4:26.07 horas, o mesmo despendido pelos favoritos à geral, com Contador à cabeça, para completar a 17.ª etapa.

Num dia sem grande história, à parte das desistências de Rigoberto Uran (Omega Pharma-Quickstep), o segundo classificado do Giro2014, por doença, e do eterno "top 10" Haimar Zubeldia (Trek), foram os fugitivos a assumirem o destaque da jornada.

A fuga, formada nos primeiros 20 quilómetros por Dennis, Favilli, Bob Jungels (Trek), Luis Mas (Caja Rural) e Daniel Teklehaimanot (MTN-Qhubeka), rapidamente atingiu uma vantagem confortável, poucas vezes superior aos quatro minutos.

Embora condenados à partida, os fugitivos não desistiram, com Dennis e Jungels a mostrarem-se particularmente persistentes, mantendo a distância em dois minutos à entrada nos 25 quilómetros finais.

À perseguição movida pela Orica-GreenEdge e a Giant-Shimano juntou-se, na parte final, a Sky, preocupada em manter na frente Chris Froome, o terceiro da geral, no percurso de sobe e desce dentro da Corunha. Sempre atento, Contador colou-se-lhe à roda, com as duas figuras a serem engolidas pelos comboios do sprint nos quilómetros finais, para que tudo continuasse igual na geral.

Entre os portugueses, André Cardoso, ainda a recuperar das mazelas de uma queda no domingo, foi o melhor, na 52.ª posição, a 22 segundos do vencedor, e promete tentar uma aventura nos próximos dias.

"As sensações hoje foram boas e estou novamente pronto para a guerra”, disse à Lusa o ciclista da Garmin-Sharp, que é 30.º da geral, assumindo que na quinta-feira pode tentar a sua sorte: "As fugas têm sido uma loucura constante. É quase como jogar a lotaria, mas se não estiver dentro do jogo é que nunca me sai a mim".

Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo), que na quinta-feira terá novo dia de trabalho para o líder Contador, na 18.ª etapa, que vai ligar A Estrada a Monte Castrove (uma contagem de segunda categoria, no final de 157 quilómetros), foi 130.º na etapa, a 02.37 minutos, e ocupa a 63.ª posição, a 01:54.37 horas do espanhol.